segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Advertência Final




Ainda resta uma importante advertência a ser manifestada acerca da vontade. E é esta: quanto mais alguém abandona suas convicções e negligencia a disciplina, mais essa pessoa muda gradualmente as próprias necessidades e desejos. Há um provérbio que diz: "Semeia-se pensamento, colhe-se ação; quando se semeia conduta, colhe-se caráter; quando se semeia caráter, colhe-se destino". A história está repleta de vontades variáveis que transformaram o futuro com um impacto incalculável. Vamos examinar um exemplo.





Quando Davi lutava contra os filisteus, sentiu imensa saudade de casa e desejou tomar um pouco da água de sua cisterna em Belém. Três de seus principais guerreiros, em uma operação secreta e arriscada, conseguiram passar furtivamente pelas linhas inimigas e chegar até a cisterna. Lá encheram uma vasilha que traziam consigo e retornaram, sem serem percebidos, ao lugar onde estava Davi, ainda saudoso de casa. Podem imaginar a alegria interior que sentiram ao se aproximar dele. Tiraram a vasilha de sob suas capas, encheram um copo com água, e disseram: "Davi - direto de sua cisterna em Belém!". Entretanto, Davi fez uma pausa. Quando percebeu que haviam arriscado a vida para lhe trazer um gole de água, pegou o copo e, de modo surpreendente, derramou a água no chão, afirmando que não poderia aceitar um presente que tivesse colocado em risco a vida de outros apenas para lhe dar prazer. Os soldados ficaram estupefatos (v. 2Samuel 23.15-17).

Foi um ato nobre da parte do rei. Enquanto lia, pensei: "O que teria acontecido se Davi tivesse reagido do mesmo modo quando viu Bate-Seba?" A resposta é que grande parte da história do Antigo Testamento teria sido alterada. Mas, infelizmente, a vontade de Davi o traiu naquele momento, e as consequências para ele e para outros foram desastrosas.

Podemos nos lembrar de momentos como essa em nossa vida - momentos em que nossa resposta podia ter sido diferente.

A vida disciplinada, que leva ao poder de dizer não, escapou a Davi. Essa escolha o levou a fazer outras escolhas devastadoras para a vida comprometida e criou um apetite para todo tipo de coisas erradas. G. K. Chesterton disse certa vez que há muitos ângulos nos quais se pode cair e apenas um ângulo onde se fica em pé. Da próxima vez que meditar sobre o poder da vontade, pense não apenas na escolha imediata, mas em todas as outras consequências que a escolha incorreta poderá acarretar.


O Grande Tecelão - Ravi Zacarias - Págs. 127 e 128 - Shedd Publicações.


sexta-feira, 25 de outubro de 2013

QUEM VÊ CARA NÃO VÊ CORAÇÃO!



QUEM VÊ CARA NÃO VÊ CORAÇÃO!

Texto: I Samuel 16:1-13



1 - ENTÃO disse o SENHOR a Samuel: Até quando terás dó de Saul, havendo-o eu rejeitado, para que não reine sobre Israel? Enche um chifre de azeite, e vem, enviar-te-ei a Jessé o belemita; porque dentre os seus filhos me tenho provido de um rei.

2 - Porém disse Samuel: Como irei eu? pois, ouvindo-o Saul, me matará. Então disse o SENHOR: Toma uma bezerra das vacas em tuas mãos, e dize: Vim para sacrificar ao SENHOR.

3 - E convidarás a Jessé ao sacrifício; e eu te farei saber o que hás de fazer, e ungir-me-ás a quem eu te disser.

4 - Fez, pois, Samuel o que dissera o SENHOR, e veio a Belém; então os anciãos da cidade saíram ao encontro, tremendo, e disseram: De paz é a tua vinda?

5 - E disse ele: É de paz, vim sacrificar ao SENHOR; santificai-vos, e vinde comigo ao sacrifício. E santificou ele a Jessé e a seus filhos, e os convidou ao sacrifício.

6 - E sucedeu que, entrando eles, viu a Eliabe, e disse: Certamente está perante o SENHOR o seu ungido.

7 - Porém o SENHOR disse a Samuel: Não atentes para a sua aparência, nem para a grandeza da sua estatura, porque o tenho rejeitado; porque o SENHOR não vê como vê o homem, pois o homem vê o que está diante dos olhos, porém o SENHOR olha para o coração.

8 - Então chamou Jessé a Abinadabe, e o fez passar diante de Samuel, o qual disse: Nem a este tem escolhido o SENHOR.

9 - Então Jessé fez passar a Sama; porém disse: Tampouco a este tem escolhido o SENHOR.

10 - Assim fez passar Jessé a seus sete filhos diante de Samuel; porém Samuel disse a Jessé: O SENHOR não tem escolhido a estes.

11 - Disse mais Samuel a Jessé: Acabaram-se os moços? E disse: Ainda falta o menor, que está apascentando as ovelhas. Disse, pois, Samuel a Jessé: Manda chamá-lo, porquanto não nos assentaremos até que ele venha aqui.

12 - Então mandou chamá-lo e fê-lo entrar (e era ruivo e formoso de semblante e de boa presença); e disse o SENHOR: Levanta-te, e unge-o, porque é este mesmo.

13 - Então Samuel tomou o chifre do azeite, e ungiu-o no meio de seus irmãos; e desde aquele dia em diante o Espírito do SENHOR se apoderou de Davi; então Samuel se levantou, e voltou a Ramá.





A igreja é um lugar de relacionamento. A família é um lugar de relacionamento. A sociedade é um lugar de relacionamento. Por isso que existem grandes conflitos de relacionamento.

Nesse contexto estaremos trabalhando a cura das feridas do coração. O nosso coração é um trono que vive em conflitos. Um coração machucado é um impasse nos relacionamentos: Deus, família, igreja, sociedade.

Se o nosso coração estiver atingido, toda a nossa vida ficará em prejuízo.



Amados, aquilo que eu não consigo enxergar de mim mesmo, o meu coração não sente, ou seja, eu não sou convencido.

Saul era um rei que não fazia a vontade de Deus, mas fazia aquilo que ele achava estar certo. Consequentemente, o Senhor o rejeitou de ser rei. Saul era um homem que não obedecia por isso Deus se cansou dele.



Você entende que na sua vida tudo acontece por propósito?



Provérbios 19:21

21 - Muitos propósitos há no coração do homem, porém o conselho do SENHOR permanecerá.



Quantos de nós tentamos provar algo, mas estão frustrados nas suas escolhas. O homem pode até fazer planos, mas o que prevalece é a vontade de Deus. O que aconteceu na vida de Saul foi uma intervenção de Deus. Por quê? Porque ele não quis ouvir a voz do Senhor.

Eliabe estava pronto fisicamente para assumir o reino, mas Deus não olha para a aparência, porém, para o coração.

Nesses dias é necessário sondar o nosso coração, pois muitas coisas não estão acontecendo nas nossas vidas porque nós estamos olhando para o exterior e não estamos olhando com os olhos do Senhor.

Coração é um órgão vital! A questão é que Aquele que decide as coisas nas nossas vidas leva em consideração o que está no nosso coração.



Quando estudamos a história de Davi, vemos que ele não era o cara. Ele cometeu coisas que Saul não fez. Mas a Bíblia diz que Deus viu em Davi um homem segundo o Seu coração. Mas o que acontece? É que Saul quando repreendido pelo Senhor não se arrependeu, ao contrário de Davi, que quando corrigido pelo Senhor, ele foi mais do que depressa em se arrepender (Sl 51).

O pecado na vida de Davi sempre foi um acidente. Ele nunca se justificou contra o Senhor, mas se arrependeu. A decisão de Davi sempre foi em mudar de vida.

Preste atenção, Deus não tem expectativa que nós sejamos perfeitos, porém, que nós tenhamos um coração arrependido, quebrantado, aberto para o Senhor. Davi só foi rei por causa de Deus. Deus gosta de ouvir o nosso coração.

Queridos, ninguém pode determinar o juízo da sua vida, somente Deus. Temos que nos atentar no que Deus pensa a meu respeito.



Como está o seu coração?



A partir de hoje, Deus quer trabalhar no seu coração. Abra o seu coração para o Senhor. Ele quer determinar algo que vai mudar a sua vida a partir desse acampamento. Ele quer curar as feridas do seu coração. Ele quer afirmar a sua identidade de filho de Deus.

Se você não abrir o seu coração nesse tempo, você não vai conseguir enxergar o que Deus tem pra você, o que Ele quer fazer em você, o que Ele quer determinar pra você.

O Espírito Santo tem a missão de convencer você para viver um tempo novo, uma estação nova, para fazer com que você experimente o vinho novo.

No momento que você enxergar o estado que está o seu coração, você certamente permitirá que Deus cure, restaure, converte genuinamente o seu coração.

É muito importante que você deseja enxergar a real situação do seu coração. Pois no momento que você abrir o seu coração para o novo de Deus, o mesmo Deus que restaura a nossa visão é o mesmo que cura o nosso coração.

Pr Marcelo Amaral – Comunidade Cristã Apostólica Moriah/CCAM

 

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

A fé cristã como irracional?


Como vimos, a análise que Dawkins faz da fé é altamente simplista e não leva em conta o modo como as palavras são usadas em contextos religiosos. Ludwig Wittgenstein levantou o ponto incontestável de que as palavras são usadas com significados deferentes em contextos deferentes. Para Wittgenstein, a Lebensform ("forma de vida") dentro da qual uma palavra é usada possui importância decisiva para estabelecer o seu significado. Conforme Wittgenstein mostrou, precisamente a mesma palavra pode ser usada num grande número de contextos, com significados diferentes em cada um.





Um modo de contornar esse problema poderia ser inventar um vocabulário totalmente novo, no qual o significado de cada palavra fosse definido de modo firme e inequívoco. Mas essa não é uma opção real. As línguas são entidades vivas e não não podem ser forçadas a se comportar de um modo artificial.


Uma abordagem perfeitamente aceitável, de acordo com Wittgenstein, é se dar ao trabalho de definir o sentido específico pelo qual uma palavra deveria ser entendida, para se evitar confusão com os seus muitos outros sentidos. Isso envolve um estudo cuidadoso de suas associações e uso na "forma de vida" à qual ela se relaciona. Em vez de assumir cega e ingenuamente que uma palavra que significa uma coisa numa dada situação signifique precisamente o mesmo em outra, é universalmente aceito que precisamos tomar muito cuidado ao estabelecer como palavras são usadas em cada contexto, e os significados que carregam.


Esse tópico deveria ser familiar a qualquer cientista competente, bastante acostumado a usar na vida cotidiana as palavras num certo sentido e, num sentido mais preciso, restrito, dentro de uma cultura de laboratório. Trabalhei durante vários anos, no final da década de 1970, no grupo de pesquisa do professor Sir George Radda, no departamento de bioquímica da Universidade de Oxford. Todas as manhãs, às onze horas, reuníamo-nos para um café em torno de um antigo fogão. Quando alguém pedia ao vizinho "passe o açúcar", o que a pessoa pedia de fato era a substância química conhecida como "sacarose" ou, mais precisamente: [2-0-(alpha-D-glucopyranosyl)-beta-D-fructofuranoside]. Já nas ciências naturais, o termo "açucar" representa uma classe muito ampla de substâncias de açucar (sacarose), leite (lactose) e várias frutas (frutose). Todos variando enormemente em graus de "doçura". Por exemplo, a lactose tem apenas 16% da doçura da sacarose.

O "açucar" do mundo cotidiano é, portanto, uma forma de fato muito específica da categoria científica mais geral do açúcar - especificamente, um 1,2'-glicosídeo. Essa simples diferença de vocabulário pode causar imensa confusão, especialmente em relação aos problemas de saúde que surgem do consumo da sacarose. Poderia até levar alguém a colocar lactose em seu café. Precisaríamos de uma quantidade seis vezes maior de lactose em nosso café para alcançar o mesmo grau de doçura da sacarose. Todos que estavam reunidos para o café sabiam que as palavras estavam sendo usadas com significados diferentes em contextos diferentes, e percebiam a distinção entre eles.

Ora, não há um problema aqui. A pessoa se acostuma a viver em mundos diferentes e ser sensível às suas sutis diferenças lingüísticas. Ela percebe que as palavras significam coisas diferentes dentro de comunidades diferentes. Os que estão de fora podem considerar um problema essas diferenças sutis, e muitas vezes não entender por que as diferentes linguagens de diferentes comunidades existem. Não se trata de nenhuma questão de desonestidade, como se alguém estivesse tentando enganar as pessoas usando essas formas específicas de linguagem. Elas evoluem naturalmente, em resposta às necessidades profissionais e diferentes tarefas das comunidades envolvidas. É uma questão de simplesmente se tornar bilíngue, e sensível aos diferentes significados das palavras nos diversos contextos. Significa estar preparado para perguntar às pessoas: "O que você quer dizer quando usa esta palavra?" e preparar-se para aceitar que o uso que elas fazem daquela palavra pode não ser idêntico ao uso que você faz da palavra - o que não significa que as pessoas estejam erradas, e você certo. Caso contrário, a comunicação através das fronteiras disciplinares se tornaria impossível. Os cientistas usam a linguagem de um modo que difere do uso comum; assim também fazem os teólogos. A primeira fase em qualquer tentativa de se engajar numa disciplina é entender o uso que ela faz da linguagem.

Dawkins, de forma correta, fez uma crítica mordaz à filósofa Mary Midgley por ela criticar a sua hipótese do "gene egoísta" sem qualquer consciência de como os cientistas usavam a linguagem. As palavras de Dawkins merecem ser citadas:

"Midgley] parece não entender o uso que a biologia ou os biólogos
fazem da linguagem. Sem dúvida minha ignorância ficaria da mesma maneira óbvia se me lançasse precipitadamente ao campo em que ela é perita, mas então eu adotaria um tom mais modesto. Como ambos estamos em meu terreno, é difícil não considerar isso uma grosseria."

Mas, esse não é o mesmo Richard Dawkins que, nada sabendo sobre teologia cristã, se lança precipitadamente no campo, e diz aos teólogos o que eles realmente querem dizer ao usarem sua própria linguagem? Ou que eles de fato querem dizer "confiança cega" quando falam de "fé?" Há uma total falha por parte de Dawkins até mesmo para começar a entender, na linguagem da teologia cristã, o que ela significa. Na verdade, é muito difícil considerar com algum grau de seriedade os julgamentos que faz das alegadas falhas na linguagem teológica.

Vamos tentar ser mais diretos neste momento. Como um teólogo histórico profissional, não hesito em afirmar que a tradição cristã clássica sempre valorizou a racionalidade, não defendendo que a fé envolva o completo abandono da razão ou a crença contra a evidência. Na verdade, a tradição cristã é tão consistente nessa questão que é difícil entender de onde Dawkins tirou a idéia de fé como "confiança cega". Até mesmo uma leitura superficial das obras dos grandes filósofos cristãos como Richard Swinburne (Universidade de Oxford), Nicolas Wolterstorff (Universidade de Yale), e Alvin Plantinga (Universidade de Notre Dame) revelaria um fervoroso compromisso com a questão de como alguém poderia fazer declarações "seguras" ou "coerentes" a respeito de Deus. Não existe a questão confiança cega. A questão é como se poderia fazer um juizo embasado, racional e defensável da questão sobre Deus, quando a evidência é tão ambivalente.

Ora, talvez Dawkins esteja tão ocupado escrevendo livros contra religião que não tenha tempo de ler as obras de religião. Nas raras ocasiões em que cita os teólogos clássicos, tende a fazê-lo de segunda mão, muitas vezes com resultados assustadores. por exemplo, Dawkins elege o escritor cristão Tertuliano (c. 160 - c. 225) para fazer um comentário particularmente acerbo, por conta de duas citações de seus escritos: "É certo porque é impossível" e "sem dúvida creio porque é absurdo". Dawkins tem pouco tempo para tal tipo de tolice. "Esse é o caminho da loucura".

Na visão dele, a abordagem de Tertuliano - como comprovada por essas citações isoladas - é exatamente como a da Rainha Branca em Através do Espelho, de Lewis Carroll, que teimava em acreditar em seis coisas impossíveis antes do café da manhã. Como essa referência desprezível a Tertuliano é uma das poucas ocasiões em que Dawkins emprega representantes sérios da tradição teológica cristã, proponho tomar seus comentários com seriedade e verificar para onde nos levam. Eles poderiam nos dizer algo sobre Tertuliano, até mesmo sobre o cristianismo, ou, então, mais uma vez, sobre o próprio Dawkins.

Tertuliano nunca escreveu as palavras "sem dúvida creio porque é absurdo". Essa citação deturpada é muitas vezes atribuída a ele em textos menores. Mas é uma atribuição indevida e assim tem sido tratada por muitos. Portanto, no mínimo podemos pressupor com certa razão que Dawkins não leu diretamente Tertuliano, mas tirou essa citação de uma duvidosa fonte secundária. Isso poderia nos dizer algo sobre quão seguros são seus julgamentos sobre estas questões.

No entanto, Tertuliano escreveu as palavras "é certo porque é impossível". Porém o contexto deixa claro que, em nenhum momento, está argumentando em defesa de uma "fé cega". Eis a passagem completa, primeiro em latim:

Crucifixus est dei filius; non pudet, quia pudent est.
Et mortuus est dei filius; credibile prorsus est, quia ineptum est.
Et sepultus resurrexit; certum est, quia impossibile.

O Filho de Deus foi crucificado: não me envergonho, porque é vergonhoso.

O Filho de Deus morreu: á absolutamente crível, porque é torpe.
Ele foi sepultado, e se levantou novamente: é certo, porque é impossível.

Nessa passagem, ao contrário do que Dawkins acredita, Tertuliano não está discutindo a relação entre fé e razão, ou a base evidencial do cristianismo. Lendo a passagem no contexto, imediatamente é eliminada qualquer idéia desse tipo. Sabe-se desde 1916 que, nessa passagem, Tertuliano está lidando com algumas idéias de Aristóteles. James Moffat, que demonstrou a relação, nota o aparente absurdo das palavras de Tertuliano:

Este é um dos paradoxos mais desafiantes em Tertuliano, uma das sentenças vivas, reveladoras, nas quais não hesita em destruir o sentido das palavras para fazer a sua observação. Ele exagera deliberadamente para chamar a atenção para a verdade que quer transmitir. A frase é muitas vezes citada de forma errônea, e muito frequentemente é considerada como cristalização de um preconceito irracional em sua mente, como se ele desprezasse e desdenhasse a inteligência na religião - uma suposição que não sobreviverá a uma comparação em primeira mão com os escritos do pai africano.

A questão é que o evangelho cristão é, naquele momento, profundamente contracultural e contra-intuitivo. Assim, por que alguém iria querer ajustá-lo, quando é tão obviamente improvável, a tais padrões de sabedoria? Tertuliano, então, parodia uma passagem da Retórica de Aristóteles, a qual argumenta que uma afirmação extraordinária poderia muito bem ser verdadeira, precisamente pelo fato de ser tão fora do comum. O que com certeza devia ser uma piada retórica para os que conheciam Aristóteles.

Mas esse é apenas um de toda uma série de argumentos que Tertuliano apresenta nesse momento, e é grotescamente inexato determinar toda a sua atitude em relação à racionalidade com base em uma única e isolada frase. A atitude de Tertuliano a respeito da razão está definitivamente resumida na seguinte citação:

Porque a razão é uma propriedade de Deus, visto que não existe nada que Deus, o criador de todas as coisas, não previu, organizou e determinou através da razão. Além disso, não existe nada que Deus não deseje que seja investigado e entendido pela razão.

No final das contas o que importa é que não existe limite para o que pode ser "investigado e entendido pela razão". O mesmo Deus que criou a humanidade com a capacidade de raciocinar espera que a razão possa ser usada na investigação e representação do mundo. Sendo que a maioria dos teólogos cristãos faz hoje, como fez no passado. Com certeza há exceções. Mas Dawkins parece preferir tratar as exceções como se fossem a regra, não oferecendo qualquer evidência em defesa dessa conclusão altamente questionável.

As visões de Dawkins sobre a natureza da fé deveriam muito bem ser consideradas como um embaraço a qualquer um envolvido com a precisão acadêmica. Algo que não contribui em nada para a sua credibilidade, em especial suas ocasionais declarações em tom de sermão, por exemplo: "Como amante da verdade, suspeito de crenças defendidas com vigor que não sejam sustentadas pela evidência". Então, vamos apenas estipular um limite para esse nonsense e passar para algo mais interessante.


O Deus de Dawkins - Alister McGrath - págs.121 a 127


sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Dia das Crianças 2013


Disse Jesus: “Deixai vir a mim as criancinhas, pois delas é o Reino de Deus...” ( Mateus)



Quando vejo meu filho de 4 anos fazendo determinadas perguntas tão sem nexo, tão sem sentido, posso perceber a ingenuidade e a pureza da criança... Como pode acreditar em coisas que fogem das leis da natureza?

Nós, adultos, somos responsáveis pela criação, pelo carinho, pela atenção, por este crescimento saudável que as crianças devem ter. É certo que devemos crescer; mas nunca perder a fé ou a pureza que as crianças demonstram tão naturalmente. Esse crescimento não pode ser feito às margens da palavra de Deus. Ela deve ser o norte, o guia, o manual da boa educação. Devemos “ensinar a criança do caminho em que deve andar e mesmo quando crescer, ela não se desviará dele...”(Provérbios)

Porém, estamos tão preocupados em dar roupas, alimentação, escola, saúde que nos esquecemos de que o principal é o alimento espiritual; as demais coisas são acrescentadas pela misericórdia de Deus.

Neste dia das crianças não dê simplesmente presentes;  faça uma oração de cobertura pela vida deles. Peça livramento sobre os males deste mundo, peça unção de ousadia para serem testemunhas por onde quer que vão e independente do que façam nesta vida secular.

Agradeça a Deus pela sua criança, pelas crianças da sua família e pelas crianças do nosso Brasil. Acredite que com sua oração elas vão alcançar lugares altos, que farão muito mais e melhor do que nós fizemos  e que serão uma benção e instrumentos nas mãos de Deus.

Às crianças de hoje e às eternas , Feliz Dia das Crianças!!


Nair Custódio


segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Disciplina sem aborrecimento



Quase ninguém gosta da palavra "disciplina". Ela é, ao mesmo tempo, a benção e a maldição da vida. A disciplina parece se colocar sempre como um peso nos ombros. Mas, se você puder simplesmente perceber a necessidade da disciplina e seu fruto, poderia compreender porque ela oferece tão grandes recompensas. Pense no atleta que disciplina o corpo para uma corrida importante. Pense na disciplina do estudo antes de um exame e a recompensa do sucesso. Pense no trabalho com amor e a vitória de fazer a colheita após ter plantado sementes saudáveis. Pense em honrar a Deus com tudo o que você tem e a paz que isso traz. O Senhor disse que disciplina a quem ama (v. Hebreus 12.6; Apocalipse 3.19), por extensão, a vida indisciplinada é vida sem amor.

O Grande Tecelão - Ravi Zacarias - Pág. 127



terça-feira, 1 de outubro de 2013

Convicções sem transigência

A vontade é ao mesmo tempo a formadora de minhas convicções e a causa eficiente para honrá-las. Determinar essas convicções me proporciona uma linha direta para estabelecer meus limites. Às vezes, infelizmente, operamos dentro de uma zona onde as linhas não são muito claras - algo como a linha de impedimento no futebol, onde o bandeirinha julga se o jogador está impedido ou não. É por isso que a categoria geral de primeiro estabelecer os objetivos e depois medir cada momento a partir desse objetivo é tão importante.



Aqui, o exemplo clássico é José, no Antigo Testamento. Quando a mulher de potifar o tentou insistentemente, ele lhe deu esta resposta: "Como poderia eu, então, cometer algo tão perverso e pecar contra Deus?" (Gênesis 39.9). Note que ele não disse: "E se formos pegos?". Ele não disse: "É uma decisão difícil!". Qualquer outra resposta daria ensejo à continuidade da tentativa de seduzi-lo. Sua resposta removeu qualquer possível apelo à racionalização e entrega à tentação.

A convicção não é meramente uma opinião. É algo tão profundamente enraizado na consciência que mudá-la seria alterar sua verdadeira essência.

O Grande Tecelão - Ravi Zacarias - Págs. 126 e 127