quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Em tempos de natal...

Redescobrindo o Jesus histórico: as evidências a favor de Jesus

William Lane Craig


Cinco razões são apresentados para se pensar que críticos que aceitam a credibilidade histórica dos relatos sobre Jesus, no Evangelho, não possuem um especial ônus da prova relativo aos críticos mais céticos. Em seguida, a historicidade de alguns aspectos específicos da vida de Jesus é abordada, incluindo Seu próprio conceito radical de ser o divino Filho de Deus, Seu papel como realizador de milagres e Sua ressurreição dentre os mortos.
Originalmente publicado como: "Rediscovering the Historical Jesus: The Evidence for Jesus", Faith and Mission 15 (1998): 16-26. Texto reproduzido na íntegra em: reasonablefaith.org/site/News2?page=NewsArticle&id=5207. Trad. Djair Dias Filho (abr.- maio/2009).
No último texto, vimos que os documentos do Novo Testamento são as fontes históricas mais importantes para Jesus de Nazaré. Os chamados evangelhos apócrifos são falsificações que surgiram muito depois e são, na maior parte, elaborações a partir dos Quatro Evangelhos do Novo Testamento.
Isso não significa que não existem fontes além da Bíblia que se referem a Jesus. Existem. Faz-se referência a Ele em escritos pagãos, judaicos e cristãos, todos fora do Novo Testamento. O historiador judeu Josefo é especialmente interessante. Nas páginas de suas obras, pode-se ler sobre personagens neotestamentárias como os sumos sacerdotes Anás e Caifás, o governador romano Pôncio Pilatos, o rei Herodes, João Batista, e até mesmo o próprio Jesus e seu irmão Tiago. Tem havido, também, interessantes descobertas arqueológicas igualmente reportando-se aos Evangelhos. Por exemplo, em 1961, a primeira evidência arqueológica concernente a Pilatos foi desenterrada na cidade de Cesaréia; era uma inscrição de uma dedicação contendo o nome e o título de Pilatos. Ainda mais recentemente, em 1990, o verdadeiro túmulo de Caifás, o sumo sacerdote que presidiu ao julgamento de Jesus, foi descoberto ao sul de Jerusalém. Realmente, o túmulo sob a Igreja do Santo Sepulcro em Jerusalém é, com toda probabilidade, o túmulo em que o próprio Jesus foi colocado por José de Arimatéia, após a crucificação. De acordo com Luke Johnson, estudioso neotestamentário da Universidade Emory,
Até mesmo o historiador mais crítico pode confiantemente afirmar que um judeu chamado Jesus viveu como um mestre e operador de milagres na Palestina, durante o reinado de Tibério, foi executado por crucificação sob o prefeito Pôncio Pilatos e continuou a ter seguidores após sua morte.1
Ainda assim, se queremos quaisquer detalhes sobre a vida e os ensinamentos de Jesus, devemos nos voltar para o Novo Testamento. Fontes extrabíblicas confirmam o que lemos nos Evangelhos, mas não nos dizem realmente algo novo. A questão, portanto, deve ser: quão confiáveis historicamente são os documentos do Novo Testamento?


Ônus da prova
Aqui, confrontamos a questão crucial do ônus da prova. Deveríamos supor que os Evangelhos são confiáveis a menos que sejam provados como não confiáveis? Ou deveríamos supor que os Evangelhos não são confiáveis até que sejam provados como confiáveis? Eles são inocentes até que se prove serem culpados ou culpados até que se prove serem inocentes? Os estudiosos céticos quase sempre supõem que os Evangelhos são culpados até que se prove serem inocentes, isto é, consideram que os Evangelhos não são confiáveis a menos e até que se prove que estão corretos quanto a algum fato particular. Não estou exagerando: esse é realmente o procedimento dos críticos céticos.
Mas eu quero listar cinco razões de por que eu penso que deveríamos supor que os Evangelhos são confiáveis até que se prove estarem errados:
1. Não houve tempo suficiente para influências lendárias eliminarem os fatos históricos. O intervalo de tempo entre os próprios eventos e o registro deles nos Evangelhos é muito curto para ter permitido que a memória do que tinha ou não acontecido realmente fosse apagada.
2. Os Evangelhos não são análogos a contos de fada ou "lendas urbanas" contemporâneas. Contos como os de Paul Bunyan e Pecos Bill ou lendas urbanas contemporâneas como a do "caroneiro fantasma" raramente concernem a indivíduos históricos individuais e são, assim, não análogos às narrativas evangélicas.
3. A transmissão judaica de tradições sagradas era altamente desenvolvida e confiável. Em uma cultura oral como aquela da Palestina do século I, a habilidade de memorizar e reter longos tratados de tradição oral era altamente prezada e desenvolvida. Desde pequenas, as crianças no lar, no ensino primário, e na sinagoga eram ensinadas a memorizar fielmente a tradição sagrada. Os discípulos teriam exercitado cuidado semelhante com os ensinos de Jesus.
4. Havia significantes restrições ao embelezamento de tradições sobre Jesus, como, por exemplo, a presença de testemunhas oculares e a supervisão dos apóstolos. Uma vez que aqueles que tinham visto e ouvido Jesus continuaram a viver e a tradição sobre Jesus permaneceu sob a supervisão dos apóstolos, esses fatores atuariam como uma verificação natural às tendências a elaborar os fatos em uma direção contrária à preservada por aqueles que tinham conhecido Jesus.
5. Os escritores dos Evangelhos tinham um comprovado registro de confiabilidade histórica.
Não tenho tempo suficiente para falar sobre todos esses pontos. Então, deixe-me dizer algo sobre o primeiro e o último.
1. Não houve tempo suficiente para influências lendárias eliminarem os fatos históricos. Nenhum estudioso moderno pensa nos Evangelhos como mentiras descaradas, o resultado de uma conspiração em massa. O único lugar em que se pode encontrar tais teorias da conspiração é em literatura sensacionalista popular ou em antiga propaganda por detrás da Cortina de Ferro. Quando se lêem as páginas do Novo Testamento, não há dúvida de que aquelas pessoas sinceramente acreditavam na verdade do que proclamavam. Em vez disso, desde o tempo de D. F. Strauss, estudiosos céticos têm explicado os Evangelhos como lendas. Como a brincadeira do telefone sem-fio, enquanto as histórias sobre Jesus foram transmitidas ao longo das décadas, elas foram desordenadas e exageradas e mitologizadas, até que os fatos originais fossem todos perdidos. O sábio andarilho judeu foi transformado no divino Filho de Deus.
Um dos principais problemas com a hipótese da lenda, contudo, que quase nunca é endereçado por críticos céticos, é que o tempo entre a morte de Jesus e a redação dos Evangelhos é simplesmente muito curto para que isso acontecesse. Esse ponto foi bem explicado por A. N. Sherwin-White, em seu livro Roman Society and Roman Law in the New Testament2 [Sociedade Romana e Lei Romana no Novo Testamento]. O doutor Sherwin-White não é teólogo; ele é um historiador profissional sobre as épocas anteriores e contemporâneas a Jesus. De acordo com Sherwin-White, as fontes para a história romana e grega são freqüentemente tendenciosas e deslocadas uma ou duas gerações ou mesmo séculos em relação aos eventos que registram. Apesar disso, diz ele, os historiadores reconstroem com confiança o curso da história romana e grega. Por exemplo, as duas mais primitivas biografias de Alexandre Magno foram escritas por Ariano e Plutarco mais de quatrocentos anos depois da morte de Alexandre, e mesmo assim os historiadores clássicos ainda as consideram como fidedignas. As fabulosas lendas sobre Alexandre Magno não se desenvolveram até os séculos após esses dois escritores. De acordo com Sherwin-White, os escritos de Heródoto nos permitem determinar a velocidade com que a lenda se acumula, e os testes mostram que mesmo duas gerações é duração de tempo muito curta para permitir que tendências lendárias destruam o núcleo de fatos históricos. Quando o doutor Sherwin- White se volta para os Evangelhos, ele declara que, para que os Evangelhos sejam lendas, a velocidade de acúmulo lendário teria de ser "inacreditável". Mais gerações seriam necessárias.
De fato, adicionar-se um espaço de tempo de duas gerações à morte de Jesus leva ao século II, bem quando os Evangelhos apócrifos começam a aparecer. Eles contêm todos os tipos de histórias fabulosas sobre Jesus, tentando preencher os anos entre Sua infância e o começo de Seu ministério, por exemplo. Essas são as lendas óbvias procuradas pelos críticos, não os Evangelhos bíblicos.
Esse ponto se torna ainda mais devastador para o ceticismo quando recordamos que os próprios Evangelhos usam fontes que remontam a ainda mais perto aos eventos da vida de Jesus. Por exemplo, a história do sofrimento e morte de Jesus, comumente chamado de a História da Paixão, foi provavelmente não originalmente escrito por Marcos. Em vez disso, Marcos usou uma fonte para essa narrativa. Uma vez que Marcos é o Evangelho mais primitivo, sua fonte deve ser mais primitiva ainda. De fato, Rudolf Pesch, alemão especialista em Marcos, diz que a fonte da Paixão deve remontar a, pelo menos, 37 A.D., apenas sete anos após a morte de Jesus3.
Ou, novamente, Paulo, em suas cartas, transmite informações concernentes a Jesus sobre Seu ensino, Sua Última Ceia, Sua traição, crucificação, sepultamento e aparições da ressurreição. As cartas de Paulo foram escritas até mesmo antes dos Evangelhos, e algumas de suas informações, como, por exemplo, o que transmite em sua primeira carta à igreja de Corinto sobre as aparições da ressurreição [I Co 15:3-8], têm sido datadas dentro dos cinco anos após a morte de Jesus. Torna-se simplesmente irresponsável falar de lendas em tais casos.
5. Os escritores dos Evangelhos tinham um comprovado registro de confiabilidade histórica. Novamente, tenho tempo somente para observar um exemplo: Lucas. Lucas foi o autor de uma obra em duas partes: o Evangelho de Lucas e os Atos dos Apóstolos. Estes são, na verdade, uma só obra, e são separados em nossas Bíblias somente porque a igreja agrupou em conjunto os Evangelhos no Novo Testamento. Lucas é o escritor evangélico que escreve mais autoconscientemente como historiador. No prefácio a sua obra, ele escreve:
Tendo, pois, muitos empreendido pôr em ordem a narração dos fatos que entre nós se cumpriram, segundo nos transmitiram os mesmos que os presenciaram desde o princípio, e foram ministros da palavra, pareceu-me também a mim conveniente descrevê-los a ti, ó excelente Teófilo, por sua ordem, havendo-me já informado minuciosamente de tudo desde o princípio; para que conheças a certeza das coisas de que já estás informado.
Este prefácio está escrito em terminologia do grego clássico como a que era usada por historiadores gregos; depois disso, Lucas muda para um grego mais comum. Mas ele colocou em alerta seu leitor de que ele pode escrever, se desejasse fazê-lo, como um erudito historiador. Ele fala de sua extensa investigação da história que está prestes a contar e assegura-nos de que é baseada em informações de testemunhas oculares e está de acordo com a verdade.
Ora, quem era esse escritor que chamamos de Lucas? Ele, claramente, não era testemunha ocular da vida de Jesus. Mas descobrimos sobre ele um fato importante, a partir do livro de Atos. Iniciando no capítulo dezesseis de Atos, quando Paulo chega a Trôade, na moderna Turquia, o autor repentinamente começa a usar a primeira pessoa do plural: "navegando de Trôade, fomos em linha reta para a Samotrácia", "de lá fomos para Filipos", "saímos da cidade para a beira do rio, onde julgávamos haver um lugar de oração", etc. A explicação mais óbvia é que o autor se unira a Paulo em sua viagem evangelística pelas cidades mediterrâneas. No capítulo 21, ele acompanha Paulo de volta à Palestina e, finalmente, a Jerusalém. Isso significa que o escritor de Lucas-Atos estava, na realidade, em contato direto com as testemunhas oculares da vida e ministério de Jesus em Jerusalém. Críticos céticos têm feito acrobacias para evitar essa conclusão. Dizem que o uso de primeira pessoa do plural em Atos não deveria ser tomado literalmente; é apenas um dispositivo literário comum nas histórias antigas de viagens marítimas. Não tem importância muitas das passagens em Atos não serem sobre viagens marítimas de Paulo, mas ocorrerem em terra! O ponto mais importante é que essa teoria, quando verificada, transforma-se em pura fantasia.4 Simplesmente, não havia qualquer dispositivo literário de viagens marítimas em primeira pessoa do plural — tem-se mostrado que tudo isso não passa de ficção acadêmica! Não há como evitar a conclusão de que Lucas-Atos foi escrito por um viajante companheiro de Paulo que teve a oportunidade de entrevistar testemunhas oculares da vida de Jesus enquanto ele esteve em Jerusalém. Quem eram algumas dessas testemunhas? Talvez, podemos ter alguma sugestão ao subtrair do Evangelho de Lucas tudo que é encontrado nos outros evangelhos, e ver o que é peculiar a Lucas. O que se descobre é que muitas das narrativas peculiares a Lucas são conectadas a mulheres que seguiram Jesus: pessoas como Joana e Suzana e, significativamente, Maria, mãe de Jesus.
Seria o autor confiável, tendo obtido os fatos diretamente? O livro de Atos nos permite responder decisivamente a essa questão. O livro de Atos sobrepõe-se significativamente com a história secular do mundo antigo, e a exatidão histórica de Atos é indiscutível. Isso foi recentemente demonstrado, novamente, por Colin Hemer, estudioso clássico que se voltou para os estudos neotestamentários, em seu livro The Book of Acts in the Setting of Hellenistic History [O Livro de Atos no Contexto da História Helenística].5 Hemer vasculha o livro de Atos com um pente fino, tirando dele uma riqueza de conhecimento histórico, percorrendo desde o que seria conhecimento comum até detalhes que somente uma pessoa local saberia. Incessantemente, a precisão de Lucas é demonstrada: desde as navegações da frota alexandrina ao terreno costeiro das ilhas mediterrâneas até os peculiares títulos oficiais locais, Lucas está correto. De acordo com o professor Sherwin-White, "para Atos, a confirmação de historicidade é esmagadora. Qualquer tentativa de rejeitar sua historicidade básica, mesmo em questões de detalhe, agora parece absurda"6. O julgamento de Sir William Ramsay, o mundialmente famoso arqueólogo, ainda permanece: "Lucas é historiador de primeira categoria... Esse autor deveria ser colocado ao lado dos maiores dentre os historiadores"7. Dado o cuidado de Lucas e a demonstrada confiabilidade, bem como o contato dele com testemunhas oculares dentro da primeira geração após os eventos, esse escritor é fidedigno.
Com base nas cinco razões que listei, temos justificativas para aceitar a confiabilidade histórica do que os Evangelhos afirmam sobre Jesus, a menos que sejam provados como errados. No mínimo, não podemos pressupor que são errados até que sejam provados corretos. A pessoa que nega a confiabilidade dos Evangelhos deve levar o ônus da prova.

Aspectos específicos da vida de Jesus
Ora, pela própria natureza do argumento, será impossível dizer muito mais além do que isso para provar que certas histórias nos Evangelhos são historicamente verdadeiras. Como se pode provar, por exemplo, a história da visita de Jesus a Maria e Marta? Tem-se aqui uma história contada por um autor confiável, em posição de saber e sem razões para duvidar da historicidade da narrativa. Não há muito mais a dizer.
Entretanto, para muitos dentre os eventos-chave nos Evangelhos, muito mais pode ser dito. O que eu gostaria de fazer no momento é empregar alguns importantes aspectos de Jesus nos Evangelhos e falar algo a respeito da credibilidade histórica deles.
1. O autoconceito radical de Jesus como Filho de Deus. Críticos radicais negam que o Jesus histórico pensou acerca de Si mesmo como o divino Filho de Deus. Dizem que, após a morte de Jesus, a igreja primitiva reivindicou que ele dissera tais coisas, conquanto não o tivesse.
O grande problema com essa hipótese é que é inexplicável como judeus monoteístas poderiam ter atribuído divindade a um homem que conheceram, se ele jamais tivesse, por si mesmo, reivindicado qualquer dessas coisas. O monoteísmo é a essência da religião judaica, e seria blasfemo dizer que um ser humano era Deus. Porém, é precisamente o que os cristãos mais primitivos proclamavam e acreditavam sobre Jesus. Tal afirmação deve estar enraizada no próprio ensinamento de Jesus.
E, na realidade, a maioria dos estudiosos acredita que, entre as palavras historicamente autênticas de Jesus — essas são as palavras que nos evangelhos que o Jesus Seminar imprimiria em vermelho —, há afirmações que revelam a autocompreensão divina que Ele tinha. Alguém pode fazer uma palestra inteira somente sobre esse ponto; mas permita-me focalizar no autoconceito de Jesus como sendo o divino e singular Filho de Deus.
A radical autocompreensão de Jesus é revelada, por exemplo, em Sua parábola dos ímpios lavradores da vinha. Mesmo estudiosos céticos admitem a autenticidade dessa parábola, já que também é encontrada no Evangelho de Tomé, uma das fontes favoritas deles. Nessa parábola, o proprietário da vinha envia servos aos lavradores da vinha para colherem o fruto dela. A vinha simboliza Israel, o proprietário é Deus, os lavradores são os líderes religiosos judeus, e os servos são profetas enviados por Deus. Os lavradores espancaram e rejeitaram os servos do proprietário. Finalmente, o proprietário diz: "Mandarei meu filho amado, unigênito. A ele ouvirão". Em vez disso, os lavradores mataram o filho, porque ele era o herdeiro da vinha. Ora, o que essa parábola nos diz sobre a autocompreensão de Jesus? Ele pensava de Si mesmo como o especial filho de Deus, distinto de todos os profetas, o mensageiro último de Deus, e mesmo o herdeiro de Israel. Esse não era um mero andarilho judeu!
A autoconcepção de Jesus como filho de Deus tem expressão explícita em Mateus 11.27: "Todas as coisas me foram entregues pelo Pai; e ninguém conhece o Filho, senão o Pai; e ninguém conhece o Pai, senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar". Novamente, há bons motivos para se considerar este como um autêntico dito do Jesus histórico. É retirado de uma antiga fonte que era compartilhada por Mateus e Lucas, chamada por estudiosos de documento Q. Ademais, é improvável que a Igreja inventou esse dito, porque diz que o Filho é incognoscível — "ninguém conhece o Filho, senão o Pai" —, mas para a Igreja pós-Páscoa nós podemos conhecer o Filho. Então, esse dito não é o produto de teologia tardia da Igreja. O que ele nos diz sobre a autoconcepção de Jesus? Ele pensava de Si mesmo como o exclusivo e absoluto Filho de Deus e a única revelação de Deus à humanidade! Não se engane: se Jesus não era quem disse ser, era ela mais louco do que David Koresh e Jim Jones juntos8!
Por último, quero considerar mais um dito de Jesus, quando falou sobre a data de Sua segunda vinda em Marcos 13.32. "Quanto, porém, ao dia e à hora, ninguém sabe, nem os anjos no céu nem o Filho, senão o Pai". Esse é um autêntico dito do Jesus histórico, pois a igreja posterior, que considerava Jesus como divino, jamais teria inventado um dito atribuindo conhecimento limitado ou ignorância a Jesus. Mas aqui Jesus diz que não sabia do tempo de Seu retorno. Então, o que aprendemos dessa afirmação? Ela não somente revela a consciência de Jesus de ser o único Filho de Deus, mas apresenta-nos com uma escala ascendente, a partir dos homens até os anjos, passando pelo Filho até o Pai, uma escala em que Jesus transcende qualquer ser humano ou angelical. Isso é realmente incrível! Porém, é nisso que o Jesus histórico acreditava. E essa é apenas uma faceta da autocompreensão de Jesus. C. S. Lewis estava certo, quando disse:
Um homem que fosse somente um homem e dissesse as coisas que Jesus disse não seria um grande mestre da moral. Seria um lunático — no mesmo grau de alguém que pretendesse ser um ovo cozido — ou então o diabo em pessoa. Faça a sua escolha. Ou esse homem era, e é, o Filho de Deus, ou não passa de um louco ou coisa pior. Você pode querer calá-lo por ser um louco, pode cuspir nele e matá-lo como a um demônio; ou pode prosternar-se a seus pés e chamá-lo de Senhor e Deus. Mas que ninguém venha, com paternal condescendência, dizer que ele não passou de um grande mestre humano. Ele não nos deixou essa opção, e não quis deixá-la.9
2. Os milagres de Jesus. Mesmo os críticos mais céticos não podem negam que o Jesus histórico realizou ministério de operação de milagres e exorcismo. Rudolf Bultmann, um dos estudiosos mais céticos que este século pôde ver, escreveu em 1926:
A maioria das histórias de milagres contidos nos Evangelhos é lendária, ou ao menos vestida com lendas. Mas não pode haver dúvida de que Jesus fez tais obras, que eram, no entendimento dele e de seus contemporâneos, milagres, isto é, ações resultantes de causalidade divina, sobrenatural. Sem dúvida, ele curou os doentes e expulsou demônios.10
Na época de Bultmann, pensava-se que as histórias de milagres foram influenciadas por histórias de heróis mitológicos e, portanto, ao menos em parte eram lendárias. Mas, atualmente, reconhece-se que a hipótese de influência mitológica estava historicamente incorreta. Craig Evans, conhecido estudioso sobre Jesus, diz que a "noção antiga" de que as histórias de milagres foram produto de ideias de homens caracterizadas pelo mitológico "tem sido amplamente abandonada"11. Ele diz: "Não mais se contesta seriamente que os milagres tiveram um papel no ministério de Jesus". A única razão que resta para negar que Jesus realizou milagres literais é a pressuposição do antissobrenaturalismo, que é simplesmente injustificada.
3. O julgamento e crucificação de Jesus. De acordo com os Evangelhos, Jesus foi condenado pela suprema corte judaica, sob acusação de blasfêmia, e então entregue aos romanos para execução, por Seu ato de traição ao colocar-Se como Rei dos Judeus. Esses fatos não são confirmados somente por fontes bíblicas independentes como Paulo e os Atos dos Apóstolos, mas também por fontes extrabíblicas. De Josefo e Tácito, aprendemos que Jesus foi crucificado pelas autoridades romanas sob sentença de Pôncio Pilatos. De Josefo e Mara bar Serapião, aprendemos que os líderes judeus fizeram acusação formal contra Jesus e participaram dos eventos que O levaram à crucificação. E do Talmude Babilônico, Sinédrio 43a, aprendemos que o envolvimento judeu no julgamento era explicado como a atitude adequada contra um herege. Conforme Johnson, "o apoio para o modo de sua morte, seus agentes, e talvez coagentes, é esmagador: Jesus encarou julgamento antes de sua morte, foi condenado e executado por crucificação"12. A crucificação de Jesus é reconhecida até mesmo pelo Jesus Seminar como "fato indiscutível"13.
Mas isso levanta uma questão muito enigmática: por que Jesus foi crucificado? Como vimos, a evidência indica que Sua crucificação foi instigada por causa de Suas afirmações blasfemas, que para os romanos soariam como traidoras. É por isso que Ele foi crucificado, nas palavras da plaqueta que foi pregada à cruz, acima de Sua cabeça, como "O Rei dos Judeus". Mas se Jesus fosse apenas um andarilho, um filósofo cínico, apenas um liberal contestador social, como afirma o Jesus Seminar, então Sua crucificação se torna inexplicável. Como o doutor Leander Keck, da Universidade Yale, disse: "A ideia de que esse cínico judeu (e seus doze hippies), com seu comportamento e aforismos, era uma séria ameaça à sociedade soa mais como presunção de acadêmicos alienados do que sólido julgamento histórico"14. O estudioso de Novo Testamento John Meier é igualmente direto. Ele diz que um insosso Jesus que saía falando parábolas e dizendo às pessoas para olharem os lírios do campo — "tal Jesus", ele diz, "não ameaçaria ninguém, assim como professores universitários que o criam não ameaçam ninguém"15. O Jesus Seminar criou um Jesus que é incompatível com o fato indiscutível de Sua crucificação.
4. A ressurreição de Jesus. Parece-me que há quatro fatos estabelecidos que constituem evidência indutiva para a ressurreição de Jesus:
Fato 1: Após a crucificação, Jesus foi sepultado por José de Arimatéia no túmulo. Esse fato altamente considerável, pois significa que o local do túmulo de Jesus era conhecido por judeus e cristãos, indistintamente. Nesse caso, torna-se inexplicável como a crença em Sua ressurreição poderia surgir e florescer diante de um túmulo contendo Seu cadáver. De acordo com o falecido John A. T. Robinson, da Universidade de Cambridge, o honrável sepultamento de Jesus é um dos "mais primitivos e mais bem atestados fatos sobre Jesus"16.
Fato 2: Na manhã de domingo seguinte à crucificação, o túmulo de Jesus foi encontrado vazio por um grupo de seguidoras. De acordo com Jakob Kremer, especialista austríaco na ressurreição, "de longe, a maioria dos exegetas sustentam firmemente a confiabilidade das afirmações bíblicas concernentes ao túmulo vazio"17. Como indica D. H. van Daalen, "é extremamente difícil objetar ao túmulo vazio com bases históricas; aqueles que o negam, fazem-no com base em suposições teológicas ou filosóficas"18.
Fato 3: Em múltiplas ocasiões e em variadas circunstâncias, diferentes indivíduos e grupos de pessoas tiveram experiências de aparições de Jesus vivo dentre os mortos. Esse é um fato quase universalmente reconhecido entre estudiosos de Novo Testamento, atualmente. Mesmo Gerd Lüdemann, talvez o mais proeminente crítico atual da ressurreição, admite: "Pode-se tomar como historicamente certo que Pedro e os discípulos tiveram experiências após a morte de Jesus nas quais Jesus apareceu a eles como o Cristo ressurreto"19.
Por último, o fato 4: os discípulos acreditavam que Jesus fora ressuscitado dentre os mortos, a despeito de terem todos os motivos para não crer. Apesar de terem toda a predisposição para o contrário, é fato histórico inegável que os discípulos originais criam em, proclamavam e estavam dispostos a morrerem por causa da ressurreição de Jesus. C. F. D. Moule, da Universidade de Cambridge, conclui que temos, nesse caso, uma crença a qual nada, em termos de influências históricas prévias, pode explicar — exceto a própria ressurreição20.
Portanto, qualquer historiador responsável que procura dar explicações ao assunto deve lidar com esses quatro fatos independentemente estabelecidos: o honrável sepultamento de Jesus, a descoberta de Seu túmulo vazio, Suas aparições como vivo, após a morte, e a própria origem da crença dos discípulos em Sua ressurreição e, portanto, do próprio Cristianismo. Quero enfatizar que esses quatro fatos representam não as conclusões de estudiosos conservadores — nem citei estudiosos conservadores —, mas representam, pelo contrário, a visão majoritária da erudição neotestamentária, atualmente. A questão é: como melhor se explicam esses fatos?
Ora, isso coloca o crítico cético em uma situação um tanto quanto desesperadora. Por exemplo, algum tempo atrás, tive um debate com certo professor da Universidade da Califórnia, Irvine, acerca da historicidade da ressurreição de Jesus. Ele havia escrito sua dissertação doutoral sobre o assunto e estava meticulosamente familiarizado com as evidências. Ele não poderia negar os fatos do honrável sepultamento de Jesus, Seu túmulo vazio, Suas aparições pós-morte, e a origem da crença dos discípulos em Sua ressurreição. Portanto, o único recurso dele era oferecer explicação alternativa para esses fatos. Assim, ele argumentou que Jesus tinha um desconhecido irmão gêmeo idêntico que foi separado dele no nascimento, voltou para Jerusalém exatamente no período da crucificação, roubou o corpo de Jesus da sepultura, e apresentou-se aos discípulos, que por engano inferiram que Jesus ressuscitara dentre os mortos! Ora, não mostrarei como refutei a teoria dele, mas acho que tal teoria é instrutiva, por mostrar até que distâncias desesperadas o ceticismo deve ir a fim de negar a historicidade da ressurreição de Jesus. De fato, as evidências são tão poderosas que um dos principais teólogos judeus da atualidade, Pinchas Lapide, declarou-se convencido, com base nas evidências, de que o Deus de Israel ressuscitou Jesus dentre os mortos!21

Conclusão
Em resumo, os Evangelhos não são documentos fidedignos somente de maneira geral, mas quando observamos alguns dos mais importantes aspectos de Jesus nos Evangelhos, como Suas radicais afirmações pessoais, Seus milagres, Seu julgamento e crucificação e Sua ressurreição, a veracidade histórica disso tudo irradia. Deus agiu na história, e podemos saber disso.
 Notas
1 Luke Timothy Johnson, The Real Jesus (São Francisco: Harper San Francisco, 1996), p. 123.
2 A. N. Sherwin-White, Roman Society and Roman Law in the New Testament (Oxford: Clarendon Press, 1963), pp. 188-91.
3 Rudolf Pesch, Das Markusevangelium, 2 vols., Herders Theologischer Kommentar zum Neuen Testament 2 (Freiburg: Herder, 1976-77), 2: 519-20.
4 Veja a discusão em Colin J. Hemer, The Book of Acts in the Setting of Hellenistic History, ed. Conrad H. Gempf, Wissenschaftliche Untersuchungen zum Neuen Testament 49 (Tübingen: J. C. B. Mohr, 1989), cap. 8.
5 Ibid., capítulos 4 e 5.
6 Sherwin-White, Roman Society, p. 189.
7 William M. Ramsay, The Bearing of Recent Discovery on the Trustworthiness of the New Testament (Londres: Hodder & Stoughton, 1915), p. 222.
8 David Koresh e Jim Jones foram líderes religiosos que levaram suas seitas ao suicídio coletivo. (N. do T.)
9 C. S. Lewis, Cristianismo Puro e Simples, trad. Álvaro Oppermann e Marcelo Brandão Cipolla (São Paulo: Martins Fontes, 2005), pp. 69, 70.
10 Rudolf Bultmann, Jesus (Berlin: Deutsche Bibliothek, 1926), p. 159.
11 Craig Evans, "Life-of-Jesus Research and the Eclipse of Mythology", Theological Studies 54 (1993): 18, 34.
12 Johnson, Real Jesus, p. 125.
13 Robert Funk, fita de vídeo do Jesus Seminar.
14 Leander Keck, "The Second Coming of the Liberal Jesus?", Christian Century (Agosto, 1994), p. 786.
15 John P. Meier, A Marginal Jew, vol. 1: The Roots of the Problem and the Person, Anchor Bible Reference Library (New York: Doubleday, 1991), p. 177.
16 John A. T. Robinson, The Human Face of God (Filadélfia: Westminster, 1973), p. 131.
17 Jakob Kremer, Die Osterevangelien--Geschichten um Geschichte (Stuttgart: Katholisches Bibelwerk, 1977), pp. 49-50.
18 D. H. Van Daalen, The Real Resurrection (Londres: Collins, 1972), p. 41.
19 Gerd Lüdemann, What Really Happened to Jesus?, trad. John Bowden (Louisville, Kent.: Westminster John Knox Press, 1995), p. 80.
20 C. F. D. Moule and Don Cupitt, "The Resurrection: a Disagreement", Theology 75 (1972): 507-19.
21 Pinchas Lapide, The Resurrection of Jesus, trad. Wilhelm C. Linss (Londres: SPCK, 1983).

© William Lane Craig


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terça-feira, 11 de novembro de 2014

vida sempre viva!



Antigamente se sacrificava crianças a um deus chamado Moloque... hoje se faz sacrifícios a um deus chamado conveniência!   


quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Teologia inclusiva - uma resposta a luz da bíblia

TEOLOGIA INCLUSIVA - UMA RESPOSTA À À LUZ DA BÍBLIA HÁ COMPATIBILIDADE ENTRE CRISTIANISMO E HOMOSSEXUALIDADE?   PR ROBERTO CRUVINEL



TEOLOGIA INCLUSIVA - UMA RESPOSTA  À LUZ DA BÍBLIA

HÁ COMPATIBILIDADE ENTRE CRISTIANISMO E HOMOSSEXUALIDADE?



INTRODUÇÃO




Tenho sido instado com bastante frequência nos debates em que participo falando sobre esse assunto a responder acerca das questões envolvendo o comportamento homossexual e o cristianismo. Já algumas vezes ouvi defesas dizendo que Deus em seu infinito amor compreende, ama e aceita o comportamento homossexual, portanto é propósito de Deus (segundo os defensores dessa linha de pensamento), ter uma igreja inclusiva, que aceite a prática da homossexualidade. Realmente Deus ama a todas as pessoas1 e a Bíblia diz que Ele é amor e aquele que não ama não conhece a Deus porque Deus é amor2. Todavia essa não é toda a verdade e a mentira mais perigosa é aquela que mais se parece com a verdade. Embora o amor de Deus seja inquestionável vemos também no texto bíblico como Deus abomina o pecado e ser humano será responsabilizado por seus atos3. Aliás, a própria etimologia da palavra pecado vem do grego a(martia (hamartia) que significa literalmente “perder a marca”... É o termo mais abrangente para se referir à obliquidade moral.4 O Dicionário do Novo Testamento Grego5 define a(martia como: “... estado da alma ou mente, princípio ou atitude pecaminosa, agregado de pecados cometidos por uma pessoa, pecado como um princípio e um poder, ofensa, violação da lei divina;...”.

Se, segundo a Bíblia, a pratica da homossexualidade for considerada como pecado certamente não haveria compatibilidade entre cristianismo e essa prática como outros pecados citados nas Escrituras.

Uma outra questão a ser tratada é: “A Bíblia revela um evangelho inclusivo ou transformador?”

A primeira mensagem de Jesus fala claramente sobre isso:


ACF Mc 1:15 E dizendo: O tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo. Arrependei-vos, e crede no evangelho.


1 João 3.16

2 1 João 4.8

3 Ezequiel 18.4; Romanos 6.23; Gl 6.7

4 VINE, W. E. – MERRIL, F. Unger – WILLIAM, White Jr – Dicionário Vine - pg 858 - CPAD

5 TAYLOR, W. C. – Dicionário do Novo Testamento Grego – pg 17 - JUERP

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ARA Mc 1:15 dizendo: O tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo; arrependei-vos e crede no evangelho.

ARC Mc 1:15 e dizendo: O tempo está cumprido, e o Reino de Deus está próximo. Arrependei-vos e crede no evangelho.

SBP Mc 1:15 e dizia: "É chegada a hora! O reino de Deus está próximo. Arrependam-se dos pecados e creiam nesta boa nova."

Mc 1:15 kai. le,gwn o[ti peplh,rwtai o` kairo.j kai. h;ggiken h` basilei,a tou/ qeou/\ metanoei/te kai. pisteu,ete evn tw/| euvaggeli,w|Å


O verbo grego metanoei/te 6 relaciona-se com o substantivo grego meta,noia que, segundo o Dicionário Bíblico do Novo Testamento, significa: “... a mudança profunda e radical da mente, incluindo as faculdades de percepção, compreensão, emoções, juízo e vontade, que o Espírito de Deus opera no homem, na experiência da salvação; quase sinônimo de regeneração; arrependimento;”.

Então a teologia inclusiva ou qualquer outra não pode escolher o que é pecado ou não e se for cristianismo deve ser subserviente ao que diz o texto bíblico quando não uma dúvida razoável quanto ao seu significado.

Certo é que, segundo a Teologia Tradicional, que ensina arrependimento de pecados e a necessidade de transformação, a Bíblia é a Palavra de Deus e ensina que:


ARA 2 Co 5:17 E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas.

ARC 2 Co 5:17 Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo.

Observem nesse texto o condicional. “Se é que está em Cristo.... então as coisas velhas já passaram.”




OBRAS CRISTÃS

Antes de analisar alguns textos que tratam sobre a homossexualidade apresento, ainda que de modo resumido, o que encontrei sobre o assunto em textos produzidos por outros autores cristãos uma vez que o assunto é entendido sob aspectos de doutrina e fé.

·      ENCICLOPÉDIA HISTÓRICO-TEOLÓGICA DA IGREJA CRISTÃ7 -
HOMOSSEXUALISMO Desejo sexual de uma pessoa dirigido a membros do mesmo

sexo. O homossexualismo feminino é frequentemente chamado de lesbianismo, originário de Lesbos, onde morava a poetisa grega Safo (reputada como homossexual), por volta de 600 a.C. Tradicionalmente, o homossexualismo foi o pecado pelo qual

Sodoma foi destruída pelo castigo divino, daí o temo popular ‘sodomia”... A reação cristã primitiva é expressa por Paulo: os homossexuais ‘não herdarão o reino de Deus’ (1Co 6.9-10); por causa da idolatria Deus entregou os pagãos ‘a paixões infames;
6 2ª pessoa do plural do imperativo ativo de metanoe,w que mostra o ato de se arrepender

7 Volume II – pgs 270 – 271 – artigo de R. E. O. White – Edições Vida Nova

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porque até suas mulheres mudaram o modo natural de suas relações íntimas, por outro contrário à natureza; semelhantemente, os homens também, deixando o contacto natural da mulher, se inflamaram mutuamente em sua sensualidade, cometendo torpeza, homens com homens, e recebendo em si mesmos a merecida punição do seu erro’ (Rm 1.26-27). Aqui a associação com a idolatria, o caráter desnaturado da prática e o juízo divino que abandona os indivíduos a ela (um reflexo de Sodoma?) são todos relevantes. A história de Sodoma volta a ocorrer em Jd 7 (‘seguindo após outra carne’ – com concupiscência desnaturada) e 2 Pe 2.6-7,10 (‘imundas paixões’), perpetuando, assim, a tradição de que os homossexuais estavam sob condenação divina... Didaquê estende os mandamentos para proibir a corrupção de meninos; Atenágoras classifica a pederastia ao lado do adultério....” (recomendo a leitura de todo artigo sobre o assunto porque apresenta informações históricas sobre o assunto).


·      DICIONÁRIO TEOLÓGICO8 - “HOMOSSEXUALISMO [Do gr. Homos, mesmo + sexual, referente à prática do sexo] Prática sexual entre indivíduos do mesmo sexo. Nas Sagradas Escrituras, o homossexualismo é enérgica e explicitamente condenado, por constituir-se na violação do ideal monogâmico e heterossexual estabelecido por Deus quando da criação do ser humano (Gn 2.24). Após o Dilúvio, viu-se o Senhor obrigado a destruir Sodoma e Gomorra, por haverem estas cidades se corrompido com o homossexualismo (Gn 19). Buscando preservar o seu povo, o Senhor foi taxativo ao entregar a Lei a Moisés: ‘Nenhum homem deve ter relações sexuais com outro homem. É uma coisa abominável’ (Lv 18.22). Nas Escrituras do Novo Testamento, a homossexualidade continua a ser execrada. Eis o que o apóstolo escreve aos coríntios: ‘Não se deixem enganar! Nem imorais, ou efeminados, nem os homossexuais terão parte no Reino de Deus’ (1 Co 6.9) Em Cristo Jesus, porém, todos os pecados são

removidos. Basta tão-somente o transgressor aceitar os méritos do sacrifício vicário do Filho de Deus (1 Jo 1.7) para que todas as ofensas sejam perdoadas.”9


·      DICIONÁRIO BÍBLICO10 - “HOMOSSEXUALISMO – Embora muitos entendam que a Bíblia não trata especificamente da condição homossexual, não resta dúvida de que ela contém condenação explícita da conduta homossexual, da qual a abrangência deve ser determinada com cuidado. Argumenta-se que o pecado condenado nas histórias de Sodoma (Gn 19) e Gibeá (Jz 19-20), por exemplo, é a tentativa de estupro homossexual, não uma relação homossexual consentida. Historicamente, o comportamento homossexual ligava-se à prostituição cultual idólatra (e.g., 1 Rs 14.24), e o duro alerta de Lv 18.22; 20.13 também visa principalmente a idolatria, usando a palavra “abominação” termo religioso empregado muitas vezes em referência a práticas idólatras. Em Rm 1, Paulo condena atos de lesbianismo e de homossexualismo

masculino porque contradizem o plano da criação divina para a expressão sexual humana. Em 1Co 6.9 ele diz que homossexuais não herdam o reino (mas com uma nota redentora: ‘Tais fostes alguns de vós’). Em 1Tm 1.9s ele atualiza os Dez

Mandamentos  e  inclui  uma  condenação  dos  atos  homossexuais  das  relações

8 ANDRADE, Claudionor Corrêa de – Edição Revista e Ampliada – pgs 178 – 179 - CPAD

9 Nota: Entendendo que a homossexualidade é pecado como o autor acima assevera, penso ser necessário ainda entender que o pecado deve ser confessado e abandonado (Jo 8.11; Pv 28.13).

10WILLIAMS, Derek – Ed. – pg 159 – Edições Vida Nova

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heterossexuais fora do casamento. Para Paulo, a condenação do Senhor de tal comportamento, como Criador, Legislador e Rei, era plenamente clara.”

·      MANUAL POPULAR DE DÚVIDAS ENIGMAS E CONTRADIÇÕES DA BÍBLIA11  – “1

CORÍNTIOS 6:9 - A condenação do homossexualismo feita por Paulo foi simplesmente uma opinião pessoal dele? PROBLEMA: Paulo disse aos coríntios que "nem imorais,... nem homossexuais ativos ou passivos... herdarão o Reino de Deus" (6:9-10, N VI). Mas nesse mesmo livro ele admitiu estar dando a sua "opinião" pessoal (l Co 7:25). De fato, Paulo admitiu: "não tenho mandamento do Senhor" (v. 25); e "digo eu, não o Senhor" (v. 10). Não foi isso então, por sua própria confissão,simplesmente uma opinião pessoal de Paulo, não obrigatória, a respeito dessa questão? SOLUÇÃO: A condenação do homossexualismo feita por Paulo tem autoridade divina e não é apenas sua opinião particular. Isso se torna claro ao examinarmos com cuidado a evidência de que dispomos. Em primeiro lugar, a condenação mais clara da homossexualidade feita por Paulo acha-se em Romanos 1:26-27, e ninguém que aceita a inspiração das Escrituras contesta a autoridade divina desse texto...”


ANÁLISE DOS TEXTOS

Vamos então analisar alguns textos que apresentam a referência à prática homossexual. Alguns defensores da teologia inclusiva tentam interpretar que as traduções bíblicas que apresentam a condenação de Deus à pratica da homossexualidade estão erradas e portanto não dever ser levadas em consideração ou entendidas literalmente. Apresento algumas perguntas: Será que somente os teólogos inclusivos é que têm competência para traduzir a Bíblia em detrimento de todas as versões que já foram apresentadas por séculos? Será que todos os tradutores e exegetas bíblicos erraram e somente esse grupo que defende que homossexualidade e cristianismo são compatíveis estão certos? Vejamos então os textos:


·  1 Coríntios 6.912

ACF 1 Co6:9 Não sabeis que os injustos não hão de herdar o reino de Deus? Não erreis: nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas,

ARA 1 Co6:9 Ou não sabeis que os injustos não herdarão o reino de Deus? Não vos enganeis: nem impuros, nem idólatras, nem adúlteros, nem efeminados, nem sodomitas,

SBP 1 Co 6:9 Näo sabem que os injustos näo têm parte no reino de Deus? Näo se deixem enganar! Nem os imorais, nem os adoradores de falsos deuses, nem os adúlteros, nem os que praticam relações homossexuais,

BNT 1 Co 6:9 "H ouvk oi;date o[ti a;dikoi qeou/ basilei,an ouv klhronomh,sousinÈ mh. plana/sqe\ ou;te po,rnoi ou;te eivdwlola,trai ou;te moicoi. ou;te malakoi. ou;te avrsenokoi/tai


O contexto mostra uma relação de práticas pecaminosas que fariam com que seus praticantes não herdassem o reino dos céus (vs. 9 e 10).


11GEISLER, Norman – HOWE, Thomas – em PDF

12As traduções dos textos foram tiradas do Programa “BIBLEWORKS 7”

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É importante ainda apresentar mais duas traduções do mesmo texto que são bem interessantes:

King James 1 Co 6.9 – “Não sabeis que os injustos ao herdarão o Reino de Deus? Não vos deixem enganar: nem imorais, nem idólatras, nem adúlteros, nem os que se entregam a práticas homossexuais de qualquer espécie;”

Nova Versão Internacional 1 Co 6.9 – “Vocês não sabem que os perversos não herdarão o Reino de Deus? Não se deixem enganar: nem imorais, nem idólatras, nem adúlteros, nem homossexuais passivos ou ativos;”

Ainda abaixo mais duas traduções católicas:

Ed. Paulinas – tradução do Pe Matos Soares 1 Co 6.9,10 – “Porventura não sabeis que os injustos não possuirão o reino de Deus? Não vos enganeis: nem os fornicadores, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os que se dão à embriaguez, nem os maldizentes, nem os roubadores possuirão o reino de Deus.”

Ed. Paulus – A Bíblia do Peregrino – NT – 1 Co 6.9 – “Não sabeis que os injustos não herdarão o reino de Deus?

Não vos iludais: nem fornicadores nem idólatras nem adúlteros nem efeminados nem homossexuais”

Na minha opinião o texto é bem claro com relação à condenação acerca dos pecados relacionados. Penso que a simples leitura do texto explica por si só. Será que todos os eruditos evolvidos na tradução de todas essas versões da Bíblia estão completamente equivocados? Certamente que não. Dizer que o texto refere-se à licenciosidade que existia em Corinto é uma falácia, é tirar o texto fora do contexto para dar sustentação à um pretexto. Viver segundo à sua vontade e não a vontade de Deus. Essa carta foi escrita à uma igreja local, ao povo de Deus e não aos gregos ou qualquer outro povo que lá habitavam. As orientações eram para o povo de Deus.

Apresentei aqui também o texto grego. Nesse texto aparecem as palavras gregas “malakoi\” (malakoi) e “avrsenokoi/tai (arsenokoitai). Vamos entendê-las melhor então:


·        malakoi\ é o plural de malako/j que,segundo o grego clássico13  pode ser traduzido

por: mole, brando, doce, agradável, fácil, complacente, sem forças nem vigor. Se fosse essa a aplicação do termo dentro do enunciado o significado ficaria ainda pior. Imaginem Deus condenando alguém doce, agradável? Todavia o texto foi escrito em grego helenístico ou Koinê e o termo tem, além do significado lexicográfico, também um significado semântico. Isto é, a relação do termo dentro do enunciado. O contexto fala de diversas práticas pecaminosas e essa palavra também pode ser traduzida como efeminado14 (de um homem que submete seu corpo à concupiscência desnatural). É como traduz também o termo o Léxico do Novo Testamento Grego/Português15.


·         avrsenokoi/tai é o plural de avrsenokoi,thj palavra traduzida por homossexual, sodomita, pederasta16. Ainda o Léxico Grego do Novo Testamento17 explica o termo como “um sodomita, alguém que se deita com um homem como se fosse mulher...”
13PEREIRA, Isidoro – S.J. – Dicionário Grego-Português Português-Grego – Livraria Apostolado da Imprensa -Braga

14TAYLOR, W. C. – Dicionário do Novo Testamento Grego – pg 131 - Juerp

15GINGRICH, F. Wilbur – DANKER, Frederick W. – Léxico do N. T. Grego/Português - pg 129 – Edições Vida Nova

16Ibidem - pg 34

17ROBINSON, Edward – Léxico Grego do Novo Testamento – pg 119 - CPAD

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Concluo então que o texto bíblico diz exatamente o que quer dizer. Que pratica homossexual é pecado e um comportamento reprovado por Deus portanto incompatível com o cristianismo. A humildade nos leva a procurar várias opiniões para não incorrer na prática de leviandade. Então vou apresentar algumas opiniões colhidas sobre esse texto.

OPINIÕES SOBRE A REFERÊNCIA À HOMOSSEXUALIDADE EM 1 CORÍNTIOS 6.9

·         “...nem efeminados... Como substantivo, porém, significa ‘suave’, ‘efeminado’, tendo sido largamente aplicado à homossexualidade por vários autores antigos, indicando homens que aceitam os afagos de outros homens, coimo se fossem mulheres... Essa palavra também pode significar simplesmente ‘suave’ ou ‘efeminado’ quanto às maneiras. Mas a condenação de Paulo parece ter sido mais profunda do que isso subentenderia...

‘...sodomitas...’ Esse vocábulo veio a ser usado para indicar a homossexualidade, em vista do fato que tal pecado era prevalente em Sodoma, quando Ló ali habitava, segundo a narrativa do antigo pacto. No grego, essa palavra literalmente traduzida, indica ‘ato sexual de homem com homem’. A sodomia, portanto, é apenas um eufemismo, sendo largamente empregada pelos tradutores, a fim de suavizar o impacto de expressão.... Talvez a primeira dessa palavras indique os homens que fazem um papel feminino, ao passo que esta última indique os pederastas positivos. Paulo

condenou severamente a uns e a outros, em Rom 1.26,27, onde essa prática, tanto de mulheres com mulheres como homens com homens, é condenada...”18

·         “...Em primeiro lugar, quem herdará esse reino? Certamente não serão os ímpios, cuja imoralidade sexual e outros pecados os desqualificam... A palavra grega seguinte é malakoi (homossexuais), é relacionada a ‘homens e meninos que se permitem serem usados homossexualmente’. Essa palavra conota passividade e submissão. Em contraste, o terceiro termo grego, arsenokoitai (sodomitas), representa homens que iniciam práticas homossexuais (1 Tm 1.10). São os parceiros ativos dessas práticas. Pela prosa, pela cerâmica e pelas escultura dos gregos e romanos, descobrimos que a preocupação com práticas sexuais era prevalecente entre os homens do século 1º.

Esses homens chafurdavam em pecados homossexuais e rivalizavam até mesmo com os habitantes da antiga Sodoma (Gn 19.1-10; ver também Lv 18.22; 20.13).”19


·         “Paulo mencionou o mesmo erotismo entre as maldades que afastam os seus praticantes do Reino de Deus (vv.9-11). As palavras gregas malakos (‘suave’) e arsenokoites (‘aquele que tem relação sexual com um homem’) deixam claro que Paulo não estava falando sobre inclinação ou orientação sexual, mas sodomia – o intercurso sexual entre homens. Em outras passagens, Paulo citou o modo de vida homossexual/lésbico como sintomático da rejeição de Deus pela humanidade, bem como do seu desígnio na criação (Rm 1.24-27). A prática sexual profana facilmente torna-se um comportamento estabelecido; é difícil livrar-se dela. Ainda assim nas

palavras de Paulo: ‘é o que alguns tem sido’..., vemos que a atitude de se desvenciliar desta prática é possível e também necessária (v.11)...”20
18CHAMPLIN Ph. D., R. N. – O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo – volume 4 pg 83 – Ed. e Distr. Candeia

19KISTEMAKER, Simon – Comentário do Novo Testamento 1 Coríntios – pgs 266 e 267 – Editora Cultura Cristã

20Bíblia de Estudo – DEFESA DA FÉ – Nota de Rodapé ao texto por Paul W. Barnett – pg 1.818 - CPAD

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Penso que essas citações vão ajudá-los na reflexão sobre o assunto. Ainda no texto de 1 Co 6.9 me chama a atenção a tradução de mh. plana/sqe, verbo que está na segunda pessoal do plural na voz passiva que pode ser traduzido por:

Não vos deixem enganar. Isto é, vigie para não ser enganado – (Mateus 26.41) · Romanos 1.24-27

Rm 1:24-27 24 Pelo que também Deus os entregou às concupiscências do seu coração, à imundícia, para desonrarem o seu corpo entre si; 25 pois mudaram a verdade de Deus em mentira e honraram e serviram mais a criatura do que o Criador, que é bendito eternamente. Amém! 26 Pelo que Deus os abandonou às paixões infames. Porque até as suas mulheres mudaram o uso natural, no contrário à natureza. 27 E, semelhantemente, também os varões, deixando o uso natural da mulher, se inflamaram em sua sensualidade uns para com os outros, varão com varão, cometendo torpeza e recebendo em si mesmos a recompensa que convinha ao seu erro. (Almeida Revista E Corrigida)

Rm 1:24-27 24 Por isso Deus abandonou-os às paixões dos seus corações e caíram em acções vergonhosas desonrando os seus próprios corpos. 25 Trocaram o verdadeiro conhecimento de Deus pela mentira. Adoraram e serviram coisas criadas em vez de adorarem e servirem o próprio Criador, ele que deve ser adorado eternamente! Ámen. 26 Por isso Deus os abandonou às paixões vergonhosas. Até as mulheres mudaram as relações naturais por relações contra a natureza. 27 Da mesma maneira, os homens deixaram as relações normais com a mulher para arderem de paixäo uns pelos outros. Caíram em acções vergonhosas uns com os outros e eles mesmos receberam o castigo dos seus erros. (Versão Moderna Portuguesa)

Rm 1:24-27 24 Por isso também Deus os entregou às concupiscências de seus corações, à imundícia, para desonrarem seus corpos entre si; 25 Pois mudaram a verdade de Deus em mentira, e honraram e serviram mais a criatura do que o Criador, que é bendito eternamente. Amém. 26 Por isso Deus os abandonou às paixões infames. Porque até as suas mulheres mudaram o uso natural, no contrário à natureza. 27 E, semelhantemente, também os homens, deixando o uso natural da mulher, se inflamaram em sua sensualidade uns para com os outros, homens com homens, cometendo torpeza e recebendo em si mesmos a recompensa que convinha ao seu erro. (Versão Corrigida Fiel)

Rm 1:24-27 24 Por isso, Deus entregou tais homens à imundícia, pelas concupiscências de seu próprio coração, para desonrarem o seu corpo entre si; 25 pois eles mudaram a verdade de Deus em mentira, adorando e servindo a criatura em lugar do Criador, o qual é bendito eternamente. Amém! 26 Por causa disso, os entregou Deus a paixões infames; porque até as mulheres mudaram o modo natural de suas relações íntimas por outro, contrário à natureza; 27 semelhantemente, os homens também, deixando o contacto natural da mulher, se inflamaram mutuamente em sua sensualidade, cometendo torpeza, homens com homens, e recebendo, em si mesmos, a merecida punição do seu erro. (Almeida Revista e Atualizada)

Apresento essas quatro traduções para que possam compará-las. O que esse texto realmente significa? R. N. Champlin, Ph.D.21 comentando o texto diz que Paulo demonstra a corrupção pagã e o devido julgamento de Deus como recompensa pela atitude humana. Comentando o versículo 27 ainda diz: “Paulo escreveu sua epístola aos Romanos na cidade de Corinto, a capital dos vícios gregos, e sem dúvida já vira ali evidência suficiente sobre as práticas homossexuais. Sendo judeu piedoso, Paulo ficou particularmente horrorizado com o que viu, porque entre os gentios, tais pecados eram motivo de piadas e zombarias, não sendo vícios que os chocavam. As observações de Paulo em Corinto mui provavelmente é que o levaram a passar tão severa reprimenda contra os costumes gentílicos.”22

Observe então que a pratica da homossexualidade era um comportamento pagão que não deveria ser aceito pela Igreja.

Willian  Hendriksen  discorre  comentando  os  versículos  26  e  27  da  seguinte  forma:

“...Agora Paulo não está tratando mais da imoralidade sexual em termos gerais, como no versículo 24, mas se torna específico e focaliza a atenção numa de suas mais repugnantes manifestações, a saber, a homossexualidade obstinada... Segundo o claro ensino da
21CHAMPLIN Ph. D., R. N. – O NT Interpretado Versículo por Versículo – volume 3 pgs 581 e 582 – Ed. e Distr. Candeia

22Ibidem – pg 583

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Escritura, a relação sexual se destinava a um homem e sua esposa, a ninguém mais! (Gn 2.24). Ver também Mateus 19.5, Marcos 10.7,8, 1 Coríntios 6.16 e Efésios 5.31. Qualquer outra coisa é ‘contrário à vontade de Deus’. Está em conflito com a intenção do Criador.”23


·          1 Timóteo 1.10

ACF 1 Tm 1:10 Para os devassos, para os sodomitas, para os roubadores de homens, para os mentirosos, para os perjuros, e para o que for contrário à sã doutrina,

ARA 1 Tm 1:10 impuros, sodomitas, raptores de homens, mentirosos, perjuros e para tudo quanto se opõe à sã doutrina,

ARC 1 Tm 1:10 para os fornicadores, para os sodomitas, para os roubadores de homens, para os mentirosos, para os perjuros e para o que for contrário à sã doutrina,

BRP 1 Tm 1:10 Para os devassos, para os sodomitas, para os roubadores de homens, para os mentirosos, para os perjuros, e para o que for contrário à sä doutrina,

SBP 1 Tm 1:10 É para os que praticam a imoralidade, para os homossexuais, para os que escravizam os outros, para os mentirosos, para os que juram falso e para aqueles que fazem seja o que for, contrário à verdadeira doutrina.

Eis mais um texto com várias traduções em que a pratica homossexual é relacionada entre outros pecados asseverando que são praticas contrárias à verdadeira doutrina.


TEXTOS DO ANTIGO TESTAMENTO QUE TRATAM SOBRE HOMOSSEXUALIDADE



Na tentativa de abalizar suas convicções, os defensores da teologia inclusiva interpretam textos do Antigo Testamento de forma a tentarem provar que a homossexualidade não era condenada pelo texto bíblico ou se era, dava-se dentro de um contexto cultural específico e que não deveria ser aplicada em nossos dias. Inclusive tentam valendo-se da eisegese24 e de uma série de argumentos falaciosos atribuir à personagens do Antigo Testamento comportamento homossexual.

O Manual Popular de Dúvidas, Enigmas e “Contradições” da Bíblia25 apresenta a dificuldade ou interpretação equivocada e propõe uma resposta interessante à esses textos. Tomando então como base essa apresentação, procurarei ampliar, mesmo que sem a profundidade merecida, o entendimento do texto para que não haja dúvidas sobre real intenção do autor sacro.

Genesis 19.8

“Eis aqui, duas filhas tenho, que ainda não conheceram varão; fora vo-las trarei, e fareis delas como bom for nos vossos olhos; somente nada façais a estes varões, porque por isso vieram à sombra do meu telhado.”

Baseado nesse texto defensores da teologia inclusiva dizem que na verdade o pecado dos habitantes de Sodoma foi a falta de hospitalidade e não o homossexualismo. A base para isso é o costume cananeu que garante proteção a quem esteja sob o teto de alguém. Ainda


23HENDRIKSEN, Willian –Comentário do Novo Testamento – Romanos – pgs 103 – 104 – Editora Cultura Cristã

24 ANDRADE, Claudionor Correa de – Dicionário Teológico - Eisegese – “Antônimo de exegese. De acordo com a hermenêutica sagrada, a exegese é a Bíblia interpretando-se a si mesma. Na eisegese o leitor impinge ao texto sagrado a sua própria interpretação...” - CPAD

25GEISLER, Norman – HOWE, Thomas – Editora Mundo Cristão

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se de suggi,nomai


alegam que o pedido daqueles homens da cidade para “conhecer” (Gn 19.5) significaria simplesmente “ser apresentado”, sem nenhuma conotação sexual.

Refutação: Vejamos como esse versículo é traduzido em outras versões:


ARA Genesis 19:5 e chamaram por Ló e lhe disseram: Onde estão os homens que, à noitinha, entraram em tua casa? Traze-os fora a nós para que abusemos deles.

SBP Genesis 19:5 chamando por ele aos gritos, e perguntavam-lhe: "Onde estão os homens que esta noite entraram em tua casa? Manda-os cá para fora, que queremos dormir com eles."

~yvi²n"a]h' hYEôa; Alê Wrm.aYOæw: ‘jAl-la,  WaÜr>q.YIw:  WTT Genesis 19:5

>  Wnyleêae  ~aeäyciAh  hl'y>L"+h;  ^yl,Þae  WaB'î-rv,a]



Genesis 19:5 kai. evxekalou/nto to.n Lwt kai. e;legon pro.j auvto,n pou/ eivsin oi` a;ndrej oi` eivselqo,ntej pro.j se. th.n nu,kta evxa,gage auvtou.j pro.j h`ma/j i[na suggenw,meqa auvtoi/j

No texto grego acima (Septuaginta), observe que a palavra grega suggenw,meqa deriva-
que significa26, manter relações sexuais.

Sobre esse texto temos o seguinte comentário27:

“Nesse ponto inicial da Escritura, o pecado de sodomia é estigmatizado como particularmente odioso. A lei haveria de fazer dele um crime capital, incluído ao lado do incesto e da bestialidade (Lv 18.22; 20.13)...”.

Champlin28 comenta o texto:

“...algumas traduções dizem algo como ‘para que os conheçamos’, um eufemismo para o ato sexual, usado por várias vezes nas Escrituras...”

O Manual Popular de Dúvidas, Enigmas e “Contradições” da Bíblia comenta:

“Embora seja verdade que a palavra hebraica para "conhecer" (yada) não signifique necessariamente "ter relacionamento sexual", no contexto da passagem de Sodoma e Gomorra, ela obviamente tem este significado. Isso é evidente por várias razões. Primeiro, em dez de cada doze vezes que esta palavra aparece em Gênesis, ela se refere à relação sexual (cf. Gn 4:1,25). Segundo, o sentido da palavra ‘conhecer’ é o do conhecimento sexual, neste mesmo capítulo. Pois Ló refere-se às suas duas filhas virgens dizendo "que ainda não conheceram homens" (Gn 19:8, SBTB), sendo este um óbvio emprego da palavra com o sentido sexual.

Terceiro, o significado de uma palavra descobre-se pelo contexto em que ela aparece. E o contexto nesse caso é certamente o sexual, como indicado pela referência à perversidade daquela cidade (18:20), bem como por serem as virgens oferecidas para aplacar-lhes a lascívia (19:8). Quarto, ‘conhecer’ não pode ter o sentido de simplesmente "ser apresentado a alguém",

26Segundo o Programa BibleWorks7

27KIDNER, Derek - Gênesis – Introdução e Comentário – pgs. 124 e 125 – Edições Vida Nova

28CHAMPLIN, R. N., Ph.D. – O Antigo Testamento Interpretado Versículo por Versículo – Vol. 1 – pg. 139 – Ed. Candeia

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porque no caso houve uma referência a ‘não façais mal’ (19:7). Quinto, por que oferecer as filhas virgens, se o intento deles não era sexual? Se os homens tivessem pedido para "conhecer" as filhas virgens de Ló, ninguém duvidaria das intenções lascivas deles. Sexto, Deus já tinha determinado destruir Sodoma e Gomorra, como Gênesis 18:16-33 indica, mesmo antes do incidente ocorrido em 19:8. Consequentemente, é muito mais razoável admitir que Deus havia pronunciado juízo sobre aquelas duas cidades pelos pecados que eles já vinham cometendo, isto é, por causa do homossexualismo.”


Levítico 18.22

Com varão te não deitarás, como se fosse mulher: abominação é;”

O argumento com relação à esse texto é que a lei contra o homossexualismo encontra-se na lei levítica (Lv 18.22), ao lado de leis que proibiam comer carne de porco etc (Lv 11.2-3,10). Se as leis cerimoniais foram abolidas (At 10.15) também a lei contra a homossexulidade foi abolida.

Refutação: “As leis contra a homossexualidade não são apenas cerimoniais. Em primeiro lugar, se a lei contra o homossexualismo fosse uma lei meramente cerimonial (e daí abolida), então o estupro, o incesto e a bestialidade também não seriam práticas moralmente erradas, já que elas são reprovadas no mesmo capítulo da condenação do homossexualismo (Lv 18:6-14; 22-23). Em segundo lugar, os pecados homossexuais entre os gentios foram também condenados por Deus (Rm 1:26), e os gentios não tinham leis cerimoniais (Rm 2:12-15). Foi precisamente por esta razão que Deus trouxe juízo aos cananeus (Gn 19:13,25). Em terceiro lugar, mesmo na lei judaica levítica havia uma diferença na penalidade imposta a quem violasse a lei cerimonial de não comer carne de porco nem camarão (que era alguns dias de isolamento) e a quem praticasse o homossexualismo (que era a pena de morte), conforme Levítico 18:29. Em quarto lugar, Jesus alterou as leis alimentares do AT (Mc 7:18; At 10:15), mas as proibições

morais contra o homossexualismo continuam ainda prescritas para os crentes no NT (Rm 1:26-27; 1 Co 6:9; 1Tm l:10; Jd 7).”29

Nesse mesmo texto os defensores teologia inclusiva argumentam que a condenação à homossexualidade existia no Antigo Testamento porque os judeus consideravam a esterilidade como uma maldição (Gn 16.1; 1 Sm 1.3-7), e ter filhos seria sinal da bênção de Deus (Gn 15.5; Sl 127.3). Por conta disso, segundo eles, a Bíblia não condenaria a homossexualidade em si, apenas o fato de não gerar filhos.




Refutação: Não existe na Bíblia nenhum texto que a pratica homossexual era condenada por não gerar filhos. Aliás a proibição do homossexualismo também se aplicava aos gentios (Lv 18.24).

Deuteronômio 23.17

“Não haverá rameira dentre as filhas de Israel; nem haverá sodomita dentre os filhos de Israel.”

Nesse texto defendem que a Bíblia somente condena a homossexualidade cultual, ou seja, os atos homossexuais vinculados à idolatria (1 Rs 14.24).


29 GEISLER, Norman – HOWE, Thomas – Manual Popular de Dúvidas, Enigmas e “Contradições” da Bíblia - Editora Mundo Cristão – em pdf

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Refutação:  A homossexualidade é condenada em qualquer contexto (Lv 18.22; Rm 1.26-27).


1 Samuel 18.1-4

E Sucedeu que, acabando ele de falar com Saul, a alma de Jônatas se ligou com a alma de Davi; e Jônatas o amou como à sua própria alma. 2 E Saul, naquele dia, o tomou e não lhe permitiu que tornasse para casa de seu pai. 3 E Jônatas e Davi fizeram aliança; porque Jônatas o amava como à sua própria alma. 4 E Jônatas se despojou da capa que trazia sobre si e a deu a Davi, como também as suas vestes, até a sua espada, e o seu arco, e o seu cinto.”

A interpretação que a teologia inclusiva apresenta desse texto é que Davi e Jônatas tiveram uma relação homossexual. Inclusive interpretam tendenciosamente o texto de 1 Sm 20.41 onde está escrito: “E, indo-se o moço, levantou-se Davi da banda do sul, e lançou-se sobre o seu rosto em terra, e inclinou-se três vezes; e beijaram-se um ao outro e choraram juntos, até que Davi chorou muito mais.”

Refutação: Começo com 1 Sm 20.41. Partindo do raciocínio desses teólogos inclusivos, todo beijo entre homens na Bíblia seria então demonstração de tendência homossexual. Porém esse argumento não se sustenta. Vemos o beijo do pai em seu filho (Lc 15.20); Davi beija a Barzilai (2 Sm 19.39); a Bíblia ensina saudar os irmãos com ósculo (1 Ts 5.26; 2 Co 13.12; 1 Co 16.20; Rm 16.16). A Bíblia mostra esse costume na época (Lc 7.45). Os comentários que consultei em nenhum momento interpretam esses textos como um relacionamento homossexual. Só posso entender que a interpretação dos defensores da teologia inclusiva é tendenciosa, seu argumento e capcioso.

“Não há indicação alguma nas Escrituras de que Davi e Jônatas tenham sido homossexuais. Pelo contrário, há uma forte evidência de que não eram. Antes de mais nada, a atração de Davi por Bate-Seba (2 Sm 11) revela que sua orientação sexual era heterossexual, não homossexual”30


Isaias 56.4,5

Porque assim diz o SENHOR a respeito dos eunucos que guardam os meus sábados, e escolhem aquilo que me agrada, e abraçam o meu concerto: 5 Também lhes darei na minha casa e dentro dos meus muros um lugar e um nome, melhor do que o de filhos e filhas; um nome eterno darei a cada um deles que nunca se apagará.”

Entendimento estranho desse texto quando os defensores da teologia inclusiva interpretam que, segundo o que está escrito, os homossexuais serão aceitos no reino de Deus.

Refutação: Em nenhum lugar diz isso, nem o contexto imediato nem sequer o contexto remoto. O texto refere-se a eunucos, isto é, um homem privado de sua virilidade; castrado. O texto bíblico é claro com relação àqueles que praticam a homossexualidade e o reino de Deus:

SBP 1 Co 6:9 Näo sabem que os injustos näo têm parte no reino de Deus? Näo se deixem enganar! Nem os imorais, nem os adoradores de falsos deuses, nem os adúlteros, nem os que praticam relações homossexuais,


Ezequiel 16.49

Eis que esta foi a maldade de Sodoma, tua irmã: soberba, fartura de pão e abundância de ociosidade teve ela e suas filhas; mas nunca esforçou a mão do pobre e do necessitado.”

Eis mais um exemplo de texto sendo tirado do contexto. Essa passagem bíblica é usada para defender que o pecado de Sodoma foi o egoísmo e não a prática homossexual.

30 GEISLER, Norman – HOWE, Thomas – Manual Popular de Dúvidas, Enigmas e “Contradições” da Bíblia - Editora Mundo Cristão – em pdf

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Refutação: Basta usar o contexto remoto de Gênesis 19.5-8 que já analisei nesse estudo. Além do que o v. 50 diz que os habitantes de Sodoma fizeram “abominação” diante do Senhor, esta é a mesma palavra usada em Levítico 18.22 para descrever a prática homossexual.

Lv 18.22 “Com varão te não deitarás, como se fosse mulher: abominação é;”

E ainda:

Lv 20:13 Se também um homem se deitar com outro homem, como se fosse mulher, ambos praticaram coisa abominável; serão mortos; o seu sangue cairá sobre eles.


A Bíblia deve ser interpretada dentro das regras de Hermenêutica. Um texto não pode ser tirado de seu contexto. Recomendo o estudo paciente e detalhado dos textos bíblicos que relacionei e também do contexto imediato em que estão inseridos.

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CONCLUSÃO

Chego a conclusão nesse pequeno estudo que a Igreja pensada por Deus é transformadora. Deus certamente ama a todos os seres humanos e esse amor proveu o perfeito sacrifício pela remissão de pecados na Pessoa Bendita de Jesus31 mas esse amor, não nos isenta de responsabilidades, de ter uma vida santa, sabendo que se alguém está em Cristo é nova criatura e que de uma mesma fonte não sai dois tipos de água32. Devemos amar o homossexual, mas dizer que a Bíblia rejeita a prática da homossexualidade e a considera como pecado.

Pr. Roberto Cruvinel

Presidente da Igreja Evangélica Assembleia de Deus – Ministério Pleroma Diretor da Escola Teológica Pr Virgílio dos Santos Rodrigues



















31João 3.16; Atos 2.21; Romanos 10.9,10

32Romanos 12.1,2; Hebreus 12.14; 2 Coríntios 5.17; Tiago 3.11,12





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