quarta-feira, 7 de março de 2012




Depois da Guerra

Oficina G3

Vejo ruínas de uma guerra,
Mas uma guerra por nossas mãos,
E As armas foram as palavras,
A vaidade, a motivação.


Feridas que sangraram a alma,
A fé de muitos, se perdeu.
Um dia irmãos, hoje inimigos,
Matou-se o amor que um dia nos fez um;


Quem vencerá, uma guerra entre irmãos, uma guerra perdida?
Quem perderá, um povo escolhido, um povo ferido?


Quebradas foram as alianças,
Palavras que trouxeram a divisão,
Pregadas, cantadas, faladas
Por muitos que diziam ser irmãos.


Feridas que sangraram a alma,
A fé de muitos se perdeu,
Na cruz o exemplo nos foi dados,
Onde ficou o amor ,que nos fez um?!


Quem vencerá, uma guerra entre irmãos, uma guerra perdida,
Quem perderá, um povo escolhido, um povo ferido...


Quem vencerá, uma guerra entre irmãos, uma guerra perdida,
Quem perderá, um povo escolhido, um povo ferido...

Um povo escolhido... (2x)

segunda-feira, 5 de março de 2012

jornada espiritual...


Minha jornada espiritual
Watchman Nee


Um testemunho do irmão Nee.



Em sua primeira carta aos Coríntios, o apóstolo Paulo escreveu: “Eu, irmãos, quando fui ter convosco, anunciando-vos o testemunho de Deus, não o fiz com ostentação de linguagem, ou de sabedoria. Porque decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo, e este crucificado”. Este mesmo espírito sombreou a vida de Watchman Nee. Desde seus primeiros anos como cristão ele abraçou a cruz de Cristo e proclamou o Cristo da cruz. Nunca moveu para fora esse fundamento através de todos os seus muitos anos de fiel ministério.

Apesar de ainda jovem no Senhor, a ele muito foi dado porque ele muito amou. Seu primeiro amor para com o Senhor era puro e caloroso, e sua apreensão da verdade, firme e sólida.

Não tendo ainda passado dois anos após sua conversão, Watchman Nee escreveu esse testemunho, o qual foi publicado na revista Spiritual Light, em dezembro de 1921.

Uma vez habitei “nas tendas da perversidade” (Sl 84:10), andei “segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe da potestade do ar, e do espírito que agora atua nos filhos da desobediência” (Ef 2:2), eu vivi “segundo as inclinações da [minha] carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e [era] por natureza [filho] da ira, como também os demais” (Ef 2:3).

Então ouvi “a Jesus, o Filho de Deus, como grande sumo sacerdote que penetrou os céus” (Hb 4:14) que está construindo uma morada para mim, pois “na casa de meu Pai”, Ele disse, “há muitas moradas” (Jo 14:2).

Uma vez eu estive completamente desesperado, exatamente “como escrito: Não há justo, nem sequer um, não há quem busque a Deus; todos se extraviaram, e à uma se fizeram inúteis; não há quem faça o bem, não há nem um sequer. A garganta deles é sepulcro aberto; com a língua urdem engano, veneno de víbora está nos seus lábios, a boca eles a têm cheia de maldição e de amargura; são os seus pés velozes para derramar sangue, nos seus caminhos há destruição e miséria, desconhecem o caminho da paz. Não há temor de Deus diante de seus olhos. Ora, sabemos que tudo o que a lei diz para os que vivem na lei o diz, para que se cale toda a boca, e todo o mundo seja culpável perante Deus” (Rm 3:10-19). Fiz, então, uma investigação: “Jesus lhes perguntou: Credes que eu posso fazer isso? Responderam-lhe: sim, Senhor” (Mt 9:28).

Agora eu ando como tendo sido depurado do “velho fermento, para que [fosse] nova massa, como [sou] de fato sem fermento. Pois também Cristo, [meu] Cordeiro pascal, foi imolado” (I Co 5:7). Eu “[recebi] o dom do Espírito Santo” (At 2:38) que habita dentro de mim.

Hoje eu percorro “o caminho, e a verdade, e a vida” (Jo 14:6). Agora vejo a Deus, pois “Quem me vê a mim”, disse Jesus, “vê o Pai” (Jo 14:19).

Finalmente encontrei a casa que havia a tanto procurado – “da parte de Deus um edifício, casa não feita por mãos, eterna, nos céus” (I Co 5:1). Esta casa tem somente uma porta, pois vejo que “se alguém entrar por mim”, declarou Jesus, “será salvo” (Jo 10:9). Agora eu compreendo a verdade da declaração de Jesus: “batei e abrir-se-vos-á” (Mt 7:7).

A casa em que hoje eu vivo, possui um quarto de música – “Gloriai-vos no seu santo nome; alegre-se o coração dos que buscam o Senhor. Buscai o Senhor e o seu poder; buscai perpetuamente a sua presença” (Sl 105:3-4). Possui um aposento para conversação – onde eu devo orar “sem cessar” (I Ts 5:17). Tem, da mesma forma, um quarto de leitura – para examinar “as Escrituras todos os dias para ver se as cousas eram de fato assim” (At 17:11). Tem um salão para preleções – “Fiz-me tudo para com todos, com o fim de, por todos os modos, salvar alguns” (I Co 9:22). Meu quarto, para finalizar, é “o peito de Jesus” (Jo 13:25). Minha atual residência é onde “estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vivem em mim; e esse viver que agora tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim” (Gl 2:20-21). Meu endereço é os “lugares celestiais” (Ef 2:6). Sempre que você me visitar no espírito de “feliz o homem que me dá ouvidos [isto é, ouve a Sabedoria, que é Cristo], velando dia a dia às minhas portas, esperando às ombreiras da minha entrada” (Pv 8:34), você encontrará não apenas a mim, mas também os santos meus companheiro. Dê ouvidos ao que o servo diz: Vinde, porque tudo já está preparado” (Lc 14:17).

Então “nós, os vivos, os que ficarmos, seremos arrebatados juntamente com eles, entre nuvens, para o encontro do Senhor nos ares, e assim, estaremos para sempre com o Senhor” (I Ts 4:17). Depois de serem cumpridas estas palavras, eu terei meu lar onde “vi também tronos, e nestes sentaram-se… Vi ainda a alma dos decapitados por causa do testemunho de Jesus, bem como por causa da palavra de Deus, tantos quantos não adoraram a besta, nem tão pouco a sua imagem, e nem receberam a marca na fronte e na mão; e viveram e reinaram com Cristo durante mil anos. Os restantes dos mortos não reviveram até que se completassem os mil anos. Esta é a primeira ressurreição. Bem aventurado e santo é aquele que tem parte na primeira ressurreição; sobre esses a segunda morte não tem autoridade: pelo contrário, serão sacerdotes de Deus e de Cristo e reinarão com ele os mil anos” (Ap 20:4-6). E o cântico que entoarei será “… um novo cântico, dizendo: Digno és de tomar o livro e de abrir-lhes os selos, porque foste morto e com o teu sangue compraste para Deus os que procedem de toda tribo, língua, povo e nação” (Ap 5:9).

Não muito depois, juntamente com meus amados mudarei para “um novo céu e uma nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra passaram e o mar já não existe” (Ap 21:1). Pois “segundo a sua promessa, esperamos novos céus e nova terra, nos quais habita justiça” (II Pe 3:13).

“E assim,” nessa ocasião, a palavra – “se alguém está em Cristo, é nova criatura: as cousas velhas já passaram; eis que se fizeram novas” – será plenamente realizada, e de forma gloriosa experimentarei a verdade desta palavra: “Alegrai-vos sempre no Senhor; outra vez digo alegrai-vos” (Fl 4:4).

Da mesma forma os santos do passado fizeram sua jornada espiritual. No entanto, estas linhas também representam o que eu mesmo tenho experimentado e ardentemente espero. Na verdade, ao escrever esta última parte, eu me encontrava com lágrimas de regozijo. Suponho, porém, que você, que é salvo, possui o mesmo sentimento em relação à volta do Senhor Jesus. Aqueles que são lavados pelo sangue de Jesus são, naturalmente, otimistas para com a vida. Mas, onde você, que não possui a segurança de estar salvo, passará a morte eterna? Por favor, considere este assunto.

Extraído da revista À Maturidade, número 28 – Outono de 1996


quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

...dúvidas inesperadas


O Tesouro no Vaso de Barro
Watchman Nee


O Tesouro no Vaso de Barro



Fé Quando há Dúvida
 
O que acabamos de dizer é uma impressionante verdade sobre a fé. Inúmeras pessoas vieram a mim e contaram seus temores e preocupações mesmo enquanto buscavam confiar no Senhor. Faziam seus pedidos, tomavam posse das promessas de Deus e, não obstante, sempre surgiam dúvidas inesperadas. Deixe-me dizer-lhe que o tesouro da verdadeira fé aparece em um vaso que pode ser dolorosamente atacado pela dúvida, e o vaso de barro, por causa da presença da dúvida, não invalida o tesouro; pelo contrário, o tesouro nesse ambiente resplandece com uma beleza maior. Não me entenda mal: não estou incentivando a dúvida. A dúvida é uma marca da deficiência em um cristão, mas eu gostaria de deixar claro que o cristianismo não é só uma questão de fé, mas da fé que triunfa na presença da dúvida.


Gosto de lembrar-me da oração da igreja primitiva para que Pedro fosse liberto das mãos dos ímpios. Quando Pedro voltou da prisão e bateu à porta da casa onde a igreja estava reunida em oração, os cristãos exclamaram: “É o seu anjo!” (AT 12.15). Você vê? Havia fé ali, a verdadeira fé, o tipo de fé que poderia trazer uma resposta de Deus; e, não obstante, ainda havia a fraqueza do homem, e a dúvida estava bem ali perto, por assim dizer. Porém, hoje, a fé que muitas pessoas que fazem parte do povo de Deus declaram exercer é maior do que a exercida pelos cristãos reunidos na casa de Maria, mãe de João Marcos. E elas têm certeza disso! Estão certas de que Deus enviará um anjo, e que todas as portas da prisão se abrirão diante delas. Se uma rajada de vento soprar: “Há um Pedro batendo na porta!”. Se a chuva começar a balbuciar: “Há um Pedro batendo na porta de novo!”.


Essas pessoas são muito crédulas, muito confiantes. Sua fé não é necessariamente um objeto genuíno. Até no cristão mais consagrado, o vaso de barro sempre está ali, e, pelo menos para ele, está sempre em evidência, embora o fator determinante nunca seja o vaso, mas o tesouro dentro dele. Na vida de um cristão normal, só quando a fé aumenta positivamente de modo a agarrar-se a Deus é que pode surgir ao mesmo tempo uma questão quanto a se talvez ele possa estar enganado. Quando ele está mais forte no Senhor, muitas vezes está mais consciente da sua incapacidade; quando ele está mais corajoso, talvez esteja mais ciente do temor no íntimo; e no ponto em que ele está mais alegre, uma sensação de angústia prontamente lhe sobrevém novamente. Somente a excelência do poder o leva às alturas. Porém este paradoxo é, em si, uma evidência, tanto de que há um tesouro como de que é ali que Deus gostaria que ele estivesse.


Deveria ser um motivo de grande gratidão a Deus o fato de que nenhuma fraqueza meramente humana precisa limitar o poder de Deus. Somos inclinados a pensar que onde há tristeza não pode haver alegria; que onde há lágrimas não pode haver louvor; que onde a fraqueza é visível falta poder; que quando estamos cercados por inimigos seremos confinados; que onde há dúvida não pode haver fé. Entretanto, deixe-me declarar com força e com confiança que Deus está procurando levar-nos ao ponto onde tudo que é humano só tem por objetivo prover um vaso de barro para conter o tesouro divino. Daqui para frente, quando estivermos conscientes da depressão, que não cedamos a essa depressão, mas nos entreguemos ao Senhor; quando a dúvida ou o temor surgir em nosso coração, que não nos entreguemos a eles, mas ao Senhor, e o tesouro resplandecerá ainda mais gloriosamente, por causa do vaso de barro.


(Textos estrados do livro “A Direção de Deus Para o Homem, de Watchman Nee, Editora dos Clássicos. Julho de 2004).

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Poder na Fraqueza


O Tesouro no Vaso de Barro
Watchman Nee





Poder na Fraqueza


Você já começou a entender o que significa ser um cristão? Ser um cristão é ser uma pessoa em quem aparentes incompatibilidades coexistem, mas em quem é o poder de Deus que muitas vezes triunfa. Um cristão é alguém em cuja vida há um inerente e misterioso paradoxo; e esse paradoxo é de Deus. Algumas pessoas concebem o cristianismo como todo o tesouro e não o vaso. Se, por vezes, o vaso de barro é visível em um servo de Deus, elas acham que esse servo é um caso perdido, enquanto a concepção de Deus é que, nesse mesmo vaso, Seu tesouro deveria ser encontrado.


Neste ponto devemos fazer uma cuidadosa distinção entre homem e “a carne” no homem – entre a limitação que é inerente em nosso ser humano e a natureza carnal do homem com sua inveterada tendência para pecar, uma tendência que nos deixa (à parte da ajuda do Espírito Santo) totalmente impossibilitados de agradar a Deus. Essa distinção é a mais importante por causa da facilidade com que, mesmo em um filho de Deus, alguém influencia o outro, e com que a natureza humana em nós cede à natureza carnal. Que fique bem claro, portanto, que eu definitivamente não tenho a intenção, neste capítulo, de justificar ou fechar os olhos para o pecado ou a carnalidade. A carne deve ser resistida e entregue à morte – a morte da cruz. No entanto, a fraqueza, neste outro sentido, deve permanecer. Nosso bendito Senhor foi, por nossa causa, “crucificado em fraqueza”, contudo vive pelo poder de Deus (2 Co 13.4); e, quanto a nós, é em nossa fraqueza que Seu poder se aperfeiçoa. Há, portanto, uma “enfermidade” na qual é possível gloriar-se (12.9).


Assim Paulo diz-nos que ele tinha “um espinho na carne” (12.7). O que era eu não sei, mas sei que esse espinho o enfraquecia muito, e que, por três vezes, ele orou para que o espinho fosse tirado. No entanto, em resposta, Deus apenas lhe assegurou: “A minha graça te basta” (12.9). Somente isso – mas isso era suficiente.


Como o poder do Senhor pode ser manifestado à perfeição em um homem fraco? Pelo cristianismo, pois o cristianismo é isso. O cristianismo não é a remoção da fraqueza, nem é simplesmente a manifestação do poder divino. É a manifestação do poder divino na presença da fraqueza humana. Sejamos claros neste ponto. O que o Senhor está fazendo não é algo meramente negativo – ou seja, eliminar a nossa enfermidade. Nem, quanto a isso, é meramente positivo – conceder força em qualquer situação, a esmo. Não, Ele nos deixa com a enfermidade e concede a força ali. Ele está concedendo Sua força aos homens, mas essa força é manifestada em sua fraqueza. Todo o tesouro que Ele dá é colocado em vasos de barro.


(Textos estrados do livro “A Direção de Deus Para o Homem, de Watchman Nee, Editora dos Clássicos. Julho de 2004).



sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

o poder se aperfeiçoa na fraqueza...


Render-se (2ª parte)
Watcman Nee 

"As coisas impossíveis aos homens são possíveis a Deus." 


A TENTAÇÃO DE SATANÁS É TENTAR FAZER COM QUE NOS MOVAMOS


NOSSA FRAQUEZA É NOSSA GLÓRIA

Em 2 Coríntios 12:9 diz-se: "Então, ele me disse: A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, mais me gloriarei nas fraquezas, para que sobre mim repouse o poder de Cristo". Isso nos mostra que não só devemos considerar-nos frágeis, impotentes e incapazes, mas também regozijar-nos na fraqueza, impotência e incapacidade. Por acaso, esse versículo diz que devemos lamentar-nos pelas fraquezas? Não. Diz que devemos regozijar-nos por elas e que além disso devemos gloriar-nos nelas. Que significa gloriar-nos nas fraquezas? Todo o mundo se lamenta de suas fraquezas, mas os vencedores se gloriam nelas porque têm fé.

Irmãos e irmãs, vocês pensam que têm problemas? Acham que têm fracassos? Precisam ver que os problemas e fracassos são uma bênção, cuja finalidade é ajudá-los a vencer.

Uma vez conheci em Chefoo um médico que fora salvo havia três ou quatro anos. Havia servido no exército por mais de dez anos. Tinha o porte de um soldado; era direto e franco. Não havia dúvidas que era salvo. No entanto, tinha o hábito de fumar, que não era um problema enquanto esteve na Manchúria, mas ao vir a Chefoo as coisas ficaram difíceis para ele. Havia entre setenta e oitenta pessoas na igreja, e Chefoo era um povoado pequeno. O único lugar onde podia fumar era em casa, mas nem ali podia fazê-lo abertamente, porque a esposa também era irmã. No hospital onde trabalhava, algumas das enfermeiras também eram irmãs. Por um lado, desejava fumar; por outro, sentia-se envergonhado. Quando escutava alguém chegar, apressava-se em apagar o cigarro. Se fumava na rua, tinha de primeiro olhar à sua volta para ver se havia rostos familiares. Não conseguia parar de fumar, e ainda assim era-lhe doloroso continuar fumando. Não sabia mais o que fazer. Depois de uma das reuniões em que falei, ele veio a mim e marcou um encontro para ver-me às nove da manhã do dia seguinte. Disse-me que tinha coisas muito importantes para dizer-me. Na manhã seguinte, veio e me contou toda a sua história. Disse-me que fumava há mais de dez anos, e que não conseguia deixar o cigarro. Que deveria fazer? Quanto mais ele falava, mais eu olhava para o teto e ria. Ele disse: "Senhor Nee, esse é um assunto muito sério". Disse-lhe que sabia que se tratava de algo sério. Disse-me que não podia fazer nada a respeito. Disse-lhe: "É maravilhoso que não possa fazer nada a respeito. Nada é melhor que não poder fazer nada". Perguntou-me por quê, e eu lhe respondi: "Alegro-me porque somente o Senhor pode resolver esse assunto. Nem você nem eu podemos fazer nada quanto a isso. Sua esposa não pode fazer nada, nem mesmo os irmãos. Com um paciente tão ideal, o Senhor Jesus terá um bom trabalho para fazer em Sua clínica". Disse-me não ter podido fazer nada durante mais de dez anos e isso não era um assunto trivial. Concordei, mas disse-lhe: "Pode ser difícil para você, mas não há nada difícil para o Senhor. Ele pode mudar a situação num piscar de olhos".

Continuei: "Doutor Shi, o senhor é um bom médico, e eu tenho boa saúde. Portanto, nem o senhor precisa de mim, nem eu do senhor. Se o senhor quiser mostrar suas habilidades em mim, primeiro tenho de estar doente; e não apenas de doença comum, mas de enfermidade grave. Quanto mais grave a minha condição, melhor o senhor poderá mostrar sua habilidade. Hoje o Senhor Jesus está aqui. Ele pode curar o que o senhor, doutor Shi, não pode". Perguntou-me o que eu queria dizer com isso, e então citei 2 Coríntios 12:9: "A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, mais me gloriarei nas fraquezas, para que sobre mim repouse o poder de Cristo". Era bom que ele desejasse deixar de fumar, e era maravilhoso que não conseguisse. Mesmo assim, ele não conseguia entender as palavras de 2 Coríntios 12:9. Era maravilhoso que não conseguisse deixar de fumar. Não seria tão maravilhoso se ele não fumasse, porque 2 Coríntios diz que o poder de Cristo somente se aperfeiçoa na fraqueza do homem. Disse-lhe: "Para você fumar é mau. Mas para Deus sua impotência quanto a deixar de fumar é algo maravilhoso". Ele ficou confuso e me olhou firmemente. Disse-lhe: "Nunca pense que o seu hábito de fumar é lamentável ou infeliz. Você tem de dizer ao Senhor: ´Agradeço-Te e louvo porque fumo. Graças Te dou e Te louvo porque não consigo deixar de fumar. Mas Te agradeço e louvo porque Tu podes fazer com que eu deixe de fumar e ajudar-me a deixar´". Ele perguntou com incredulidade: "Deus pode realmente fazer isso?" Respondi-lhe: "É claro que pode". Então oramos juntos. Primeiro eu orei, depois ele. Tinha fé, e sua oração tinha o tom de um típico soldado. Falou de maneira sincera: "Deus, agradeço-Te e louvo porque eu fumo. Senhor, agradeço-Te e louvo porque não consigo deixar de fumar. Senhor, agradeço-Te e louvo porque podes deixar de fumar por mim". Depois de orar e ainda com lágrimas nos olhos, colocou o chapéu e aprontou-se para sair. 

Perguntei-lhe: "Doutor Shi, o senhor continuará fumando?" Ele respondeu: "Eu, Tsai-lin Shi, não consigo deixar de fumar; mas Deus, sim, pode deixar por mim". Nesse momento soube que ele não teria problemas. A noite fiquei preocupado com ele, e perguntei aos que estavam no hospital como ele estava. Fiquei sabendo que tudo estava bem. Na manhã seguinte, perguntei de novo e a resposta foi a mesma. Estava tudo bem. Quando encontrei-me com ele à tarde, disse-me que havia falado com a esposa. Ela se havia queixado por mais de dez anos do seu hábito de fumar, e ainda assim ele nunca tinha conseguido vencer esse vício. Depois de falar com Deus, seu hábito de fumar desapareceu em menos de meia hora. Ele disse: "Não fumei ontem, e hoje também não". Quando ele ia embora, perguntei-lhe de novo: "Doutor Shi, o senhor pensa que pode deixar de fumar?" Ele respondeu que não. Perguntei-lhe: "Então, que fará?" Disse-me: "O Senhor deixará de fumar por mim". Ao escutar suas palavras, fui embora tranqüilo. Irmãos e irmãs, não pensem que podem mudar. Em cinco anos vocês continuarão a perder a paciência. A vitória é Cristo viver por vocês. Vocês podem declarar: "Agradeço-Te e louvo, Senhor, porque não consigo, mas Cristo, sim". Desejaria dizer isso a todo o mundo. Não tenho medo do mau gênio; não me amedronta uma personalidade forte; tampouco temo o orgulho exagerado. Só temo os que não vêem a própria incapacidade, e não vêem que Cristo é capaz.

É bom que vocês louvem a Deus por suas vitórias; mas também devem louvá-Lo por suas fraquezas. Suas fraquezas têm a função principal de manifestar o poder de Cristo. Dou graças a Deus porque Watchman Nee é totalmente corrupto. Dou graças a Cristo porque Seu poder pode mais uma vez ser aperfeiçoado em mim. Digo ao Senhor que não há nada de bom em mim e que não tenho justiça, nem santidade, nem paciência, nem calma. Dou graças ao Senhor e O louvo porque não tenho nenhuma dessas coisas e tampouco me esforço por tê-las. "Oh! Senhor, a partir de agora entrego tudo a Ti. De agora em diante é Teu Filho quem vencerá por mim". Se fizerem isso, imediatamente vencerão.
Vocês podem vencer em menos de um minuto; ou mesmo, em menos de um segundo.


IMPOSSÍVEL PARA O HOMEM, MAS POSSÍVEL PARA DEUS

Lucas 18 nos mostra um jovem rico que não pode vencer; enquanto Lucas 19 nos mostra Zaqueu, que conseguiu a vitória. "Senhor, eis que dou aos pobres a metade dos meus bens; e, se alguma cousa tomei a alguém mediante falsa denúncia, restituo-a quatro vezes mais" (v. 8). Ele obteve a vitória naquele instante. Zaqueu conseguiu fazer o que o jovem rico não pôde. Lucas 18 nos mostra que para o homem é impossível, e Lucas 19, que para Deus tudo é possível. O homem idoso de Lucas 19 pôde fazer o que o jovem de Lucas 18 não pôde. Em Lucas 18 o jovem não pôde fazer o que o Senhor lhe disse que fizesse. Em Lucas 19 o Senhor não teve de dizer muito ao homem de idade e, mesmo assim, ele creu. O jovem rico não conseguiu nada, porque não creu em Deus. O homem idoso e toda a sua casa eram filhos de Abraão; tinham fé, e a salvação chegou àquela casa. Isso foi obra de Deus.

Irmãos e irmãs, temos de agradecer e louvar ao Senhor porque não conseguimos amar, nem perseverar, nem humilhar-nos ou ser mansos. Mas não há um só versículo na Bíblia, nem uma só palavra de Deus que diga que devamos viver ou fazer as coisas de acordo com a nossa capacidade. Deus sempre nos pede que façamos o que não conseguimos fazer e que levemos uma vida que não conseguimos viver. Cada manhã, ao despertar, dou graças a Deus porque é um dia a mais que Ele tem para realizar Seus milagres. À noite volto a dar-Lhe graças e louvá-Lo pelos milagres que fez naquele dia. Hoje, Deus me está capacitando a suportar o que não posso; a amar o que não posso; a fazer o que não consigo, e a agir da forma que não consigo. Devemos dar-Lhe graças e louvá-Lo! Todos os dias podemos experimentar as palavras: "As coisas impossíveis aos homens são possíveis a Deus".


[1] Carrinho de duas rodas por homem, de uso no Oriente
[2] Título originai inglês: The Christian´s Secret of a Happy Life. (N.T.)

Fonte: Capítulo 6 do livro: A Vida que Vence
Editora: Árvore da Vida