segunda-feira, 20 de agosto de 2012



Ravi Zacharias – Perguntas e respostas sobre o Ateísmo e o Teísmo




Estas perguntas e respostas foram tomadas das preleções Veritas, feitas na Universidade de Harvard, nas quais partes deste livro estão baseadas.


Primeiro Inquiridor: A minha pergunta é: Não é irrealista e egocêntrico Deus condenar um punhado de ateus que não creem nele, quando ele não lhes deu uma razão convincente para crerem?

R. Z.: Levarei de cinco a dez minutos para responder sua pergunta, de modo que talvez seria bom o senhor sentar-se. Lembro-me de uma vez em que estive respondendo a um questionamento doutrinário. A primeira questão foi: Deus é perfeito – explique. Brincando, ironizei com minha mulher, dizendo que “a única questão mais difícil do que esta em que eu poderia pensar seria: Defina Deus e dê dois exemplos”. Como se pode ver, algumas perguntas são espinhosas.
A sua pergunta, senhor, é muito boa, mas primeiro deixe-me assinalar algumas pressuposições desta questão que primeiramente o senhor terá de defender para que a pergunta seja até mesmo válida, as quais são vitalmente importantes que o senhor tenha em mente.
O senhor invocou uma lei moral ao levantar a questão, uma lei moral que basicamente diz: Seria injusto Deus condenar alguém sem dar-lhe evidência suficiente de sua existência. Não é essa a pressuposição da sua pergunta?

Primeiro Inquiridor: Suponho que parece ser essa a minha pressuposição.

R. Z.: Não só parece, tem de ser, ou a pergunta se destrói a si mesma. O tema que o senhor levantou aponta realmente para uma questão mais ampla quanto a justiça ou legitimidade moral de tudo o que Deus faz. É por isso que eu gostaria de abordá-la em sua acusação maior, que, se tratada de maneira satisfatória, automaticamente abrangerá o ponto particular também. E sendo este o obstáculo que com maior frequência é levantado pelos céticos sinceros que o apresentam como uma barreira para a sua fé em Deus, ele merece uma atenção especial.
Permita-me narrar uma conversa que tive com um aluno da Universidade de Nottingham, na Inglaterra. Logo que eu terminei uma das minhas preleções, lá do assento em que estava, ele despejou com precipitação e raiva as seguintes palavras:
_ Há demasiado mal neste mundo; portanto, não pode existir um Deus.
        Pedi-lhe que permanecesse de pé e me respondesse a algumas perguntas. Eu disse:
        _ Se existe algo como o mal, o senhor não está pressupondo que existe algo como o bem?
        Ele fez uma pausa, refletiu e disse:
        _ Suponho que sim.
        _ Se existe algo como o bem – contrapus – o senhor deve aceitar uma lei moral sobre cuja base diferencia o bem do mal.
        Lembrei-me do debate havido entre o filósofo Frederick Copleston e o ateu Bertrand Russel. Num ponto do debate, Copleston disse:
        _ Sr. Russel, o senhor crê no bem e no mal, não crê?
        Russel respondeu: _ Sim, creio.
        _ Como o senhor estabelece diferença entre eles? – desafiou Copleston.
        Russel encolheu os ombros como costumava fazer quando topava com becos filosóficos sem saída para si, e disse:
        _ Do mesmo modo que diferencio entre amarelo e azul.
        Copleston respondeu afavelmente, perguntando:
        _ Mas, senhor Russel, o senhor diferencia entre o bem e o mal? (Russel, com todo o seu gênio ainda a seu alcance, deu a resposta mais insípida que podia dar):
        _ Com base no sentimento – o que mais?
        Devo confessar que Copleston foi mais bonzinho do que muitos outros. O “tiro mortal lógico” apropriado para o momento seria:
        _ Sr. Russel, nalgumas culturas as pessoas amam o seu próximo; noutras culturas elas o devoram, em ambos os casos com base no sentimento. Qual sua preferência?
        Com isso retornei ao estudante de Nottingham que me interrogava.
        _ Quando o senhor afirma que existe o mal, não está admitindo que existe o bem? Quando o senhor aceita a existência da bondade, está declarando uma lei moral com base na qual diferencia o bem do mal. Mas quando o senhor admite uma lei moral, deve reconhecer que há um legislador moral. Isso, porém, o senhor está tentando desaprovar, não provar. Pois, se não existe legislador moral, não existe lei moral. Se não existe lei moral, não existe o bem. Se não existe o bem, não existe o mal. Qual é, então, a sua pergunta?
        Houve uma pausa constrangedora, quebrada quando o inquiridor perguntou como um cordeiro: Qual, então, a minha pergunta? – Aí é que está o xis da questão, eu poderia acrescentar.


Fonte: Pode o Homem Viver Sem Deus? - Ravi Zacharias - Editora Mundo Cristão.



quarta-feira, 15 de agosto de 2012

UMA RADIOGRAFIA DA IGREJA NO CONTEXTO ATUAL


UMA RADIOGRAFIA DA IGREJA NO CONTEXTO ATUAL



Neste breve diagnóstico sobre a igreja hodierna, apontarei o que considero a ponta do iceberg da sua conjuntura atual, não me atrevendo a medir as profundezas, detendo-me apenas naquilo que consigo ver e que está na superfície. Posso sim, conjecturar com a analogia da arca de Noé: Se não fosse o juízo lá fora, ninguém suportaria o cheio dentro. Já faz tempo que a igreja está em declínio espiritual. Uma prova disso é o descaso com a pregação – que está cada vez mais descartada e menosprezada em favor de novos métodos, tais como dramatização, danças, imponentes atrações e outras formas de entretenimento. Esses novos métodos são supostamente mais “eficazes”, pois atraem grandes multidões. Hoje o sucesso de uma igreja não é mais medido pela santidade e busca de caráter e vida cristã autênticos, mas é medido pela quantidade de pessoas que vão aos cultos.



Em séculos passados, cidades, povoados e aldeias inteiras eram abaladas pela pregação da palavra de Deus e as mudanças eram percebidas em todos os segmentos da sociedade; havia um batismo de arrependimento e mudanças imediatas e radicais de comportamento aconteciam. Leis eram promulgadas em resposta a veemência da pregação que apontava os valores, que prezava a família e a moral social. Hoje quanto mais cresce o número de igrejas, cresce em proporções maiores a depravação moral, a corrupção, o descaso e a banalização do sagrado, mostrando com isso que o crescimento exponencial da igreja, nos dias de hoje, não tem sido um fator catalisador de transformação de vida e conduta segundo a Palavra de Deus.

A grande maioria dos líderes e pastores tem demonstrado crer que as prioridades da igreja apresentadas em Atos 2.42 que são a doutrina dos apóstolos, a comunhão, o partir do pão e as orações, constituem uma agenda deficiente e ultrapassada para a igreja de nossos dias. Muitos estão permitindo que a dramatização, a música profissionalizada (o estrelismo gospel), o entretenimento e programas semelhantes substituam o culto e a comunhão bíblica tradicional. Essas distrações da pós-modernidade estagnaram e silenciaram a igreja. O nosso grito passou a ser a portas fechadas e por causa desse silêncio e omissão, a igreja condescendeu com a contracultura deste mundo vil e em quase todos os países não se pode mais proclamar de modo claro e simples a verdade do Evangelho e, acredite, em muitos casos, esse ato é visto como ingênuo, ofensivo e ineficaz.

Num contexto geral, grande parte da igreja atual tem menosprezado a importância da doutrina bíblica. O modernismo abriu a porta para o liberalismo teológico desenfreado, o relativismo moral estabeleceu-se em alguns púlpitos e sorrateiramente entrou no seio da família, e como era de se esperar, o resultado é uma incredulidade sem precedentes. Muitos cristãos e até mesmo uma grande parte de pastores e líderes parecem inconscientes a respeito dos sérios perigos que ameaçam a igreja por dentro e não estão se dando conta de que a história está se repetindo, isto é, os ataques mais devastadores desferidos contra a fé cristã sempre começaram com erros sutis e pequenas concessões surgidas dentro da própria igreja.

As mudanças constantes dos valores, fruto desta pós-modernidade tem deixado a liderança eclesiástica perdida não sabendo a quem agradar. E é aí onde mora o grande perigo, pois a liderança e a igreja geral não estão percebendo que se agradarmos ao homem vamos desagradar a Deus e se desagradarmos a Deus pouco interessa a quem estejamos agradando. Meus queridos, a igreja não pode se dar ao luxo de vacilar nestes últimos dias que antecedem a vinda de Jesus. Não podemos negociar a verdade, nem abrandar o holismo do evangelho. Se fizermos parceria com o mundo e os seus abomináveis conceitos e valores efêmeros, nos constituímos inimigos de Deus. Se nos dispusermos a acreditar que os métodos e artifícios mundanos é que trazem resultados satisfatórios para nossas congregações, estaremos abrindo mão da direção e do poder do Espírito Santo em nossas vidas.

Outro fator preocupante nos dias de hoje é o estrelismo gospel que tomou conta da igreja – a música meramente profissionalizante. Não se canta mais para levar vidas ao pés da cruz. O que importa mesmo é arrastar multidões e encher as igrejas, pois este é o termômetro que mede o sucesso de muitas delas nos dias atuais. É só chamar uma estrela do mundo gospel e pronto. Podemos chegar a uma conclusão quanto a este fenômeno: quando não há mais unção do alto no púlpito, lama cai bem. Refiro-me àqueles que cantam apenas por mero interesse financeiro e visam apenas obter sucesso às custas das igrejas.

E aí, o show termina e o templo fica cheio de vidas vazias, fruto de uma musicalidade medíocre e poesia pobre e, pior, montada em cima de interesse meramente comercial e financeiro. A grande soma de dinheiro cobrado por estes cantores, dinheiro muitas vezes proveniente dos dízimos e ofertas trazidos por aqueles que realmente amam a causa do Mestre, poderia ser aplicado em projetos missionários para o avanço do evangelho, na melhoria da qualidade de vida de obreiros dessas mesmas igrejas e até mesmo nos próprios músicos da igreja que dão o seu melhor como voluntários. Mas não! Muitos líderes têm levado suas denominações a serem ministradas por esses oportunistas do mundo gospel e não se dão conta de que boa parte da música cantada por essas “estrelas errantes” é feita por pessoas não convertidas, sendo raras as que são forjadas na fornalha da comunhão e da intimidade com o Espírito Santo. A liderança está caindo no mesmo erro e simplismo dos dias do profeta Amós que denunciou o conceito de Deus a respeito da liturgia e o culto daqueles dias. Assim nos diz o texto:

“Aborreço, desprezo as vossas festas, e as vossas assembleias solenes não me dão nenhum prazer. E, ainda que me ofereçais holocaustos e ofertas de manjares, não me agradarei delas, nem atentarei para as ofertas pacíficas de vossos animais gordos. Afasta de mim o estrépito dos teus cânticos; porque não ouvirei as melodias dos teus instrumentos”. Amós 5.21-23

Enfim, conscientes ou não, somos nós pastores que estamos “criando” as “estrelas errantes” (Judas v.13) do mundo gospel e consequentemente absorvendo os seus artifícios egoístas e venenosos. E como é de se esperar, o louvor que cura e liberta está cada vez mais distante de nossos púlpitos. A música hoje, diferentemente da esperada pela Palavra de Deus, só atrai em vez de libertar. Sabemos que a música tem o poder de trazer quebrantamento e conversão como nos diz o Salmo 40.3: “E me pôs nos lábios um novo cântico, um hino de louvor ao nosso Deus; muitos verão essas coisas, temerão e confiarão no SENHOR”.

A mim me parece que, em muitas ocasiões não mais podemos dizer que “Deus habita no meio do louvor do seu povo”. A prova disso é a atenção que é dada quando a Palavra vai ser ministrada; o tempo que restou é pouquíssimo, o pregador tem que resumir a mensagem e se ele orar de olhos fechados, ao abri-los, metade do público foi embora ou está sendo distraída com alguma coisa nos bastidores. A “estrela” da noite com certeza já está em uma sala qualquer ou a caminho do aeroporto, porque tem outro e sempre “grande compromisso”. O meu alerta é que nós líderes e pastores, sejamos criteriosos a bem de nossas orações feitas em favor da igreja. A Palavra já nos alerta sobre isto:

Ora, o fim de todas as coisas está próximo; sede, portanto, criteriosos e sóbrios a bem das vossas orações. 1 Pedro 4.7

Apesar de tudo e de nós mesmos, temos ainda um modelo para nos espelhar. O mundo está para conhecer uma comunidade, uma igreja do quilate da igreja de Atos 2.41-47; 4.32-37. Uma igreja que nada temia a não ser o pecado, que nada desejava a não ser Deus e que a todo custo pregava a palavra com ousadia e amor para que pudesse de alguma maneira resgatar o maior número de perdidos para o Reino de Deus. Eu creio que este quadro ainda pode ser revertido por mim e por você. Meu maior sonho é ver e fazer parte de uma igreja encharcada de amor, de comunhão, de ousadia e poder. Sabem quando podemos influenciar a sociedade com o evangelho e quando o nosso testemunho e influência se tornam eficazes? Quando o povo entrar nos nossos templos e sair impactados com o que somos e vivemos e não pela beleza dos nossos templos. Nada vale entrar no lugar de nossas reuniões e dizer: Que templo! Que casa! Que cadeiras! Que bancos! E em seguida
comentar: Que gente antipática e fria! Que gente individualista e metida! Que gente sem amor!

Finalizo esta reflexão afirmando que não sou defensor de uma igreja estagnada. Desejo e trabalho por uma igreja dinâmica que se atualize sem modernizar-se, se contextualize, mas não se comprometa com o mundo. Minha denuncia é a de quem está cansado de uma igreja que prima por uma filosofia que banaliza Deus e sua Palavra. Pode ser que outros estejam tão cansados quanto eu. Se for o seu caso, convido-o então a mudarmos nossa agenda; rompermos com a roda viva religiosa que suga nossas energias; voltarmos ao primeiro amor e orarmos para que o Senhor livre Sua igreja do mesmo tipo de desmoronamento que levou a igreja de séculos passados ao mundanismo e à incredulidade e esgotou seu vigor espiritual. Oremos para que não nasça uma geração vacinada contra a igreja, e que venha a dizer como disse Mahatma Gandhi para os ingleses: “O vosso Cristo eu quero, o que não quero é o vosso cristianismo”.


Hamilton Paulino de Carvalho
Pastor Sênior do Ministério Betesda
prhamiltonpc@hotmail.com
Maringá – Paraná



quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Deus restaurou minha identidade



http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/2012-07-05/pastor-e-ex-travesti-deus-restaurou-minha-identidade-sexual.html


Pastor e ex-travesti: “Deus restaurou minha identidade sexual”

Conheça a história de Joide Miranda, que diz ter deixado a homossexualidade, hoje é casado e tem um filho. Confira o antes e depois e comente no final da reportagem

Anderson Dezan , iG Rio de Janeiro 

George Magaraia
Pastor Joide Miranda entre sua mulher, Edna, e seu filho, Pedro: "Sou 100% heterossexual"

Na semana passada, gritos e bate-boca marcaram uma audiência pública na Câmara dos Deputados, em Brasília. O motivo: estava sendo discutido o projeto de decreto legislativo 234/11, conhecido como projeto de "cura" dos homossexuais. A proposta do deputado João Campos (PSDB-GO) quer derrubar o dispositivo do Conselho Federal de Psicologia que proíbe profissionais de atender pacientes gays que desejam mudar sua orientação sexual.
Para alguns especialistas, essa mudança é impossível. Não é o que pensa o pastor Joide Miranda, de 47 anos. O religioso mora em Cuiabá com a esposa Edna, com quem está há 17 anos, e seu filho Pedro, de 1 ano e 9 meses. Na capital matogrossense, ele fundou a ABexLGBTT (Associação Brasileira de Ex-LGBTTs), entidade que ajuda pessoas que "desejam deixar voluntariamente o estado da homossexualidade".
O estímulo para aqueles que o procuram é a sua própria história: aos 12 anos, Joide assumiu sua homossexualidade, aos 14, virou travesti, aos 21, foi viver uma relação homoafetiva com um italiano e, aos 26 anos, deixou tudo para trás após virar evangélico. Hoje, diz estar 100% restaurado na sua identidade heterossexual.
“A homossexualidade é uma conduta aprendida. Deus restaurou minha identidade e, quando ele faz isso, não há força maligna que faça voltar atrás”, diz ele. “A pessoa precisa substituir aqueles desejos, comportamentos, amizades e a forma de falar. Tem que encher a mente com as coisas de Deus. Precisa do esforço da pessoa”, ensina o pastor.
A entrevista ao iG ocorreu durante uma viagem ao Rio, onde foi convidado a pregar em uma igreja evangélica em Marechal Hermes, bairro da zona norte da cidade. No bate-papo, recheado de citações bíblicas, Joide Miranda contou sua história, descreveu o que um homossexual deve fazer para deixar de sentir desejo por pessoas do mesmo sexo, disse como iniciou o romance com sua esposa, criticou igrejas evangélicas GLS e fez alertas aos pais sobre os desenhos que as crianças assistem, citando o filme " Rio ". Leia a entrevista:
iG: Qual é o objetivo da ABexLGBTT?Pastor Joide: Abrimos a associação para apoiar aqueles que querem deixar o estado da homossexualidade. Eles não têm onde receber apoio e precisam de acompanhamento espiritual e psicológico. A entidade serve para mostrar a eles que há, sim, uma resposta. Atendo há mais de dez anos essas pessoas e tenho uma metodologia que não sai da Bíblia. Não sou psicólogo, sou um estudioso da Bíblia.
iG: A associação seria uma espécie de alternativa? O Conselho Federal de Psicologia possui uma resolução que proíbe tratar a homossexualidade como um transtorno. 
Pastor Joide: A Organização Mundial da Saúde decretou que homossexualidade não é doença, mas, na verdade, eu sofri um transtorno egodistônico. Isso estava na Classificação Internacional de Doenças (CID) da psicologia, mas foi retirado. Precisei passar por uma psicóloga que conhecia e era evangélica. Hoje, se um indivíduo procurar uma clínica e disser que sofre de um transtorno egodistônico de sua identidade sexual, o profissional está proibido de atender. Existem muitas pessoas com esse tipo de transtorno que não querem vivenciar essa vida e sofrem.

George Magaraia
Pastor Joide Miranda com Edna: "Esse amor veio do trono da glória de Deus"

iG: O senhor rejeita, então, a ideia de que a pessoa nasce homossexual? 
Pastor Joide: (Enfático) Eu também acreditava nisso, mas a homossexualidade é uma conduta aprendida. Quando você conhece Deus, percebe que ele é soberano em todas as coisas. Você acha que Deus ia errar justamente no homem a sua imagem e semelhança? Se ele quisesse que eu vivenciasse aquele estado em que estava, tinha me feito com uma vagina.
iG: Quando duas pessoas estão juntas, mesmo sendo do mesmo sexo, elas teoricamente se amam. Deus não é amor? 
Pastor Joide: Um rapaz me disse uma vez que Deus estava no seu relacionamento. Se estivesse, ele iria fazer o rapaz sentir prazer no ânus, onde chega toda a sujeira do corpo? (Indignado) Que Deus é esse que faz um homem sentir prazer ao penetrar no ânus de outro homem?
iG: Mas é, de fato, possível deixar de ser gay? 
Pastor Joide: Com certeza! Se não fosse, a Bíblia estaria mentindo. O problema da homossexualidade não está embaixo e, sim, na mente. Muitas pessoas que querem mudar dizem que não estão na prática do sexo, mas se masturbam pensando em homens. Como é que eles querem ser libertos? Quando você se masturba, força sua mente a trazer desejos pecaminosos. Ao invés de purificá-la, você está forçando-a se tornar mais pornográfica. É preciso restaurar a mente.

Arquivo pessoal
Joide Miranda: "Eu me vestia, falava e andava como mulher"

iG: E como fazer isso?Pastor Joide: A restauração da mente só vem através da conversão. A pessoa precisa substituir aqueles desejos, comportamentos, amizades e a forma de falar. Na Epístola de São Paulo aos Romanos, no capítulo 12, versículo dois, a Bíblia diz: “Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso espírito”. Isso quer dizer que meu círculo de amizade tem que ser transformado, as coisas que assisto e que me levam a ter uma mente pornográfica têm que ser mudadas. Se quero ser restaurado na minha identidade sexual, tenho que encher minha mente das coisas de Deus.
iG: Mas isso deve levar um tempo... 
Pastor Joide: Não é do dia para a noite. Precisa do esforço da pessoa. É isso o que muitas pessoas não conseguem entender. Elas falam que estão há muito tempo na igreja e os desejos continuam na mente. O que elas têm feito para que isso aconteça? Têm lido a Bíblia, têm buscado as coisas de Deus, têm caminhado com o senhor? As pessoas acham que Deus é uma fada madrinha e tem obrigação de fazer todas as coisas. Muitas coisas dependem exclusivamente de nós.
iG: Como foi essa mudança para o senhor? 
Pastor Joide: Eu me vestia, falava e andava como uma mulher. Sentava e cruzava as pernas. Sentar de perna aberta foi um exercício, um esforço muito grande. Eu tinha o conhecimento da palavra, Deus estava no comando de todas as coisas, mas tive que lutar. Quando dou palestras, pergunto aos presentes se eles acham que foi fácil sentar de perna aberta e coçar o saco. Não foi, não! (ri) Um anjo não desceu dos céus e disse que eu tinha que coçar o saco. Eu me cobrava: “Joide, senta como homem! Coça o saco!” (ri) Quando existe o querer da pessoa, Deus age e opera.
iG: Essa atitude de mudança não pode soar como homofóbica? Não devemos amar igualmente os irmãos? 
Pastor Joide: Amar, sim. Amo todo mundo. Amo os homossexuais, só não concordo com a prática do homossexualismo. É totalmente diferente.
iG: E, na sua opinião, o que leva uma pessoa a virar homossexual? 
Pastor Joide: São vários fatores. O que mais vemos são abusos sexuais na infância. Temos também rejeição no ventre. Às vezes o pai sonha em ter um filho e, de repente, vem uma menina. Outro fator são os pais que suprem toda a necessidade material do lar, mas trabalham tanto que chegam em casa cansados para ouvir e brincar com os filhos. Há ainda as crianças sem referencial paterno, só materno. O menino quer brincar com boneca e a mãe não interfere. Leva ao psicólogo e ouve que não tem nada a ver e vai passar. Se formos olhar a infância, em 99% dos casos o estado da homossexualidade começou lá. O inimigo das nossas almas sempre age no início. É por isso que todos dizem que nasceram assim.

George Magaraia
Joide Miranda: "Se não fosse possível deixar de ser gay, a Bíblia estaria mentindo"

iG: O senhor costuma dizer que a mídia faz apologia aos gays. Os pais devem ficar atentos à programação na TV? 
Pastor Joide: A televisão traz uma péssima influência para as crianças. Quais são os filmes e desenhos que elas assistem hoje? Os pais não têm essa visão. Atarefados, largam os filhos em frente à TV. Pare e preste atenção. No filme “ Rio ”, por exemplo. Tem um buldogue fantasiado de Carmen Miranda! (Indignado) Onde já se viu um cachorro brabo usar biquíni e fantasia de Carmen Miranda? Também tem um barbudo, segurança do centro de recuperação de aves, que sai do armário de tanga e rebolando.  Qual é o objetivo? Saí do armário, declarei o que sou. Irmão, isso se chama mensagem subliminar! Os pais precisam estar atentos. O adulto não percebe, mas a criança, sim.
iG: Como foi sua infância? Como era a relação com seus pais? 
Pastor Joide: Não tive uma boa relação com meu pai. Ele era alcoólatra, extremamente agressivo. Em frente a minha casa morava um advogado. Quando tinha seis anos, esse vizinho me levou para a casa dele e me molestou. Não houve penetração, mas fiquei machucado. Cheguei em casa chorando, mas tive medo de contar para meu pai. O advogado também me ameaçou, dizendo que ia me desmentir se eu contasse. Só que depois ele começou a me tratar bem. Eu ia para a casa dele e recebia carinho e balas. Comecei a ganhar desse homem o que não recebia do meu pai e ele começou a me molestar. Quando tinha sete anos, ele me levava para o motel, tocava em mim e pedia para eu fazer sexo oral. Ele fazia sexo oral em mim e se masturbava. Ainda me dava doces. Acabei ficando viciado nisso. Logo vieram brincadeiras com outros meninos...

Arquivo pessoal
Joide Miranda em Paris

iG: Seus pais não perceberam nada? 
Pastor Joide: Eu me tornei uma criança muito agressiva. Parei de estudar e meus pais não perceberam nada. Sou o único homem de quatro filhos. Minha mãe não se preocupou tanto comigo, tomava mais conta das meninas. Minha casa também vivia em pé de guerra. Meu pai bebia, agredia minha mãe, me espancava e batia nas minhas irmãs. Foi nesse cenário que aos 12 anos assumi minha homossexualidade.

iG: Como ficou a relação com seus pais após isso? 
Pastor Joide: Com meu pai já não tinha um bom relacionamento. A minha mãe sofreu e chorou muito. Amado, vou falar uma coisa: por mais que a mídia faça apologia ao homossexualismo e de que os pais têm que aceitar a opção de seus filhos, no fundo, nenhum pai aceita porque é um vazio dentro da alma. Todo pai sonha com a continuidade da família. A situação na minha família foi ficando insustentável porque o problema não era mais só com meu pai e, sim, também com minha mãe e minhas irmãs. Elas diziam que eu era uma vergonha e minha mãe dizia que não tinha me feito daquele jeito.
iG: E por que virou travesti? 
Pastor Joide: Eu tinha 14 anos. Segui esse caminho por causa da situação em que me encontrava. Parei com meus estudos e saí de casa. Vi na esquina um grupo de travestis e percebi que eles entravam e saíam de dentro dos carros. Perguntei se eles ganhavam dinheiro naquela vida e ouvi que ganhavam muito. O diabo soprou no meu ouvido que aquela era uma forma de me vingar do meu pai porque ele vivia dizendo que eu não valia nada, que era um inútil. Fui provar para ele que ia ser alguém na vida.
iG: A prostituição te deu muito dinheiro? 
Pastor Joide: Um travesti me levou para a esquina e ali comecei a ganhar dinheiro, ainda em Cuiabá. Fui ganhando cada vez mais e me disseram que no Rio teria mais lucro. No Rio, me disseram que em São Paulo ganharia mais. Segui pra lá, onde coloquei quatro litros e meio de silicone no meu quadril. Em São Paulo, conheci travestis com carro do ano, muito chiques. Perguntei onde eles ganhavam tanto dinheiro e me disseram que em Paris ganhava-se mais...

George Magaraia
Joide Miranda: "Em 99% dos casos, o estado da homossexualidade começa na infância"

iG: E foi para a França? 
Pastor Joide: Já fazia cinco anos que estava na prostituição, juntei uma quantia e viajei. Cheguei a retornar ao Brasil, mas não me adaptei. Voltei para a Europa e morei em Portugal, na Espanha, Itália e Grécia. Em Barcelona, coloquei 380 ml de silicone no peito. Em Milão, conheci um italiano que dizia ser apaixonado por mim. Ele me levou para conhecer sua família, fomos morar juntos e deixei a prostituição.
iG: Como foi esse relacionamento? 
Pastor Joide: Não há fidelidade nesse tipo de relação. Meus amigos não eram fiéis aos seus parceiros, como eu não era ao meu e nem ele a mim. Esse é um aspecto que a mídia não mostra. Uma coisa é estar diante da sociedade, outra coisa é quando se encontra só. Na frente das pessoas, mostrávamos o glamour, todos bonitos e produzidos. Quando nos encontrávamos a sós na madrugada, questionávamos a vida miserável que estávamos vivendo. Muitos iam para as drogas e bebidas para disfarçar aquela hipocrisia. Olhava meus amigos gays e travestis na faixa de 50 e 60 anos e via como eles sofriam. Não tinham parceiros e aqueles que tinham era por causa do dinheiro. Eu pensava que, se não morresse naquele momento, aquilo ia acontecer comigo.

Arquivo pessoal
Joide e Edna: "Ela não casou com um travesti e, sim, com um homem restaurado"

iG: Quando as coisas começaram a mudar? 
Pastor Joide: Minha mãe aceitou Jesus e começou a falar que ele tinha uma obra para minha vida. Mas eu achava que não havia solução. Um dia, com mais de cinco anos de relacionamento com o italiano, flagrei uma traição dentro da minha casa. Fiquei muito abalado porque entendi que a beleza que eu tinha não adiantava nada. Voltei ao Brasil e fui à igreja após um convite da minha mãe. No culto, o Espírito Santo falou ao meu coração e entreguei minha vida a Jesus. Não foi fácil. Foram quatro anos de renúncia, sendo acompanhado por uma psicóloga. O meu interior estava todo bagunçado.
iG: Chegou a ter recaídas nesse período? 
Pastor Joide: (Enfático) No primeiro ano, claro que tive! Só que nelas eu chorava, pedia socorro e procurava a pastora que me ajudava. Falava que não ia dar conta. Foi aí que Deus deu o discernimento para ela e fui viver na sua casa. Lá, tive uma injeção de fé.
iG: Como conheceu sua esposa? 
Pastor Joide: Enquanto dava o meu testemunho em um ginásio. Dois meses depois, nos reencontramos. Ela foi à igreja onde eu frequentava e começamos a ficar amigos. Gostei tanto dela que, quando vinha a vontade de voltar ao passado, dizia que não podia decepcioná-la. Ela confiava demais em mim. Ainda éramos amigos e eu falava para a Edna chorando que não ia dar conta. Mas ela dizia que eu ia conseguir, sim. Olhava e pensava: essa menina é realmente minha amiga. Isso foi criando uma força.
iG: Na construção do relacionamento, foi fácil começar a desejar uma mulher? 
Pastor Joide: Quando comecei a ter sentimentos pela minha esposa nem eu mesmo queria. Mas comecei a observar que era um sentimento diferente, algo que não tinha tido por ninguém. Minha mão suava, meu coração parecia que ia sair pela boca e me dava uma tremedeira. Depois entendi que estava apaixonado e que esse amor vinha do trono da glória de Deus. Quando ficamos noivos, sonhava, desejava e ansiava em tê-la nos meus braços. Posso dizer que casei virgem porque fazia uns quatro anos ou mais que não tinha relação com ninguém. Era um novo homem. A Edna não casou com um travesti e, sim, com um homem 100% heterossexual, restaurado na sua identidade sexual pelo poder do evangelho. Entre namoro, noivado e casamento já são mais de 17 anos.

George Magaraia
"As pessoas acham que Deus é uma fada madrinha e tem obrigação de fazer todas as coisas"

iG: O senhor ainda conta com alguma ajuda psicológica? 
Pastor Joide: Não preciso mais. Posso ver homem nu, de bunda de fora. Deus restaurou minha identidade e quando ele faz isso não há força maligna que faça você voltar atrás. Mas não fiquei com amnésia. Lembro do meu passado, as feridas foram cicatrizadas, mas estão aqui. Elas servem para cicatrizar as feridas expostas de outras pessoas.
iG: Qual é sua opinião sobre as igrejas evangélicas inclusivas, que aceitam gays? 
Pastor Joide: Amigo, as pessoas usam a Bíblia para satisfazer a vontade da carne. Elas não querem crucificar a carne, querem viver um cristianismo sem renúncia. O fato de as pessoas andarem com Jesus, falarem dele e abrirem igrejas não quer dizer que elas estão com Jesus. Esses pseudopastores fundam essas igrejas dizendo que Jesus é amor, mas ele também é justiça. É mais fácil achar que Jesus é só amor e viver no pecado. A crucificação dói e muitos não querem isso...
iG: Como o senhor pretende contar a sua história para seu filho daqui a alguns anos? 
Pastor Joide: Com a maior naturalidade possível. Vou contar que o pai vivia na iniquidade e não conhecia Jesus. Quando o pai é amigo, conselheiro e explica, não tem confusão. Quero começar a conversar sobre sexualidade com meu filho aos cinco anos. Quando ele começar a ir à escola, vou falar para não deixar ninguém pegar na sua bunda. “Filho, não tem nada de (faz voz de criança) piu-piu”. Quando dou banho nele, brinco e falo: (engrossa a voz) “Tira o cacete pra fora, rapaz!” Se minha mãe me corrige, dizendo que não é cacete, respondo: (bravo) “Que negócio é esse da vovó dizer bilu? Bilu, o quê? É pinto, cacete, pau! (ri)
Pastor Joide Miranda. Foto: George Magaraia