sexta-feira, 29 de outubro de 2010

obediencia



Após relatar as bênçãos da aliança, Deus apresentou os termos que Abraão deveria obedecer: “De sua parte’, disse Deus a Abraão, ‘guarde a minha aliança, tanto você como seus futuros descentes. Esta é a minha aliança com você e com seus descendentes, aliança que terá que ser guardada: Todos os do sexo masculino entre vocês serão circuncidados na carne. Terão que fazer essa marca, que será o sinal da aliança entre mim e vocês. Da sua geração em diante, todo menino de oito dias de idade entre vocês terá que ser circuncidado, tanto nascidos em sua casa quanto os que forem comprados de estrangeiro e que não forem descendentes de vocês. Sejam nascidos em sua casa, sejam comprados, terão que ser circuncidados. Minha aliança, marcada no corpo de vocês, será uma aliança perpétua. Qualquer do sexo masculino que for incircunciso, que não tiver sido circuncidado, será eliminado do meio do seu povo; quebrou a minha aliança’” (Gn 17.9-14).
A maior exigência que Deus fez a Abraão, para que ele e sua semente herdassem as bênçãos da aliança, foi a OBEDIÊNCIA. A circuncisão da carne era sinal da aliança de Abrão com Deus. Os que recusassem a obedecer a esta ordenança e permanecessem incircuncisos, seriam culpados de quebrar a aliança e rejeitados.
A circuncisão da carne na Antiga Aliança era sombra da circuncisão que ocorre no coração e no espírito da descendência de Abraão sob a Nova Aliança. Por ter fé na promessa de Deus, Abraão foi considerado justo perante Ele. A circuncisão da carne era sinal exterior de sua aliança com Deus.
Paulo disse aos romanos: “Dizemos que a fé foi creditada a Abraão como justiça. Como (lhe) foi creditada? Antes ou depois de ter sido circuncidado? Não foi depois, mas antes de ser circuncidado. Ele recebeu a marca da circuncisão como sinal ou evidência ou como selo de justiça que ele possuía pela fé, quando ainda não era circuncidado, (fé) de que seria pai de todos os que [verdadeiramente] cressem sem ter sido circuncidados, a fim de que a justiça [boa situação com Deus] também lhes fossem creditada” (Rm 4.9-11; TAB [Versão Amplificada]).
A circuncisão identificava os que haviam feito aliança com Deus. Os que deixaram de ser circuncidados quebraram a aliança e foram desprezados.
A justiça de Abraão foi resultado da fé, não da circuncisão exterior, da carne. Pela fé, Abraão firmou aliança com Deus, obedeceu às condições da aliança e recebeu as promessas.
Sob a Nova Aliança, Deus ainda requer a circuncisão. Nós que somos a semente de Abraão, firmamos uma aliança por meio da fé no Cristo ressurreto e no seu poder de nos salvar. Somos considerados justos, justificados e estabelecidos em boa posição para com Deus, por meio da fé.
Quando aceitamos a Cristo pela fé, o nosso coração é circuncidado. Deus escreve os seus estatutos e mandamentos em nossa mente bem como o desejo de conhecê-lo, amá-lo e obedecer-lhe. A nossa carne – a natureza carnal – é crucificada. Somos lavados, os nossos pecados são perdoados e somos justificados perante Deus.
O sinal de nossa aliança com Deus não é a circuncisão da carne, mas a do coração.
Paulo declarou aos romanos: “Não é judeu [verdadeiro] quem o é apenas no exterior e publicamente nem é a [verdadeira] circuncisão algo exterior e físico. Mas é judeu quem o é interiormente, e a [verdadeira] circuncisão é a do coração, pelo Espírito, e não literal” (Rm 2.28, 29; TAB).
Ele disse aos colossenses: “Nele também vocês foram circuncidados, não como uma circuncisão feita por mãos humanas, mas com a circuncisão (espiritual) feita por Cristo, que é o despojar do corpo da carne [do todo corrupto, da natureza carnal com as suas paixões e cobiças]. [Então vocês foram circuncidados quando] foram sepultados com Ele no [seu] batismo, no qual também ressuscitaram com Ele [para uma nova vida] mediante a fé no poder de Deus [conforme demonstrado] quando Ele o ressuscitou dentre os mortos” (Cl 2.11, 12 TAB [versão amplificada]).
Sem a circuncisão espiritual do coração, não pode haver aliança com Deus! É pela fé no Espírito de Deus operando em nós que o nosso coração é circuncidado, não por meio de nossas fúteis tentativas de crucificar a carne. A nossa justiça é pela fé, não por obras. Para viver uma vida santa de obediência a Deus, não podemos depender de nós mesmos, de nossas habilidades, e sim do Espírito que Deus colocou dentro de nós para realizar a sua justiça em nós.
Em obediência à ordem divina de guardar a aliança pela circuncisão, Abraão naquele mesmo dia circuncidou Ismael e todos os que eram do sexo masculino em sua casa (Gn 17.23).
A aliança entre Abraão e Deus foi selada pelo ato de obediência do patriarca, pela sua disposição em oferecer o próprio filho, Isaque.
Para herdar as bênçãos da aliança com Deus, você deve andar em obediência a Deus.
Deus requer obediência, tanto sob a Antiga Aliança quanto sob a Nova. Não permita que ninguém lhe diga que a obediência aos mandamentos de Deus não é mais necessária na Nova Aliança. Ela é! A diferença é que, sob a Antiga Aliança, era impossível aos israelitas, no estado pecaminoso em que se encontravam, obedecer totalmente à Lei. Sob a Nova Aliança, Deus nos deu o DESEJO e o PODER de andarmos em total obediência a Ele!


Fonte: Bíblia de Estudo - Editora central Gospel

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

O tratamento completo


Acho que uma grande quantidade de pessoas já se aborreceu com [...] as palavras divinas: “Sejam perfeitos”. Algumas pessoas parecem achar que isso significa: “enquanto vocês não forem perfeitos, eu não os ajudarei”; e como não conseguimos ser perfeitos, se Cristo quisesse dizer isso mesmo, então a nossa situação é desesperadora. Mas eu não acredito que ele quis dizer isso mesmo. Eu desconfio de que ele quis dizer: “A única ajuda que eu lhe darei será para vocês se tornarem perfeitos. Você pode até querer algo menos, mas eu não lhe darei nada menos do que isso”.

Deixe-me explicar. Quando criança, muitas vezes eu tinha dor de dente, e sabia que, se eu falasse com a minha mãe, ela me daria algo que parasse com a dor durante aquela noite e me deixasse dormir. Mas eu não procurava a minha mãe – pelo menos não até a dor ficar realmente ruim. E eu tinha boas razões para tanto. Eu não duvidava que ela iria me dar aspirinas; mas eu sabia que ela também faria algo mais. Eu sabia que ela me levaria ao dentista na manhã seguinte. Eu não podia obter dela o que eu estava querendo a não ser recebendo algo mais, que eu não queria. Eu desejava alívio imediato da dor; mas eu não o podia obter sem ter os meus dentes tratados permanentemente. E eu conhecia bem os dentistas; sabia que eles começavam a procurar outros dentes que ainda não começaram a doer. O lema deles é que é melhor prevenir do que remediar e, se você lhes dá um dedinho eles querem a mão toda.

Agora, se eu puder colocar dessa maneira, o Nosso Senhor é como um dentista. Se você lhe dá um dedinho só, ele o toma pela mão toda. Dezenas de pessoas o procuram para serem curadas de algum pecado particular do qual tem vergonha (como masturbação ou covardia física) ou de qualquer coisa que as incomode cotidianamente de forma clara (como mau humor ou bebedeira). Bem, ele o curará, sim; tudo bem; mas ele não irá parar por aí. Pode até ser que isso seja tudo o que você tenha pedido a ele; mas, uma vez que você o chame para entrar, ele lhe oferecerá tratamento completo.

C S Lewis – Cristianismo Puro e Simples

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

O Homem Lobo


Não lobisomem, que é lobo por fora. Mas homem-lobo porque é lobo por dentro. Não homem vestido de lobo, mas lobo vestido de homem.

A imagem é antiga. Criada por Plauto, famoso poeta latino: homo homini lupus - o homem é lobo para o próprio homem.
Mas lobo por quê?
Porque é mau como o lobo. Porque tem coração de fera. Vive farejando sangue. Carniceiro. Animal de presa. Espalhando o ódio, o terror e a morte em toda parte.

Lobo traiçoeiro. Que não uiva para anunciar a sua presença, mas que espreita a vítima para surpreendê-la. A vítima pode ser outro lobo - que lobo, quando é homem, come outro lobo.
Como pode ser uma indefesa ovelha, que é o seu melhor petisco. Isto é: gente simples, mansa, inofensiva, inerte, costuma servir de suculento repasto ao homem-lobo.

Mas pode acontecer um fato surpreendente: o homem-lobo conviver com o homem-ovelha. Animais selvagens misturados com animais domésticos. Demos a palavra ao profeta Isaías:
"E morará o lobo com o cordeiro e o leopardo e o cabrito se deitarão juntos e o bezerro e o filho do leão e a nédia1 ovelha viverão juntos e um menino os guiará" (Isaías 11:6).

O que é de causar espécie no texto acima não é só o insólito rebanho, em que feras se misturam com rezes, mas o pastor: um menino.
Que menino será esse?
Jesus. O menino que nasceu em Belém. Numa estrebaria. Ele é o bom Pastor. Que é que ele fez para dominar o homem-lobo?

Será que o açoitou, como fazem os domadores? Ou que o prendeu numa jaula? Nada disso. O que ele fez só ele pode fazer: transformou o lobo em ovelha. Mudou o lobo por dentro, fazendo um transplante de corações: Promessa anunciada pelo profeta Ezequiel:
"Tirarei da sua carne o coração de pedra e lhes darei um coração de carne" (Ezequiel 11:19)
Então o lobo pode viver pacificamente com a ovelha.

Em suma: Cristo é o grande pacificador. Só ele torna possível a política de boa vizinhança. Só ele pode fazer da humanidade um rebanho. Se ela aceitar o seu domínio porque de outra maneira a humanidade continuará a ser uma alcatéia de lobos e não um rebanho de ovelhas.

Cristo conquista a paz não com uma espada nas mãos, mas com as mãos numa cruz. Não matando, mas morrendo.
Derramando o seu próprio sangue.

1 Nédio: De pele lustrosa; de aspecto lustroso, devido à gordura.


Pastor Rubens Lopes
 

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Protegendo-se do vento




O problema real da vida cristã aparece onde as pessoas normalmente não o procuram. Ele aparece no instante em que você acorda a cada manhã. Todos os seus desejos e esperanças para o dia correm até você como animais selvagens. E a primeira tarefa de cada manhã consiste simplesmente em empurrá-los todos para trás; em dar ouvidos àquela voz, tomando aquele outro ponto de vista, deixando aquela outra vida mais ampla, mais forte e mais calma entrar como uma brisa. E assim por diante, todos os dias. Mantendo distância de todas as inquietações e de todos os aborrecimentos naturais, protegendo-se do vento.

      No começo, nós somos capazes de fazê-lo somente por alguns momentos. Mas então o novo tipo de vida estará se propagando por todo o nosso ser, porque então estamos deixando Cristo trabalhar em nós no lugar certo. Trata-se da diferença entre a tinta, que está simplesmente deitada na superfície, e um mofo ou mancha que penetra (na tela). Ele nunca disse baboseiras vagas e idealistas. Quando ele disse “sede perfeitos”, quis dizer isso mesmo. Ele quis dizer que precisamos entrar no tratamento completo. É muito duro; mas o tipo de compromisso que todos nós estamos desejando ardentemente é mais difícil – na verdade, é impossível. Pode ser duro para um ovo transformar-se em um pássaro; seria uma visão deveras divertida, e muito mais difícil, tentar voar enquanto ainda se é um ovo. Hoje nós somos como ovos. Mas você não pode se contentar em ser um ovo. Hoje nós somos como ovos. Mas você não pode se contentar em ser um ovo comum, ainda que decente. Ou a sua casca se rompe ou você apodrecerá.


C S Lewis – Cristianismo Puro e Simples

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Vidas Apagadas.


Há quem passe por este mundo sem dar-se conta de que existe. Vidas obscuras. Que não deixam marcas por onde andam. Que parecem não ter impressões digitais para assinalar os lugares onde põem as mãos. Vidas descaracterizadas. Despercebidas.

Na verdade, cada um de nós deve ser uma presença. Uma presença marcante. Uma personalidade. Tem que ser assim se somos discípulos de Jesus, pois ele disse deles: "Vós sois a luz do mundo" (Mateus 5.14).
E mais:
"Resplandeça a vossa luz diante dos homens" (Mateus 5.16).

Ora, toda luz é um foco. Um ponto de referência. Tanto mais que a analogia que Cristo usou no texto acima foi a do velador:
"Não se esconde a candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas no velador" (Mateus 5.15).
Velador é um suporte vertical de madeira que tem uma base ou pé na extremidade inferior e um disco na extremidade superior onde se coloca um candeeiro ou uma vela.
No velador a luz fica alta, para iluminar mais. Assim tem que ser o cristão: não só um ponto luminoso, mas alto. Um centro de influência que abranja o maior círculo possível.
E se ele se apaga?

Cristo usou outra figura: E se ele se esconde dentro do alqueire1?
"Nem se acende a cadeia e se coloca debaixo do alqueire" (Mateus 5.15).
Debaixo do alqueire, a candeia é como se estivesse apagada, pois não ilumina coisa nenhuma.

Mas imaginemos que ela se apague no escuro. Por ter medo do escuro. Que no escuro ela escureça também. E que brilhe no claro. De dia e quando o sol vai alto. Que só se dê bem com a luz e que de noite não tenha ânimo para ficar acessa.
Quantos cristãos procedem dessa maneira! Contraditoriamente.
Brilham muito onde não falta luz. Vivem de somar luz.
Brilham nos templos, aos domingos, freqüentando atos de culto: mas apagam-se no dia seguinte, no lugar onde trabalham, esquecidos totalmente de pôr em prática os ensinos que ainda na véspera encareciam como essenciais à conduta humana.
Em outras palavras: religião, religião, negócios à parte.

Outro exemplo: revelam-se fortes nas horas tranqüilas da vida, mas perdem a cabeça nas horas turbulentas. Ótimos para aconselhar infelizes, mas incapazes de enfrentar, eles mesmos, a adversidade. Uma infelicidade que se abata sobre eles basta para fazê-los entrar em eclipse.

Ainda outro exemplo: em casa, quanto à esposa e aos filhos, não haverá quem seja melhor marido e melhor pai. E mais educado. E mais aconselhador. Mas é só sair de casa, é só virem buscá-lo os amigos, é se o trocar de ambiente, e o outro lado dessa personalidade aparece. Se o vêem, os seus familiares não acreditam estar diante do mesmo homem.

Entendemos que a luz é para brilhar no escuro, não no claro: não de dia, de noite.
Se sou bom onde todos são bons, estarei sendo uma vida luminosa no meio de outras vidas luminosas. Mas se deixo de ser bom onde só o mal existe, estarei sendo uma vida apagada no meio de outras vidas apagadas: não seria melhor que eu fosse uma candeia solitária, mas acesa?

1 Alqueire: recipiente quadrado, geralmente de madeira, com duas alças, que utiliza para medir um alqueire de cereais.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Só um voltou.



O fato ilustra bem a ingratidão.

Ia Jesus saindo de Jerusalém quando se encontrou com um bando de leprosos, que formavam uma pequena comunidade fora da cidade, como recomendava o Levítico:
"A sua habitação será fora do arraial" (Levítico 13.46).
Como Jesus passasse, eles, mantendo-se a uma distância de pelo menos cem passos, gritavam:
"Jesus, Mestre, tem misericórdia de nós!" (Lucas 17.13).
Ao que o Senhor respondeu laconicamente:
"Ide e mostrai-vos aos sacerdotes", como preceituava o Levítico.
E eles foram, e enquanto iam ficaram curados, o que foi constatado pelos sacerdotes, que lhes deram alta, como diríamos hoje falando de médicos.
Cada um tomou o seu rumo depois disso. Nenhum se lembrou de voltar para agradecer a cura que ele lhes dera.


Nenhum, não; um voltou. E esse era samaritano. Voltou para cair aos pés de Jesus, com o rosto em terra, dando-lhe graças (Lucas 17.16). Cristo comentou aquele desfecho, dizendo com mal disfarçada amargura: "Não foram dez os limpos? Onde estão os nove? Não houve quem voltasse para dar glória a Deus senão este estrangeiro?" (Lucas 17.17,18). É que os samaritanos não se davam com os judeus, como estes não se davam com aqueles: odiavam-se.

Como dizíamos, o fato ilustra bem a ingratidão. Falta de reconhecimento por um benefício recebido. Defeito grave, que mais grave se torna quando o objeto da ingratidão é Deus.

Não é verdade que facilmente nos esquecemos de dar graças a Deus pelos bens que ele nos dá?
Apraz-nos pedir quando a necessidade aperta: em momentos assim estiramos os braços para o céu, crispamos as mãos e gritamos como gritavam os dez leprosos dirigindo-se a Jesus. A resposta vem e damos o assunto por encerrado.
Se é para balbuciar um agradecimento, lembramo-nos do médico que nos curou ou do benfeitor que nos fez sair do beco sem saída onde estávamos encurralados.
Mas não nos lembramos de Deus, que nos mandou aquele médico ou aquele benfeitor.
Assim, houve petição, mas não houve ação de graças.

Aconteceu exatamente isso com uma senhora que na cidade de Bristol acabara de receber para uma criança órfã uma excelente ajuda do conhecido filantropo Richard Reynolds:
- Ensinarei a este menino o nome do seu benfeitor para que quando crescer nunca dele se esqueça.
- Perdão, corrigiu o bondoso homem, não lhe ensine o meu nome, mas o de Deus.

Acaso agradecemos às nuvens a chuva que elas nos dão?
Diz uma lenda que os pássaros quando bebem água erguem o bico para agradecer a Deus aquele gole. Para cada gole um agradecimento.
Nem é preciso que sejamos como os pássaros, agradecendo de gole em gole: basta que agradeçamos a água...
Caindo aos pés de Jesus...
Como aquele samaritano.


Pastor Rubens Lopes

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Palavras de Animo


"Eu lhes disse essas coisas para que em mim vocês tenham paz. Neste mundo vocês terão aflições; contudo, tenham ânimo! Eu venci o mundo".


(Jo 16.33)

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Eu Sei



"Eu sei em quem tenho crido" (II Timóteo 1:12).

Frase de Paulo. Peremptória1. De tom terminante. Que não admite contestação: Eu sei.

É bom lembrar que Paulo não era um homem qualquer, mas um homem excepcional. Culto. Esclarecido. Não era um fanático. Um paranóico. Padecendo de delírios de grandeza. De alucinações. Era teólogo. Escritor. Pregador. Líder respeitadíssimo da igreja apostólica.
Um homem dessa envergadura merece fé: se ele disse que sabia é porque sabia.
E que sabia ele?

Sabia em quem tinha crido. Em quem e não em quê. A sua fé tinha por objeto uma Pessoa e não uma coisa. Era crença, não era crendice. Ele não era prisioneiro de uns tantos artigos de fé, mas de alguém. De Jesus. De Jesus ele era mais do que prisioneiro: era escravo. Como escreveu no prefácio da Epístola aos Romanos: "Paulo, escravo de Cristo, chamado para ser apóstolo, separado para Evangelho de Deus" (Romanos 1:1).

Ele tinha fé esclarecida. Racional. Consciente. Não apenas dogmática2, mas pragmática3 porque era em quem e não apenas em quê.

Tão esclarecida e racional e consciente e experimental que ela não era um fato passado, mas presente. Porque quando ele disse tenho crido ele estava usando o pretérito perfeito desse verbo e na língua grega o pretérito perfeito associa duas ações: uma que foi completada no passado e outra que se completa no presente. Uma pontilear; outra, linear. Era como se ele dissesse: cri e continuo crendo.

A fé tem que ser assim. Como uma labareda que arde e não como cinzas de uma labareda que ardeu. Atual e não passada.

A fé que é apenas uma reminiscência4 não houve. Foi um simulacro5. Um arremedo6. A fé autêntica não sucumbe nunca, antes evolui sempre. Cresce. Consolida-se.

O crente começa pequeno e acaba grande. Torna-se adulto. Amadurece. Quanto mais crê tanto mais crê. Porque a fé é uma relação entre pessoa e Pessoa. Quanto mais conhecemos a Pessoa de Jesus tanto mais a nossa fé nele se revigora. Por isso a fé é inabalável. Indissolúvel. E crescente.

De sua empregada que se fechara no quarto para orar o patrão indagou irônico: - Mas você ainda crê num Deus que não existe?
Como não existe, senhor, se agora mesmo conversei com ele?
Eis aí: argumento é uma coisa; experiência é outra. Saber, por força de um silogismo7, que Deus existe é uma coisa; ter comunhão pessoal com ele é outra. A fé não é uma noção de Deus, mas uma experiência de Deus. Vida com Deus. Que só podemos ter pela fé - a graça como causa eficiente e a fé como causa mediante:
"Pela graça sois salvos, mediante a fé" (Efésios 2:8)


1 Peremptório: que é terminante, definitivo, decisivo.
2 Dogmático: referente a um ponto fundamental de uma doutrina religiosa, que se apresenta como certo e indiscutível, o qual se espera que as pessoas aceitem como verdade sem questionar.
3 Pragmático: aquilo que está direcionado para objetivos práticos; o que é realista e objetivo.
4 Reminiscência: Lembrança vaga; Uma imagem do passado que se mantém na memória.
5 Simulacro: Imitação; Falso aspecto; de aparência enganosa.
6 Arremedo: Cópia ou imitação deficiente.
7 Silogismo: Lógica aristotélica que diz que a partir de duas proposições obtém-se uma conclusão. Ex: Se A é igual a B e B é igual a C então se conclui que A é igual a C.



Pastor Rubens Lopes

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Encare as circunstâncias como uma oportunidade para um milagre



Houve um poderoso homem de Deus chamado Paulo, que sabia o que era uma vida de milagres. O poder miraculoso de deus era manifestado nesse grande apóstolo de maneira tão magnífica “que até lenços e aventais que Paulo usava eram levados e colocados sobre os enfermos. Estes eram curados de suas doenças, e os espíritos malignos saíam deles” (Atos 19.12).
         Ao analisar algum milagre específico experimentado por Paulo, lembre-se de que isso é algo que não pode ser realizado por meios humanos – trata-se de uma manifestação da parte de Deus que ocorre em nossa vida para que possamos resolver situações impossíveis de solucionar por meios naturais.
         No texto em estudo, vemos Paulo diante das seguintes circunstâncias:
1.       Foi acusado injustamente (v. 19-21);
2.     Rasgaram as suas roupas e açoitaram-no (v. 22);
3.     Lançaram-no na prisão e colocaram os seus pés no tronco (v. 23,24).
Se Paulo realmente precisava de uma intervenção divina, esse era o momento!
         Tente colocar-se no lugar dele. Como você teria reagido? Muitos cristãos hoje não sabem lidar com adversidades. Ficam temerosos, confusos, irados, ultrajados e mergulhados e mergulhados em autocomiseração. Muitos questionam a Deus: “Por que permitiste que isto acontecesse comigo? Por acaso não me amas? Por que te esqueceste de mim?”.
         Esses cristãos acham que a vitória é ausência de sofrimento ou de problemas. Ou então crêem que a vitória só acontece quando a batalha termina, quando o sofrimento chega ao fim ou quando têm todos os problemas resolvidos.
         Entretanto, Deus nunca nos prometeu isenção de problemas ou sofrimento. Ele prometeu paz e poder para vencer! (Jo 16.33). No texto em estudo, Paulo nos deu um exemplo de vitória em meio à batalha.
         Imaginemos o apóstolo na prisão. Ele estava sentado no chão frio e duro, incapaz de mover-se, com os pés presos firmemente ao tronco e o sangue vertendo dos ferimentos em suas costas. Em meio a essa circunstâncias, Paulo teve o profundo discernimento de que Deus estava no controle de tudo e que ia libertá-lo.
         Podemos visualizá-lo erguendo os olhos e as mãos lentamente, em direção ao céu. Em meio àquela situação, Paulo começou a entoar cânticos de louvor e adoração a Deus. Cantando cada vez mais alto, a sua voz ecoou pela prisão. Silas uniu-se a ele, e os dois encheram o ar da noite com cânticos, até que a presença poderosa de Deus invadiu todo o cárcere. De repente, Deus interveio nas circunstâncias com um milagre! (v. 25,26).
         E o Senhor não apenas supriu a necessidade de Paulo e Silas com um milagre: como resultado da manifestação de seu poder, o carcereiro foi salvo com toda a sua casa (v. 27-34).
         Se você mantiver os olhos fixos em Deus e uma atitude de fé e gratidão para com aquele que o amou e salvou com o seu sangue, esse mesmo poder miraculoso lhe estará disponível. Tenha fé e receba o milagre!



         “Certo dia, indo nós para o lugar de oração, encontramos uma escrava que tinha um espírito pelo qual predizia o futuro. Ela ganhava muito dinheiro para os seus senhores com adivinhações. Essa moça seguia a Paulo e a nós, gritando: “Estes homens são servos do Deus Altíssimo e lhes anunciam o caminho da salvação”. Ela continuou fazendo isso por muitos dias. Finalmente, Paulo ficou indignado, voltou-se e disse ao espírito: “Em nome de Jesus Cristo eu lhe ordeno que saia dela!” No mesmo instante o espírito a deixou.
         Percebendo que a sua esperança de lucro tinha se acabado, os donos da escrava agarraram Paulo e Silas e os arrastaram para a praça principal, diante das autoridades. E levando-os aos magistrados, disseram: “Estes homens são judeus e estão perturbando a nossa cidade, propagando costumes que a nós, romanos, não é permitido aceitar nem praticar”.
         A multidão ajuntou-se contra Paulo e Silas, e os magistrados ordenaram que se lhes tirassem as roupas e fossem açoitados. Depois de serem severamente açoitados, foram lançados na prisão. O carcereiro recebeu instruções para vigiá-los com cuidado. Tendo recebido tais ordens, ele os lançou no cárcere interior e lhes prendeu os pés no tronco. Por volta da meia-noite, Paulo e Silas estavam orando e catando hinos a Deus; os outros presos os ouviam. De repente, houve um terremoto tão violento que os alicerces da prisão foram abalados, imediatamente todas as portas se abriram, e as correntes de todos se soltaram.”
Atos 16.16-26
  

Bíblia de Estudo – pag. 1435, 1436 – editora Central Gospel

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Essa coisa chamada eu



ADMITO que (em outras palavras) isso significa amar pessoas que não têm nada de amável. Mas será que alguma pessoa tem algo de amável? Você se ama simplesmente porque é você mesmo. Deus quer que amemos todas as pessoas da mesma forma e pela mesma razão. Ele nos deu a fórmula pronta, no nosso caso, para nos mostrar como a coisa funciona. O que temos de fazer então é ir em frente e aplicar a regra a todos os outros. Quem sabe isso torne tudo mais fácil, se lembrarmos que é assim que Deus nos ama. Não por quaisquer qualidades atrativas que imaginamos ter, mas só porque somos algo chamado “eu”. Na realidade, não há mais nada de amável em nós; somos criaturas que têm tanto prazer no ódio, que abrir mão dele seria para nós tão difícil quanto abrir mão da bebida ou do cigarro.


C S Lewis – Cristianismo Puro e Simples

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Eleições e Jesus

Em dias como estes, o assunto não poderia ser outro: as eleições. Muito já se veiculou a respeito, porém, nunca é demais reforçarmos o foco da responsabilidade, sobretudo quando lemos na bíblia, quando da eleição dos discípulos, o valor considerável que Jesus deu a esse momento. No evangelho de Lucas, no capítulo 6, à partir do verso 12, a bíblia relata que Jesus subiu ao monte e "...passou a noite orando a Deus". Isso, só para fazer a escolha certa.
Que tamanha responsabilidade! Bem sabemos que seu ministério público durou aproximadamente 3 anos, e nesse período era necessário treinar os discípulos escolhidos. Habilitá-los para continuarem a obra, sem Sua presença física.
Hoje, temos a responsabilidade (não muito minimizada) de escolher quem irá nos governar por 4 anos, e, provavelmente não nos damos ao luxo de passar uma hora sequer buscando uma direção dos céus pra isso.
Eleição de governantes é coisa séria.
Em I Timóteo 2:1,2 diz: "Antes de tudo, pois, exorto que se use a prática de súplicas, orações, intercessões, e ações de graças, por todos os homens; pelos reis, e por todos os que estão em eminência, para que tenhamos uma vida quieta e sossegada, em toda a piedade e honestidade;"
Penso que a nossa atitude em relação às eleições deveria ser mais preventiva.
Querido leitor, temos assistido alguns vídeos importantes (na própria internet) demonstrando a opinião sincera (porém insensata e torpe) de postulantes ao governo se dizendo a favor do aborto, casamento homossexual e outras práticas contrárias à Palavra de Deus, cujos princípios, qualquer pessoa cristã condena.
Lembre-se: o próprio Jesus encarou eleição com intensa e imensa responsabilidade. Faça o mesmo!