segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Honrando ao Senhor com nossos bens - II



O princípio da honra

O conselho que Deus nos dá por meio de Salomão é o de HONRAR ao Senhor com nossos bens. O que está em questão aqui é a manifestação da honra, e não os bens em si. O uso dos bens é só um meio para expressar esta honra.

Deus não está interessado em nossa oferta, e sim na atitude que nos leva a entregar-lhe a oferta. Um dos maiores exemplos disto está no que Deus pediu a Abraão: o sacrifício de Isaque (Gn 22.1-10). Na hora de imolar o filho, o patriarca foi impedido de fazê-lo, e o Senhor deixou claro que só queria a expressão da honra, e não privá-lo de seu filho. Mas ao pedir justamente o que Abraão mais amava, o Senhor estava lhe dando uma oportunidade de honrá-lo tremendamente.

Vemos o mesmo princípio revelado de forma inversa, quando Ananias e Safira trazem uma oferta de alto valor, mas com a motivação errada e recheada de mentira. O que aconteceu? Deus se agradou? De forma alguma! Lemos em Atos 5.1-5 que o Senhor os julgou pelo que houve. O Pai Celeste não queria o dinheiro deles, e sim uma atitude de honra.

Honrar significa distinguir, fazer diferença. Portanto, Deus deseja ser distinguido de todas as demais coisas em nossas vidas, mesmo as que temos como mais preciosas. Mas porque Deus anseia ser honrado?

Sabemos que ele é infinitamente perfeito. Logo, não tem nenhum problema de rejeição ou auto-aceitação. Então, porque ele busca tanto ser honrado?

Deus o faz pelo simples fato de que deseja que sejamos abençoados! É isto mesmo! O Reino de Deus funciona por princípios. E um dos princípios que o Senhor estabeleceu é o seguinte: [...] “eu honro os que me honram, mas aos que me desprezam, desprezarei.” (1Sm 2.30)

Deus não está atrás de nossas ofertas, e sim da honra expressada por meio dela: “O filho honra o pai, e o servo, ao seu senhor. Se eu sou pai, onde está a minha honra? E, se eu sou senhor, onde está o respeito para comigo? – diz o Senhor dos Exércitos a vós outros, ó sacerdotes que desprezais o meu nome. Vós dizeis: Em que desprezamos nós o teu nome? Ofereceis sobre o meu altar pão imundo e ainda perguntais: Em que te havemos profanado? Nisto que pensais: A mesa do Senhor é desprezível. Quando trazeis animal cego para o sacrificardes, não é isso mal? E, quando trazeis o coxo ou o enfermo, não é isso mal? Ora, apresenta-o ao teu governador; acaso, terá ele agrado em ti e te será favorável? – diz o senhor dos Exércitos. Agora, pois, suplicai o favor de Deus, que nos conceda a sua graça; mas, com tais ofertas nas vossas mãos, aceitará ele a vossa pessoa? – diz o Senhor dos Exércitos. Tomara houvesse entre vós quem feche as portas, para que não acendêsseis, debalde, o fogo do meu altar. Eu não tenho prazer em vós, diz o Senhor dos Exércitos, nem aceitarei da vossa mão a oferta.” (Ml 1.6-10)

Quando Deus instituiu as ofertas, esperava ser honrado através delas, e não buscava a oferta em si. Através do profeta Malaquias, o Senhor está dizendo que preferia o templo fechado a receber uma oferta que não expresse honra.

Nos dois níveis de relacionamento com Deus em que nos enquadramos (o de filho e o de servo), espera-se que haja honra. “Estando ele em Betânia, reclinado à mesa em casa de Simão, o leproso, veio uma mulher que trazia um vaso de alabastro cheio de bálsamo de nardo puro, de grande preço; e, quebrando o vaso, derramou-lhe sobre a cabeça o bálsamo. Mas alguns houve que em si mesmos se indignaram e disseram: Para que se fez este desperdício do bálsamo? Pois podia ser vendido por mais de trezentos denários que se dariam aos pobres. E bramavam contra ela. Jesus, porém, disse: Deixai-a; porque a molestais? Ela praticou uma boa ação para comigo. Porquanto os pobres sempre os tendes convosco e, quando quiserdes, podeis fazer-lhes bem; a mim, porém, nem sempre me tendes. Ela fez o que pode; antecipou-se a ungir meu corpo para a sepultura. Em verdade vos digo que, em todo o mundo, onde quer que for pregado o evangelho, também o que ela fez será contado para memória sua.” (Mc 14.3-9)

Observe o que esta mulher fez. Certamente ela honrou ao Senhor com sua atitude, e permitiu que, através de seu ato, o Senhor também pudesse honrá-la. Estamos estudando acerca desta mulher por ordem de Jesus. E isto não foi decidido por ele só para termos o que aprender, mas para que esta mulher jamais fosse esquecida pelo que fez.

Se a honra que o Senhor nos concede está ligada à honra que para com ele praticamos, então podemos dizer que esta mulher, Maria de Betânia, conseguiu ir fundo em sua atitude. Em geral, este texto é usado para falar acerca de adoração – e concordo com isso – mas, o que a maioria dos crentes não se apercebe é que seu contexto envolve dinheiro, e não música. Este é um tipo de adoração silenciosa, mas que certamente enche o coração de Deus.

O que podemos aprender com esta mulher e as pessoas que estavam naquele banquete? A primeira coisa que Deus falou ao meu coração neste texto, é que normalmente vinculamos nossas ofertas a uma necessidade específica.

Como pastor percebo muito bem isto; sempre que desafiamos as pessoas a ofertarem com vistas a um propósito específico, elas correspondem mais. E quero declarar que temos errado neste ponto. Vemos exemplos bíblicos de ofertas que foram levantadas visando suprir uma necessidade, como foi no caso do tabernáculo de Moisés, por exemplo. Isso em si não é errado, mas há uma mentalidade errada que entrou juntamente com a prática deste princípio: a de que temos sempre que achar um destino de utilidade justificável para a oferta.

Quando aquela mulher quebrou o vaso e derramou o perfume, ela estava praticando um desperdício. Não havia razão – diante do raciocínio humano – para se fazer aquilo. E estamos falando de uma oferta altíssima, especialmente para a simplicidade que enxergamos naquele lar! Mas ninguém reclamou do valor que a mulher decidira abrir mão por amor ao Senhor. Trezentos denários era muito dinheiro.

Um denário era a paga de um dia de trabalho. Os judeus trabalhavam seis dias por semana, portanto, em um mês de 30 dias, ganhavam cerca de vinte e seis denários (descontando os quatro sábados de descanso); o perfume “desperdiçado” podia ser vendido (de segunda mão) por trezentos denários, mas talvez tenha custado até mais que isso para a mulher. Isto dava mais de um ano de salário de um trabalhador normal!

Note que ninguém se importou com a oferta em si, mas com o fato dela não poder ser utilizada dentro do que era esperado fazer com o dinheiro. Da mesma forma, acredito que temos perdido a essência da oferta, que é dar ao Senhor honra. Só pensamos naquilo em que o dinheiro pode ser aproveitado. Se a oferta for para melhorias no templo, todo mundo dá, pois vai redundar em conforto para quem está dando. Mas quando se trata de ofertar para quem está no campo missionário, não nos sentimos tão dispostos! Você não acha isso errado?

Não temos nos preocupado de verdade em agradar ao Senhor. A maioria das mensagens sobre contribuição nos faz crer que dizimar e investir num título de capitalização são a mesma coisa. Não nego que Deus fez promessas acerca de nos abençoar. Malaquias 3.9-12 é muito claro sobre isto. Mas o que faz com que Deus nos abençoe? Não é o dar em si, mas a atitude de honra que demonstramos por trás do dar.

Há crentes que dizimam, mas sonegam os impostos, pisam nas pessoas com quem negociam para ganhar dinheiro, exploram os necessitados e acham que porque dizimaram Deus lhes prosperará. O dízimo trás bênçãos enquanto está sendo uma expressão de honra ao Senhor.

Mas quando o isolamos deste princípio, estamos literalmente anulando a promessa do Senhor. Honrar ao Senhor com nossos bens diz respeito a muito mais do que dizimar. O dízimo é apenas uma parte disto (se entregue de forma correta).


Luciano P. Subirá. Pastor da Comunidade Evangélica Alcance

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Honrando ao Senhor com nossos bens




“Honra ao Senhor com os teus bens, e com as primícias de toda a tua renda; assim se encherão de fartura os teus celeiros, e transbordarão de mosto os teus lagares.” (Pv 3.9-10)

Temos aqui uma promessa de Deus... que tem o seu “sim” e seu “amém” (2Co 1.21). Este texto fala de Deus enchendo seu povo com a sua provisão.

Não temos celeiros e lagares hoje de forma literal como os judeus daquela época, mas devemos entender que Deus está se referindo à provisão abundante. É da vontade de Deus suprir os seus filhos materialmente. Há diversas promessas na Bíblia que se referem a isto (Sl 23.1; Fl 4.19).

Contudo, isto não se dá de forma automática. Esta promessa é condicional, ou seja, não se cumpre por si só, depende de cada um de nós para que possa ser concretizada. O texto pode ser divido em duas partes: aquilo que nós temos que fazer; e o que Deus fará depois que fizermos a nossa parte.

Esta promessa divina é sobre provisão e prosperidade (não entenda como riqueza), e revela a vontade do próprio Deus para seus filhos. Contudo, muitos crentes sinceros não a tem experimentado. Acredito que isto tem se dado justamente porque há uma dimensão de entendimento por trás desta promessa que ainda não tem sido penetrada pela maioria dos crentes.

Temos ouvido muito sobre as bênçãos do dar, e acredito nesta doutrina porque é bíblica. Mas a Palavra de Deus não nos ensina somente a dar, mas também a forma certa de fazê-lo! Creio que este texto nos revela mais sobre a atitude que devemos ter, do que a dádiva em si.

Veja bem: quando afirmamos que Deus responde as orações, estamos afirmando algo bíblico e verdadeiro. Mas a Escritura Sagrada não nos ensina apenas a orar, mas revela também que há uma forma correta de se fazer isto. Percebemos este princípio na epístola de Tiago, onde lemos: “Pedis e não recebeis, porque pedis mal...” (Tg 4.2). Logo, precisamos aprender a pedir, mas também precisamos aprender a forma certa de fazê-lo!

Acredito que o mesmo se dá com o ato de dar e ofertar ao Senhor. Foi por isso que Paulo instruiu os coríntios: “Cada um contribua segundo propôs no seu coração; não com tristeza, nem por constrangimento; porque Deus ama ao que dá com alegria.” (2Co 9.7)

As Escrituras falam de gente como Caim que ofertou ao Senhor sem, contudo, ser aceita, uma vez que havia algo errado em sua atitude.


Luciano P. Subirá. Pastor da Comunidade Evangélica Alcance

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Sobre a Autoridade



Há três coisas que propagam a vida de Cristo em nós: o batismo, a fé e a ação misteriosa que os cristãos conhecem por nomes diferentes como Santa Ceia, missa e Ceia do Senhor. Ao menos esses são os três mais comuns. [...]
Da minha parte, não vejo por que coisas como essas deveriam ser as condutoras de um novo tipo de vida. [...] Mas ainda que eu não consiga ver por que deveria ser assim, posso lhe dizer por que eu acredito que seja. Explicava anteriormente por que eu tenho que acreditar que Jesus era (e é) Deus. E parece claro, como fato histórico, que ele ensinou aos seus seguidores que a nova vida seria comunicada dessa forma. Em outras palavras, eu acredito nisso pela autoridade. Não se assuste por causa da palavra autoridade. Acreditar em coisas por causa da autoridade significa acreditar nelas porque quem lhe contou é digno de credibilidade. Noventa por cento do que você acredita se deve à autoridade. Eu acredito que exista um lugar chamado Nova Iorque. Eu nunca vi com meus próprios olhos, nem poderia provar com base em algum raciocínio abstrato que ele existe. Eu acreditei porque pessoas confiáveis me contaram. O homem comum acredita no sistema solar, em átomos, na evolução e na circulação do sangue, baseado na autoridade da ciência. Todo mundo acredita em afirmações históricas baseado na autoridade. Nenhum de nós jamais viu a Guerra do Paraguai ou a Proclamação da República; nenhum de nós poderia provar esses fatos pela pura lógica, da mesma forma que se demonstra uma fórmula matemática. Nós acreditamos nelas simplesmente porque as pessoas que as viram deixaram documentos que nos falam a respeito; ou seja, baseados na autoridade. Um indivíduo que desprezasse a autoridade no que diz respeito a todas as outras coisas, da forma como algumas pessoas fazem quando se trata de religião, teria que se contentar em não saber de nada por toda a vida.

C S Lewis – Cristianismo Puro e Simples