sábado, 22 de junho de 2019

O liberalismo teológico não é cristianismo - II

2. O liberalismo moderno não é cristianismo porque possui características imanentistas que excluem a crença no Deus transcendente e pessoal:



A religião cristã lida com o paradoxo do Deus transcendental e imanente que coexiste perfeitamente com suas criaturas. Trata-se de uma questão ontológica, quando o Criador deve ser pessoal e, portanto, real (enquanto a criatura apenas existe).

A identificação de Deus para com o mundo se dá num livre ato de vontade e não de necessidade. Mas, ao criar, Ele necessariamente deve ser imanente aos seres criador, pois estes não tem razão de ser em si mesmos caso esse se retire. As Escrituras asseguram que no ato de criar, Deus mantém suas “propriedades” eternas como sempre foram, embora mantenha relações para com as coisas criadas, fora de si mesmo. Sem esta relação, os ‘entes’ não teriam permanência. Trata-se de uma relação de dependência do criado e não do Criador.

É por isto que a noção de paternidade universal é para os teólogos liberais uma das melhores maneiras de garantir a ligação entre Criador e criatura. Nela, ambos comungam duma mesma natureza, fazendo com que a religião assuma um papel, sobretudo, empírico ou “sentimental”. Todavia, “deve-se observar que, se a religião consistisse somente de sentimentos da presença de Deus, ela seria destituída de qualquer qualidade moral. O puro sentimento, se é que existe tal coisa, é não moral”.25 Não pode ser concebida na Religião a ideia do Transcendente e do Imanente sem que se formule um conceito ou um dogma sobre Deus.
[…] Faz toda a diferença o que pensamos sobre Deus; o conhecimento de Deus é a base da religião. […] No liberalismo moderno, por outro lado, essa distinção tão aguda entre Deus e o mundo é totalmente destruída, e o nome “Deus” é aplicado no próprio processo natural. Encontramo-nos em meio a um grande processo que se manifesta naquilo que é extremamente pequeno e naquilo que é extraordinariamente grande […]. A esse processo natural do qual nós fazemos parte, aplicamos o temível nome ‘Deus’. Dessa forma, portanto, Deus não é uma pessoa distinta de nós; pelo contrário, nossa vida é uma parte da vida dele. […] O liberalismo moderno possui características panteísta, mesmo não sendo consistentemente panteísta. Sua tendência é se desfazer, em todos os lugares, da separação existente entre Deus e o mundo, e da precisa distinção entre Deus e o homem.26


https://teologiabrasileira.com.br/o-liberalismo-teologico-nao-e-cristianismo-a-proposicao-de-j-g-machen-contra-a-teologia-liberal/





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