sábado, 24 de fevereiro de 2018

Como um cristão deve conviver com um budista?




A atração pela espiritualidade oriental, e, em particular, pelo budismo, é poderosa, porque o espírito humano anseia por respostas espirituais. Assim, sempre que um cristão conversa com uma pessoa de outra fé, incluindo o budista, deve tentar revelar os anseios do coração humano, e como somente Cristo os atende.

Gautama Buda ensinou que nós devemos nos libertar das ilusões relacionadas à individualidade, a Deus, ao perdão e à vida individual futura. Nós devemos nos concentrar em uma vida em que as boas obras superem as más. Buda acreditava que toda vida sofre, e que para escapar do renascimento, devemos compreender a nossa natureza. Se extinguirmos os anseios e nos livrarmos de nossos desejos (especificamente, os relacionamentos), então nos livraremos de todos os atos e pensamentos impuros. Esta é a esperança do budismo.

Mas a atração ao budismo não fornece nenhuma resposta real. O ego - que é inegável e inevitável - é perdido, na filosofia budista, que remove os anseios da alma. Tudo está aos nossos cuidados, Todas as perdas são nossas. Não há "outro" a quem possamos recorrer, nem ao mesmo um ser a quem possamos falar. contudo, a negação do budismo de um Deus pessoal é incapaz de impedir que os seus adeptos procurem se relacionar com um ser pessoal e adorá-lo. Há um anseio universal que impulsiona um ser a outro ser pessoal e transcendente, que não seja de sua própria criação.

Buda considerava que a vida atual é um pagamento por vidas anteriores. Cada renascimento é devido às dívidas do carma, mas sem o transporte da pessoa. Em contraste, o cristianismo considera o ser individual como distinto e indivisível. O amor de Deus é pessoal. Jesus trouxe a oferta de Deus de perdão verdadeiro e vida eterna, enquanto declarava cada indivíduo como criado exclusivamente à imagem de Deus. Considerando as palavras de Jesus, entendo que o sofrimento é apenas uma indicação de que a vida não tem um relacionamento correto com Deus. Nós nos afastamos de Deus, de nossos companheiros, os seres humanos, e até de nós mesmos.

Em contraste com o carma - onde o "pecado" nada mais é do que ignorância ou ilusão - o perdão de Cristo pode proporcionar um verdadeiro apelo para o budismo. O evangelho proclama que nós estamos interiormente quebrantados, e a esta situação Jesus traz a resposta. Ao encontrar o relacionamento verdadeiro com Deus, todos os outros relacionamentos passam a ter um valor moral. Deus, que é distinto e distante, se aproximou, de modo que os que são pecadores e estão fracos possam ser perdoados, e possam ser fortalecidos na comunhão com o próprio Deus, sem perderem a identidade. Este simples ato de comunhão abrange o propósito da vida. O indivíduo conserva a sua individualidade, enquanto vive em comunidade.

Além disto, Cristo não prescreve a extinção do ego - o que não é possível - mas, na verdade, prescreve que não vivamos mais para nós mesmos. O anseio pela justiça é bom e tra satisfação da parte de Deus. Todos aqueles que entregarem todas as coisas aos pés de Jesus podem confessar, com o apóstolo Paulo: "Eu sei em quem tenho crido e estou bem certo de que é poderoso para guardar o meu depósito até àquele Dia" (2 Tm 1.12). Jesus Cristo guarda todos os nossos propósitos, amores, ligações e afetos, quando nós confiamos a Ele. 


Ravi Zacharias



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