A Bíblia apoia uma guerra justa?
Normam L. Geisler
Embora a Bíblia não aprove a guerra por qualquer motivo, e embora ela encoraje a paz com todas as pessoas (Rm 12.18), ainda assim ela indica que, às vezes, a paz e a justiça requerem a guerra (Mt 24.6). Isto fica claro, com base em muitas considerações. Em primeiro lugar, a Bíblia não proíbe todas as circunstâncias de assassinato. Por exemplo, matar em legítima defesa é justificado (Ex 22.2), assim como a morte nos casos em que se aplica a pena de morte (Gen 9.6). O governo está divinamente autorizado a usar a “espada” (Rm 13.4), como o próprio Senhor Jesus reconheceu (Jo 19.11). Em segundo lugar, sob a lei, Deus emitiu regras da guerra para Israel (Dt 20). Em terceiro lugar, embora Jesus proibisse os seus discípulos de usar a espada com fins espirituais (Mt 26.52), Ele incentivou os seus discípulos a comprarem uma espada, se fosse necessário, para sua proteção (Lc 22.36-38). Em quarto lugar, João Batista não disse que os exércitos deveriam ser abolidos, e não pediu o arrependimento pelo serviço na função de soldado (Lc 3.14).
A Bíblia ordena que os cristãos obedeçam seus governantes (Rm 13.1-7; Tt 3.1; 1 Pe 2.13, 14). Contudo, há limitações para esta obediência. Quando o governo ordena a adoração de ídolos ou de um rei (Dn 3.6), proíbe a pregação do Evangelho (At 4.5) ou ordena a matança de crianças (Ex 1), então é dever do crente desobedecer. De igual maneira, se o governo se envolver em guerras injustas, os crentes podem discordar. Todavia, como nos casos de Daniel (Dn 6), os três jovens hebreus (Dn 3) e Pedro (At 4 – 5), os que desobedecem ao governo devem aceitar as consequências distribuídas pelo estado.
A Bíblia apresenta várias condições para uma guerra justa. Em primeiro lugar, a guerra justa deve ser declarada por um governo (Rm 13.4). Em segundo lugar deve ser em defesa dos inocentes e/ou contra um agressor perverso (por exemplo Gn 14). Em terceiro lugar, ela deve ser travada por meios justos (Dt 20.19).
Além das razões expostas acima para uma política justa de guerra, os argumentos bíblicos em prol do pacifismo total são imperfeitos. Por exemplo, a instrução de Jesus de dar a outra face (Mt 5.39) se refere a um insulto pessoal (como um tapa no rosto) e não a ferimentos físicos. A exortação de amar nossos inimigos não elimina o uso as força para impedir que eles nos matem (cf. a instigação que Paulo fez, pedindo a intervenção do governo para sua proteção em Atos 23.