A CRISTOFOBIA CHEGOU AO STF
Em vários países da África e do
Oriente Médio, a cristofobia é uma realidade dramática, que faz – atenção! –
milhares de vítimas. Hoje, com absoluta certeza, muitas pessoas foram
assassinadas apenas porque são... cristãs. E, no entanto, isso se dá sob o
silêncio cúmplice da Organização das Nações Unidas e das democracias
ocidentais.
Curiosamente, ou nem tanto, boa
parte dos intelectuais do Ocidente, especialmente os da esquerda europeia,
discutem a “islamofobia”. Onde mesmo o Islã é perseguido hoje em dia!? As
restrições impostas, por exemplo, na França a símbolos religiosos – a famosa
questão do véu – valem também para os cristãos, proibidos de ostentar
crucifixos em escolas.
O mais espantoso é constatar que
a cristofobia está hoje entranhada no Ocidente. No Brasil também! Ao aprovar o
aborto de anencéfalos quase todos os ministros do Supremo que votaram ontem
procuraram descaracterizar o cristianismo como um conjunto de valores que
concentra valores fundamentais do humanismo.
Encantados com a retórica
antirreligiosa e no afã de declarar a laicidade do estado (como se alguém a
estivesse contestando), aqueles que ontem formaram a maioria acabaram votando,
na prática, pela descriminação do aborto, livre de qualquer restrição. Havia ali
uma mais do que clara tentação de declarar “quando começa a vida”. E, NO
ENTANTO, ISSO NÃO ESTAVA EM DEBATE.
Tenho notado um crescente
movimento nesta direção: para desqualificar um adversário e não responder a
suas eventuais ponderações, basta acusá-lo de “religioso”. Até agora, não vi
uma resposta eficiente a uma questão que me parece central no debate: qual é o
mínimo de vida fora do útero materno que se considera razoável para não matar o
feto? “Ah, não me venha com sua crença!” O que há de religioso na minha
pergunta?
Não, senhores! A questão não é “apenas”
religiosa, não! Estamos escolhendo em que sociedade queremos viver e decidindo
o que é e o que não é moralmente legítimo fazer com o humano. Desprezar como “coisas
da religião” os valores cristãos num debate como esse corresponde, aí sim, ao
triunfo de um fundamentalismo. Sim, estou empenhado em algumas causas que considero
justas e humanas. Uma delas é combater, por exemplo, a crescente popularização
de teses eugênicas sob o pretexto de que não se pode impor sofrimento ãs
famílias e às crianças por nascer.
Infelizmente, a cristofobia
chegou também ao Supremo. A separação – que ninguém questiona – entre Igreja e
Estado e a laicidade desse estado estão sendo usadas como pretexto para
desqualificar qualquer óbice moral – por mais legítimo que seja – apresentado pelos
cristãos, como se as religiões concentrassem apenas valores ligados à fé e ao
mundo trancendental e não trouxessem e não trouxessem consigo um razoável
estoque de valores humanistas.
FONTE: O PAÍS DOS PETRALHAS II - PAGS. 60 E 61 - EDITORA RECORD - REINALDO AZEVEDO
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