Por favor, não assuste. Sei que a palavra é estranha. Na verdade, trata-se de um neologismo. Eu mesmo o criei (ao menos, sua digitação nos sítios de busca não acusa qualquer resultado). Estava incomodado com o monopólio da outra. Do jeito que vai o debate, parece que o mundo divide-se entre homossexuais e simpatizantes, de um lado, e homofóbicos, de outro. Não concordo.
Homofobia, do grego “homo” (igual) e “fobia” (medo), significa, literalmente, “aversão, medo ou ódio em relação ao homossexual”. Dito assim, não me considero homofóbico. Não tenho medo, apenas discordo da opção e de sua pretensa legitimidade. Foi como cheguei a Homodiafonia, do grego “homo” (igual) e “diafonia” (dois sons distintos, dissonância, discordância). Significa, literalmente, discordância da opção homossexual. Meu caso. Explico:
1. Como cristão, que reconhece as Sagradas Escrituras como regra única de fé e prática, entendo que devo concordar com o apóstolo Paulo quando sugere que o homossexualismo é pecado e consequência do distanciamento do ser humano em relação a Deus: “por causa disso, Deus os entregou a paixões vergonhosas. Até suas mulheres trocaram as relações sexuais naturais por outras, contrárias à natureza. Os homens também abandonaram as relações naturais com as mulheres e se inflamaram de paixão uns pelos outros. Começaram a cometer atos indecentes, homens com homens, e receberam em si mesmos o castigo merecido pela sua perversão” (Romanos 1:26-27).
2. Como cristão, criacionista, isto é, que reconhece na origem do universo a decisão criativa e intencional de Deus, entendo que homens e mulheres foram feitos para um propósito supremo que envolve suas histórias, raças e gênero. Não posso aceitar que um homem, cuja constituição física não lhe faculta o pleno relacionamento com outro homem, ou que uma mulher, para quem ocorre o mesmo, defendam sua opção homossexual como natural. É uma escolha antinatural, que não resulta dos apelos do organismo (o qual não a acompanha) nem de qualquer confissão de fé que apresente um Deus pessoal e soberano (pois pressupõe o acaso ou um tipo de equívoco inicial).
3. Contudo, como cristão, que reconhece a fé como dádiva e a conversão como obra do Espírito, entendo também que as verdades bíblicas e suas implicações práticas não são impositivas, mas um convite à vida em abundância que Deus mesmo concede por sua graça. “Se alguém quiser vir após mim…” – disse Jesus. A igreja não deve se esforçar para obrigar o mundo a viver de acordo com suas convicções (equívoco da cristandade medieval que só produziu guerras e ódio), mas conquistá-lo com amor e testemunho vivo, para que todos vejam como vale a pena andar com Cristo e obedecer aos seus mandamentos. “Não é por força nem por violência…”
4. Como cristão, ainda, que reconhece o direito à vida e à liberdade, desde que não interfira na liberdade alheia, anulando-a, entendo que preconceito, discriminação …ou perseguição refletem um espírito antibíblico e demoníaco, gerador de contendas e conflitos. Não concordo que a Igreja deva tentar negar aos homossexuais o direito à cidadania e aos acessos comuns a todos, mas também não admito que sua pregação e estilo de vida sejam violentados em nome de uma pseudo-tolerância, uma vez que mostra-se tolerante unicamente com um dos lados interessados. Quero viver numa sociedade onde homossexuais tenham direito de viver como bem entendem e que a Igreja tenha direito de pregar contra todos que vivem como bem entendem, desprezando, assim, a vontade de Deus.
5. Como cristão, que reconhece o poder de Deus para transformar o indivíduo e a coletividade, entendo que tenho o direito de incentivar e apoiar todo homossexual que, rendendo-se aos desafios do Evangelho, assuma que é possível e necessário renunciar a si mesmo e à prática do homossexualismo. Não direi que é doença, nem demônio, nem safadeza (pois, na esmagadora maioria dos casos, não é nada disso), mas que é uma opção contrária àquela que nos propõem as Escrituras, assim como a poligamia, a pornografia, a prostituição, o sexo antes do casamento e tantas outras questões não morais (socialmente, falando), mas espirituais, isto é, que reconhecemos e assumimos como artigos de fé. Um homossexual convertido pode tanto desenvolver uma dinâmica relacional heterossexual quanto tornar-se celibatário por amor a Deus. Tudo é possível ao que crê!
6. Como cristão, que confessa que Deus é amor, sou radicalmente contrário a toda forma de violência contra homossexuais ou quaisquer outros grupos minoritários, incompreendidos ou, simplesmente, diferentes.
7. Enfim, como cristão, que aprendeu com Jesus que piores que aqueles que a religião identifica como impuros e perdidos são aqueles que, religiosos, perderam a capacidade de ouvir a Deus e amar o próximo, digo que nenhum homofóbico, ou racista, ou idólatra, ou avarento, ou arrogante… pode ser um cidadão legítimo do Reino de Deus. Vamos cuidar das traves em nossos olhos antes de apontarmos os ciscos nos olhos alheios.
Por tudo isso, considero-me homodiáfono. Respeito os homossexuais em sua individualidade e sei que há muitos cuja postura e caráter envergonhariam muitos religiosos. No entanto, devo discordar de sua opção e convidá-los ao arrependimento e à autonegação a que tento me submeter diariamente, ainda que nem sempre com sucesso. Deus nos ajudará, ainda que nos faltem a força, os recursos e até as palavras
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