sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

A doutrinação do Enem



A última prova do ENEM tem tido espaço na mídia por conta das confusões em torno do gabarito. Mas, um amigo me chamou a atenção para um outro motivo para discussão, que dificilmente alcançaria a mesma repercussão na mídia; uma situação que evidencia de forma clara como um conteúdo de natureza ideólógica é contrabandeado para o sistema de ensino de nossos alunos de forma sutil, compulsória, mas muito agressiva. Trata-se da questão número 30.

Nesta questão, o aluno é requisitado a responder sobre as causas da “homofobia” no país. A prova oferece um enunciado que logo de cara evidencia a tendenciosidade em torno do tema. Bastaria dizer que o próprio termo “homofobia” já é carregado de ranço ideológico, uma vez que o sufixo -fobia pretende associar a idéia de patologia a toda crítica feita contra qualquer prática homossexual. Ou em outras palavras, uma pessoa só poderia exercer algum tipo de opinião contrária à prática homossexual se for carregado de algum desvio doentio.

O texto do enunciado segue essa política ideológica, afirmando que “homofobia” seria “a rejeição e menosprezo à orientação sexual do outro”. Rejeição. Simples e pragmática assim, sem nenhuma possibilidade de discussão. Questionar o assunto, é ser homofóbico, para os doutrinadores do ENEM.

Não bastasse isso, na intenção de “comprovar” a gravidade da violência “homofóbica”, o enunciado estende-se apresentando estatísticas sobre crimes de ódio contra homossexuais, números que na melhor das hipóteses não podem ser tomados como confiáveis. A própria fonte destes números reconhece que não há estatísticas oficiais para crimes de ódio e que os dados são coletados da mídia. Os números apresentados, portanto, limitam-se, se tanto, a indicar as mortes violentas cometidas contra homossexuais, sem uma análise séria sobre quantas foram realmente por ódio, ou mesmo por conta da condição homossexual da vítima em circunstâncias que não a de ódio, como por exemplo, crimes ligados a prostituição.

No fim de toda essa pressão ideológica despejada fartamente, o aluno depara-se com cinco alternativas que em maior ou menor grau, o obrigam a comprometer-se com essa definição parcial e tendenciosa da realidade.

Caso contrário o infeliz candidato é punido com a uma desqualificação de sua resposta.


Fonte: http://www.outramente.org/

2 comentários:

  1. APESAR DA HOMOSEXUALIDADE SER ASSUNTO DOS PRIMÓRDIOS DE CRISTO, E ATÉ MESMO, QUEM SABE, DA ERA PRIMATA, ATÉ HOJE É TRATADA DESSA MANEIRA. QUER DIZER.... VAMOS FAZER DE CONTA QUE ESSAS PESSOAS NÃO EXISTEM, É MAIS CÔMODO.
    ERRADO!

    QUAL PARÂMETRO VAMOS USAR ENTÃO PARA JULGAR?

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