Sabemos que essa provisão
salvadora nos é oferecida pela graça e se recebe mediante a fé (Ef, 2.8, 9).
Mas é importante ressaltar que a fé tem uma confissão – uma declaração verbal: Se, com a tua boca, CONFESSARES JESUS COMO
SENHOR e, em teu coração, creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás
salvo. Porque com o coração se crê para a justiça e com a boca se confessa a
respeito da salvação (Rm 10.9, 10 – grifo do autor).
Portanto, além de crer com o
coração, é necessário confessar com a boca a fim de receber a salvação. E aí
surge outra questão: confessar o quê? A igreja moderna passou a pregar que
precisamos confessar Jesus como Salvador.
Mas não isso que a Palavra de Deus diz. Ela diz que temos de confessar Jesus
como Senhor!
Mas Cristo não é o nosso
Salvador?
Sim, mas esse não é o objeto
da nossa confissão; é o resultado.
A palavra “senhor” é fraca em
nossa língua e cultura, mas na língua e cultura dos tempos bíblicos, não. Era
uma palavra que expressava algo maior do que costumamos mensurar hoje em dia. A
palavra grega traduzida por senhor no
Novo Testamento é kurios, e de acordo
com o léxico de Strong, significa: “aquele a quem uma pessoa ou coisa pertence,
sobre o qual ele tem o poder de decisão; mestre, senhor; o que possui e dispõe
de algo; proprietário; alguém que tem o controle da pessoa”. E, em relação aos
governantes, poderia significar: “soberano, príncipe, chefe, o imperador
romano”. Resumindo, era “um título de honra, que expressa respeito e reverência
e com o qual servos tratavam seus senhores”.
Era esse o significado da
palavra “senhor”. Quando um escravo se dirigia ao seu amo, seu dono, o chamava
de senhor. Era o reconhecimento de que ele nada era ou possuía; que em tudo ele
era propriedade de seu senhor. Depois de entender isso, precisamos entender por
que a Bíblia nos manda confessar Jesus como Senhor (com esse significado). Por
trás dessa confissão é que se encontra a resposta de por que o reino de Deus
custa tudo o que temos.
O ato redentor de compra
realizado por Jesus requer uma apropriação de fé e uma confissão que reconhece,
que torna legítimo o ato de compra. Ao confessar que Jesus é o Senhor, estamos
reconhecendo o direito que ele tem de ser nosso dono e a consequente condição
de sermos sua propriedade. No momento em que nos curvamos ao senhorio de Cristo
e o reconhecemos como nosso dono, estamos “desistindo” de possuir qualquer
coisa ou mesmo de ser senhores de nós mesmos.
A única forma de entrar no
reino de Deus é mediante esse reconhecimento. Portanto, não há duas opções de
cristianismo; uma em que você entrega o que quer e quando quer e outra, mais
abnegada, em que você entrega tudo. Só existe a última! E mais uma vez
enfatizo: Deus não precisa ser Senhor sobre nossa vida e não necessita de nós
como seus servos. Nós é que necessitamos estar debaixo de seu senhorio e da sua
vontade!
Quando mudarmos a forma de
olhar para esse Deus maravilhoso, sem questionar o que pode parecer um alto
padrão de exigência, reconhecendo o seu caráter inquestionável e nos dispondo a
viver a mais profunda rendição e busca, tudo será diferente.
Luciano Subirá - Até que nada mais importe.
P, 40 e 41.