segunda-feira, 20 de agosto de 2012



Ravi Zacharias – Perguntas e respostas sobre o Ateísmo e o Teísmo




Estas perguntas e respostas foram tomadas das preleções Veritas, feitas na Universidade de Harvard, nas quais partes deste livro estão baseadas.


Primeiro Inquiridor: A minha pergunta é: Não é irrealista e egocêntrico Deus condenar um punhado de ateus que não creem nele, quando ele não lhes deu uma razão convincente para crerem?

R. Z.: Levarei de cinco a dez minutos para responder sua pergunta, de modo que talvez seria bom o senhor sentar-se. Lembro-me de uma vez em que estive respondendo a um questionamento doutrinário. A primeira questão foi: Deus é perfeito – explique. Brincando, ironizei com minha mulher, dizendo que “a única questão mais difícil do que esta em que eu poderia pensar seria: Defina Deus e dê dois exemplos”. Como se pode ver, algumas perguntas são espinhosas.
A sua pergunta, senhor, é muito boa, mas primeiro deixe-me assinalar algumas pressuposições desta questão que primeiramente o senhor terá de defender para que a pergunta seja até mesmo válida, as quais são vitalmente importantes que o senhor tenha em mente.
O senhor invocou uma lei moral ao levantar a questão, uma lei moral que basicamente diz: Seria injusto Deus condenar alguém sem dar-lhe evidência suficiente de sua existência. Não é essa a pressuposição da sua pergunta?

Primeiro Inquiridor: Suponho que parece ser essa a minha pressuposição.

R. Z.: Não só parece, tem de ser, ou a pergunta se destrói a si mesma. O tema que o senhor levantou aponta realmente para uma questão mais ampla quanto a justiça ou legitimidade moral de tudo o que Deus faz. É por isso que eu gostaria de abordá-la em sua acusação maior, que, se tratada de maneira satisfatória, automaticamente abrangerá o ponto particular também. E sendo este o obstáculo que com maior frequência é levantado pelos céticos sinceros que o apresentam como uma barreira para a sua fé em Deus, ele merece uma atenção especial.
Permita-me narrar uma conversa que tive com um aluno da Universidade de Nottingham, na Inglaterra. Logo que eu terminei uma das minhas preleções, lá do assento em que estava, ele despejou com precipitação e raiva as seguintes palavras:
_ Há demasiado mal neste mundo; portanto, não pode existir um Deus.
        Pedi-lhe que permanecesse de pé e me respondesse a algumas perguntas. Eu disse:
        _ Se existe algo como o mal, o senhor não está pressupondo que existe algo como o bem?
        Ele fez uma pausa, refletiu e disse:
        _ Suponho que sim.
        _ Se existe algo como o bem – contrapus – o senhor deve aceitar uma lei moral sobre cuja base diferencia o bem do mal.
        Lembrei-me do debate havido entre o filósofo Frederick Copleston e o ateu Bertrand Russel. Num ponto do debate, Copleston disse:
        _ Sr. Russel, o senhor crê no bem e no mal, não crê?
        Russel respondeu: _ Sim, creio.
        _ Como o senhor estabelece diferença entre eles? – desafiou Copleston.
        Russel encolheu os ombros como costumava fazer quando topava com becos filosóficos sem saída para si, e disse:
        _ Do mesmo modo que diferencio entre amarelo e azul.
        Copleston respondeu afavelmente, perguntando:
        _ Mas, senhor Russel, o senhor diferencia entre o bem e o mal? (Russel, com todo o seu gênio ainda a seu alcance, deu a resposta mais insípida que podia dar):
        _ Com base no sentimento – o que mais?
        Devo confessar que Copleston foi mais bonzinho do que muitos outros. O “tiro mortal lógico” apropriado para o momento seria:
        _ Sr. Russel, nalgumas culturas as pessoas amam o seu próximo; noutras culturas elas o devoram, em ambos os casos com base no sentimento. Qual sua preferência?
        Com isso retornei ao estudante de Nottingham que me interrogava.
        _ Quando o senhor afirma que existe o mal, não está admitindo que existe o bem? Quando o senhor aceita a existência da bondade, está declarando uma lei moral com base na qual diferencia o bem do mal. Mas quando o senhor admite uma lei moral, deve reconhecer que há um legislador moral. Isso, porém, o senhor está tentando desaprovar, não provar. Pois, se não existe legislador moral, não existe lei moral. Se não existe lei moral, não existe o bem. Se não existe o bem, não existe o mal. Qual é, então, a sua pergunta?
        Houve uma pausa constrangedora, quebrada quando o inquiridor perguntou como um cordeiro: Qual, então, a minha pergunta? – Aí é que está o xis da questão, eu poderia acrescentar.


Fonte: Pode o Homem Viver Sem Deus? - Ravi Zacharias - Editora Mundo Cristão.



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