Ainda que eu passe por angústias, tu me preservas a vida da ira dos meus inimigos. (Sl 138.7)
Em
nenhum momento, Deus promete isentar-nos da dor, do imprevisto, da
angústia nem da morte. Em nenhuma passagem das Escrituras,
encontramos fundamento para esperar uma existência sem sofrimento.
Ao contrário, a Palavra de Deus nos faz saber dos percalços da
vida. O primeiro aviso foi dado ao primeiro ser humano logo após a
queda porque foi ela que tornou viável o sofrimento: “Maldita é a
terra por sua causa; com sofrimento você se alimentará dela todos
os dias da sua vida” (Gn 3.17). O outro solene aviso foi dado por
Jesus: “Neste mundo vocês terão aflições” (Jo 16.33). O que
Deus promete é estar conosco em todos os momentos, principalmente
nos períodos de dor.
Certo
disso, o salmista abre-se diante de Deus: “Ainda que eu passe por
angústias, tu me preservas a vida da ira dos meus inimigos; estendes
a tua mão direita e me livras” (Sl 138.7).
Ele
já havia mostrado essa certeza e essa confiança em situações
ainda mais dramáticas: “Mesmo quando eu andar por um vale de
trevas e morte, não temerei perigo algum, pois tu estás comigo”
(Sl 23.4).
O
salmista repousa não na promessa jamais feita de ausência de
sofrimento, mas na promessa sempre repetida da presença do Senhor em
meio ao sofrimento: “O Senhor está comigo, não temerei” (Sl
118.6).
Não
se pode esperar o que Deus nunca promete. É preciso tomar todo o
cuidado com a interpretação de suas promessas. Os dois caminhantes
de Emaús esperavam a redenção política de Israel e não a
redenção da culpa do pecado (Lc 24.20,21). No que diz respeito ao
sofrimento, a promessa de Deus é clara: “Na adversidade estarei
com ele; vou livrá-lo e cobri-lo de honra” (Sl 91.15)