segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Vidas Apagadas.


Há quem passe por este mundo sem dar-se conta de que existe. Vidas obscuras. Que não deixam marcas por onde andam. Que parecem não ter impressões digitais para assinalar os lugares onde põem as mãos. Vidas descaracterizadas. Despercebidas.

Na verdade, cada um de nós deve ser uma presença. Uma presença marcante. Uma personalidade. Tem que ser assim se somos discípulos de Jesus, pois ele disse deles: "Vós sois a luz do mundo" (Mateus 5.14).
E mais:
"Resplandeça a vossa luz diante dos homens" (Mateus 5.16).

Ora, toda luz é um foco. Um ponto de referência. Tanto mais que a analogia que Cristo usou no texto acima foi a do velador:
"Não se esconde a candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas no velador" (Mateus 5.15).
Velador é um suporte vertical de madeira que tem uma base ou pé na extremidade inferior e um disco na extremidade superior onde se coloca um candeeiro ou uma vela.
No velador a luz fica alta, para iluminar mais. Assim tem que ser o cristão: não só um ponto luminoso, mas alto. Um centro de influência que abranja o maior círculo possível.
E se ele se apaga?

Cristo usou outra figura: E se ele se esconde dentro do alqueire1?
"Nem se acende a cadeia e se coloca debaixo do alqueire" (Mateus 5.15).
Debaixo do alqueire, a candeia é como se estivesse apagada, pois não ilumina coisa nenhuma.

Mas imaginemos que ela se apague no escuro. Por ter medo do escuro. Que no escuro ela escureça também. E que brilhe no claro. De dia e quando o sol vai alto. Que só se dê bem com a luz e que de noite não tenha ânimo para ficar acessa.
Quantos cristãos procedem dessa maneira! Contraditoriamente.
Brilham muito onde não falta luz. Vivem de somar luz.
Brilham nos templos, aos domingos, freqüentando atos de culto: mas apagam-se no dia seguinte, no lugar onde trabalham, esquecidos totalmente de pôr em prática os ensinos que ainda na véspera encareciam como essenciais à conduta humana.
Em outras palavras: religião, religião, negócios à parte.

Outro exemplo: revelam-se fortes nas horas tranqüilas da vida, mas perdem a cabeça nas horas turbulentas. Ótimos para aconselhar infelizes, mas incapazes de enfrentar, eles mesmos, a adversidade. Uma infelicidade que se abata sobre eles basta para fazê-los entrar em eclipse.

Ainda outro exemplo: em casa, quanto à esposa e aos filhos, não haverá quem seja melhor marido e melhor pai. E mais educado. E mais aconselhador. Mas é só sair de casa, é só virem buscá-lo os amigos, é se o trocar de ambiente, e o outro lado dessa personalidade aparece. Se o vêem, os seus familiares não acreditam estar diante do mesmo homem.

Entendemos que a luz é para brilhar no escuro, não no claro: não de dia, de noite.
Se sou bom onde todos são bons, estarei sendo uma vida luminosa no meio de outras vidas luminosas. Mas se deixo de ser bom onde só o mal existe, estarei sendo uma vida apagada no meio de outras vidas apagadas: não seria melhor que eu fosse uma candeia solitária, mas acesa?

1 Alqueire: recipiente quadrado, geralmente de madeira, com duas alças, que utiliza para medir um alqueire de cereais.

2 comentários:

  1. Enquanto o profeta estiver com a lâmpada acesa, ainda há salvação.
    Pior momento, é quando o profeta soprar a luz, e esta se apagar....

    Enquanto a luz estiver acesa......

    Quando o profeta fechar as portas, e deixar de acender a luz.........

    ResponderExcluir
  2. infelizmente poucos ``crentes`` estao preocupados en tentar mudar essa situaçoa em suas proprias vidas, estao em uma vida de conformismo estagnaçao espiritual, em sua zona de conforto...
    mais preocupados em dar uma boa impressao para os crentes que estao a sua volta do que levar a luz para os perdidos na na escuridao.

    ResponderExcluir