sábado, 28 de janeiro de 2017

A argumentação moral mostra que existe um Deus?




Aqui está um bom princípio básico sobre a moralidade: nunca acredite nos que dizem que o assassinato ou o estupro podem não ser realmente errados. Estas pessoas não examinaram de maneira profunda a base da crença moral - e simplesmente não estão raciocinando de maneira apropriada. (Isto é, quando pessoalmente ameaçadas de assassinato ou estupro, elas mudam o seu modo de falar!) As pessoas daltônicas precisam de ajuda para distinguir o vermelho do verde. De maneira similar, as pessoas moralmente falhas (as que negam verdades morais básicas) não precisam de argumentos: elas precisam de ajuda psicológica e espiritual. Como as leis lógicas, as leis e os instintos morais são essenciais para os humanos que agem corretamente. Como parte da revelação geral que Deus fez de si mesmo, todas as pessoas - a menos que ignorem ou suprimam a sua consciência - podem e devem ter percepção moral básica, conhecendo verdades disponíveis, de modo geral, a qualquer pessoa moralmente sensível (RM 2.14, 15). De maneira instintiva, nós reconhecemos o erro em torturar ou matar inocentes, ou cometer estupro. Nós conhecemos a correção das virtudes (gentileza, honestidade, abnegação). A falha de uma pessoa em reconhecer estas noções revela algo defeituoso; esta pessoa não examinou de maneira suficientemente profunda as bases de suas crenças morais. Os filósofos e teólogos, do passado e do presente, observaram a conexão entre a existência de Deus e os valores morais objetivos. Um argumento moral em favor da existência seria o seguinte: (a) Se existem valores morais objetivos, então Deus existe. (b) Valores morais objetivos existem. (c) Por conseguinte, Deus existe. Se existem valores morais objetivos, de onde eles vêm? A resposta mais plausível é a natureza ou o caráter de Deus. Até mesmo muitos ateus admitiram que os valores morais objetivos (cuja existência eles negam) não se encaixam em um mundo ateu, mas serviriam como evidência em favor da existência de Deus.

Nós vivemos em uma época em que muitos afirmam que tudo é relativo, mas ironicamente acreditam que tem "direitos". Mas se a moralidade é apenas o produto da evolução, cultura ou escolha pessoal, então os direitos - e a responsabilidade moral - não existem verdadeiramente. porém, se existirem, isto pressupõe que os humanos tem valor em si mesmos, e por si só, como pessoas, não importando o que a sua cultura ou os livros de ciência digam. Mas qual é, então, a base para este valor? Este valor intrínseco poderia simplesmente surgir de processos impessoais, descuidados e sem valor, com o passar do tempo (o naturalismo)?

Uma abordagem filosófica oriental à ética é o monismo (também chamado "panteísmo"): como todas as coisas são uma só, não existe nenhuma distinção entre o bem e o mal. Isto serve como base para o relativismo. Um contexto mais natural para a ética é o contexto teísta, que diz que nós fomos criados por um Deus bom, para nos assemelharmos a Ele em certas maneiras importantes (ainda que limitadas). A Declaração de Independência dos Estados Unidos observa corretamente que nós fomos dotados,pelo nosso Criador, de "certos direitos inalienáveis". A dignidade humana não está "ali", simplesmente. A dignidade e os direitos vem de um Deus bom (apesar da iniquidade humana).

Os ateus não podem ser morais? Sim! Como os crentes, eles foram criados à imagem de Deus e assim tem a capacidade para reconhecer o que é certo e o que é errado.

O próprio Deus não se conforma com certos morais exteriores a si mesmo? Não, o bom caráter de Deus é o próprio padrão; Deus simplesmente age e faz de maneira natural o que é bom. Se Deus não existisse, os padrões morais universais não teriam nenhuma base.



Paul Copan


 

sábado, 21 de janeiro de 2017

O Sábado como conceito.




Não há dúvida que, para o Antigo Testamento, o sábado era um dia da semana: "seis dias trabalharas... mas o sétimo dia é o sábado (shabbat) do Senhor". Mas, cabe perguntar, tratava-se somente de um dia da semana? Será que o sábado de Israel era só o sétimo dia de uma série de sete? O assunto fica mais interessante conforme a história avança e os desdobramentos da lei começam a surgir. Quatro textos, nesse sentido, todos no livro de Levíticos, nos ajudam a responder a questão sobre a abrangência do significado do sábado para Israel.

O primeiro legisla o seguinte: "Isto vos será por estatuto perpétuo: no sétimo mês, aos dez do mês, afligireis as vossas almas, e nenhum trabalho fareis, nem o natural, nem o estrangeiro que peregrina entre vós. Porque naquele dia se fará expiação por vós, para purificar-vos; e sereis purificados de todos os vossos pecados perante Yahweh. É um sábado de descanso para vós, e afligireis as vossas almas; isto é estatuto perpétuo" (16.29-31). A importância deste texto consiste em que apresenta o shabbat como um dia especial. Ordena que no dia 10, do mês 07, os israelitas guardem um sábado.

Para entendermos o que isso significa, precisamos compreender o funcionamento do calendário judaico. Baseado nas fases da lua, e sem deixar de levar em conta as estações do ano, divide-se em doze ou treze meses com 29 ou 30 dias. O objetivo destas variações é compensar as diferenças do calendário lunar em relação ao solar, já que o mês lunar compreende 29 dias e pouco mais de 12 horas, além de totalizar apenas 354 dias no ano. A cada período, um novo mês é acrescentado, evitando assim que os meses deixem de corresponder às estações.

Essa divisão impossibilita que um dia do ano recaia sobre o mesmo dia da semana em anos diferentes. De forma que o Yom Kipur, nome dado ao sábado especial em questão, transformou-se numa dificuldade prática para os judeus, que tomaram providências para que não caia numa sexta ou num domingo. Neste caso, a proibição de qualquer trabalho inviabilizaria a realização de tarefas de extrema necessidade, as quais não poderiam aguardar a passagem de dois dias seguidos

É claro que um estudo do calendário judaico demandaria mais informações e explicações, o que não é o nosso propósito. Vale, entretanto, reforçar que o sábado como dia especial para os judeus poderia recair sobre qualquer dia da semana, podendo ser uma segunda, uma terça ou uma quinta-feira. Assim, o sábado tornou-se mais que um dia da semana. Tornou-se um conceito.

Essa tese é reforçada por nosso segundo texto:

"E falou o SENHOR a Moisés, dizendo: Fala aos filhos de Israel, dizendo: Aos quinze dias deste mês sétimo será a festa dos tabernáculos ao SENHOR, por sete dias. Ao primeiro dia, haverá santa convocação. Nenhum trabalho servil fareis. Sete dias oferecereis ofertas queimadas ao SENHOR; ao oitavo dia tereis santa convocação. Nenhum trabalho servil fareis... Aos quinze dias do mês sétimo, quando tiverdes recolhido do fruto da terra, celebrareis a festa do SENHOR por sete dias. No primeiro dia haverá descanso, e no oitavo dia haverá descanso... E celebrareis esta festa ao SENHOR por sete dias cada ano. Estatuto perpétuo é pelas vossas gerações. No mês sétimo a celebrareis. Sete dias habitareis em tendas. Todos os naturais em Israel habitarão em tendas, para que saibam as vossas gerações que eu fiz habitar os filhos de Israel em tendas, quando os tirei da terra do Egito. Eu sou o SENHOR vosso Deus" (Levíticos 23.33-36, 39 e 41-43, com grifos meus).
Novamente, dois dias fixos do mês são definidos como dias de descanso (shabbat), nos quais não eram permitidos ao povo quaisquer trabalhos comuns. Não seriam sábados relativos à semana, mas relativos ao mês. A referência, portanto, não é ao sétimo dia, mas ao conceito denominado sábado.

O terceiro texto também merece atenção em nosso roteiro de reflexão (lembrando que, por enquanto, estamos apenas construindo os alicerces para a obra que temos em mente; o leitor, por favor, siga um pouco mais): "Falou mais o SENHOR a Moisés, no monte Sinai: Dize aos filhos de Israel: Quando tiverdes entrando na terra, que eu vos dou, então a terra descansará um sábado ao SENHOR. Seis anos semearás a tua terra, e seis anos podarás a tua vinha, e colheras os seus frutos. Porém ao sétimo ano haverá sábado de descanso para a terra, um sábado ao SENHOR; não semearás o teu campo nem podarás a tua vinha" (Levíticos 25.1-4).

Novamente o sábado de Yahweh aparece como exigência. No entanto, a beneficiária da lei do sábado é a terra e o período que tal sábado compreende é de um ano inteiro. O sábado de descanso da terra deveria ter um ano, e não um dia da semana, como o sétimo. Portanto, estamos, mais uma vez, diante do conceito de sábado e não do sétimo dia.

Como já não bastasse, o quarto texto que separamos acrescenta mais informações às que temos até agora. É, na verdade, a sequência do texto anterior: "Também contarás sete semanas de anos, sete vezes sete anos; de maneira que os dias das sete semanas de anos te serão quarenta e nove anos. Então no mês sétimo, aos dez do mês, farás passar a trombeta do jubileu. No dia da expiação fareis passar a trombeta por toda a vossa terra e santificareis o ano quinquagésimo, e apregoareis liberdade na terra a todos os seus moradores. Ano de jubileu vos será, e tornareis cada um à sua possessão e cada um a sua família" (Levíticos 25.8-10)

Embora a palavra "sábado" não apareça neste texto, o conceito está evidente: ao final de cinquenta anos, todo trabalho em relação a terra deveria ser suspenso. Seria mais um sábado de descanso para a criação. Ano de Jubileu.



Deus em pessoa - Marcelo Gomes -Espaço Palavra Publicações



quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Um caráter rijo e raízes fortes crescem profundamente quando há escassez de água e ventos violentos.

Jaime Kemp (Depressão e Graça)




sábado, 14 de janeiro de 2017

Compreender Deus




A confissão de que o intérprete necessita de iluminação espiritual para entender o texto difere radicalmente da confissão - se bem que em geral não declarada - da maioria dos teólogos bíblicos e exegetas, desde o surgimento do Iluminismo. Em seu estudo ainda influente, J. A. Ernesti opõe o método científico ao método espiritual. Ele nega o pressuposto de que "as Escrituras não podem ser devidamente explicadas sem oração e sem uma simplicidade piedosa de mente". No entendimento de Ernesti, a "simplicidade piedosa de mente é inútil na investigação da verdade das Escrituras". Não se pode conhecer e entender de verdade o Autor divino do texto nem o sentido que quis dar ao texto sem um compromisso espiritual com ele. Nossa hermenêutica é sacra porque o Autor é espírito e é conhecido pelo espírito humano por intermédio de seu Espírito Santo. "Ninguém conhece as coisas de Deus, a não ser o Espírito de Deus" (1Cor 2.11). Martinho Lutero ensinava que, "se Deus não abrir nem explicar as Sagradas Escrituras, ninguém pode entendê-las; permanecerá um livro fechado, envolto em trevas".


Teologia do Antigo Testamento - Bruce K. Waltke - Editora Vida Nova



quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

E nós?





Por isso não desanimemos. Embora exteriormente estejamos a desgastar-nos, interiormente estamos renovados dia após dia, pois os nossos sofrimentos leves e momentâneos estão produzindo para nós uma glória eterna que pesa mais do que todos eles. Assim, fixamos os olhos, não naquilo que se vê, mas no que não se vê.



2 Coríntios 4.16-18




Autor do texto: Paulo. Sim, aquele mesmo Paulo que foi preso por pregar o evangelho, foi cinco vezes açoitado, foi apedrejado, três vezes vítima de naufrágio... passou fome e sede... mas como?

Bem, Paulo realmente via e vivia o significado da Palavra de Deus...e nós?


 Deus nunca disse que a viagem seria fácil, mas  sim que valeria a pena!


                                                   
                                                   
                                       Jair Tomaz
jairtomaz@olheparaacruz.com.br


sábado, 7 de janeiro de 2017

Pré-condição.


As Escrituras não estão em nosso poder. Não estão à disposição de nosso intelecto nem obrigadas a entregar seus segredos àqueles que possuem treinamento teológico, só porque são instruídos. As Escrituras impõem um significado próprio e, por meio da fé, unem a alma a Deus. Como a iniciativa da interpretação das Escrituras permanece nas mãos de Deus, temos de nos humilhar em sua presença e orar para que ele nos conceda entendimento e sabedoria enquanto meditamos no texto sagrado. Embora a ideia de que Deus concede aos humildes a compreensão das Escrituras possa nos encorajar, também devemos dar ouvidos à advertência de que a verdade de Deus jamais poderá coexistir com o orgulho humano. Humildade é a pré-condição hermenêutica para a exegese autêntica.

David C Steinmetz