sexta-feira, 16 de março de 2012

...um sentido mais amplo


O que é caridade?




"CARIDADE"   não significa hoje nada mais do que "dar esmolas" - isto é, dar aos pobres. A caridade tinha um sentido mais amplo originalmente. (Você pode fazer ideia de como a palavra adquiriu seu sentido moderno. Se a pessoa é "caridosa", dar aos pobres é uma das coisas que mais se espera que ela faça, e com isso as pessoas acabam falando dela como se isso fosse tudo. Da mesma forma, a "rima"é o que mais se espera numa poesia, e assim as pessoas acabam reduzindo o que entendem por "poesia" à rima e nada mais.) Caridade significa "amor no sentido cristão". Porém o amor no sentido cristão não significa uma emoção. Não se trata de um estado de sentimentos, e sim de vontade; esse estado de vontade que nós temos naturalmente sobre nós mesmos e que precisamos aprender a ter em relação aos outros.

C S Lewis - Cristianismo Puro e Simples


quarta-feira, 14 de março de 2012

... o provável é que Ele não seja gentil

O Ministério da Noite




Se Deus se dispõe a fazer de você um cristão incomum,o provável é que ele não seja tão gentil como geralmente o descrevem os mestres populares.
O escultor não usa um estojo de manicuro para transformar o mármore informe e rude num espécime de beleza. A serra, o martelo e o cinzel são instrumentos cruéis, mas sem eles a tosca pedra continuará sendo sempre informe e destituída de beleza.



Para fazer em você a suprema obra de sua Graça, Ele vai tirar do seu coração tudo que você mais ama. Tudo aquilo em que você confia ir-se-a de você. Cinzas amontoadas jazerão onde os seus tesouros mais preciosos costumavam estar.

Isso não é ensinar o poder santificador da pobreza. Se ser pobre tornasse os homens mais santos, todo vadio estendido num banco de jardim seria santo. Mas Deus conhece o segredo para retirar as coisas dos nossos corações, continuando elas a ficar para nós. O que Ele faz é limitar-nos o seu usufruto. Ele permite que as tenhamos, mas nos torna psicologicamente incapazes de deixar que os nossos corações sejam atraídos por elas. Deste modo, são úteis sem ser nocivas.

Isso tudo Deus realizará à custa dos prazeres comuns que até o presente davam sustentação à sua vida e a mantinham animada. Agora, sob o cuidadoso tratamento ministrado pelo Espírito Santo, a sua vida pode tornar-se árida, sem gosto e, em certa medida, um fardo para você.

Enquanto estiver nesse estado, você sobreviverá por uma espécie de cego desejo de viver; não encontrará nada do encanto interior que antes desfrutava. Nesse período, o sorriso de Deus ter-se-á retirado, ou, pelo menos, estará oculto aos seus olhos. Então você aprenderá o que é a fé; verá o caminho difícil, mas o único caminho aberto diante de si; verá que a verdadeira fé está na vontade, que a indescritível alegria de que fala o apóstolo não é propriamente a fé, mas um fruto da fé que amadurece lentamente;  e aprenderá que as alegrias espirituais do presente podem vir e ir-se como se dá, sem que isso altere o seu nível espiritual ou sem que afete de nenhum modo a sua posição como verdadeiro filho do Pai Celeste. E você aprenderá também, provavelmente para seu espanto, que é possível viver com a consciência tranquila diante de Deus e dos homens e ainda não sentir nada da "paz e alegria" de que tanto ouviu falarem cristãos imaturos.

Por quanto tempo você continuará nessa noite da alma, dependerá de vários fatores, alguns dos quais você poderá identificar mais tarde, enquanto que outros permanecerão com Deus, completamente ocultos para você. As palavras, "Teu é o dia, tua também a noite" (Sl. 74:16), agora serão interpretadas para você pelo melhor de todos os mestres, o Espírito Santo; e você saberá por experiência pessoal que coisa abençoada é o ministério da noite.

Mas há limite para a capacidade humana de viver sem alegria. Até Cristo só pôde suportar a cruz "em troca da alegria que lhe estava proposta" (Heb. 12:2). O aço mais forte se parte se for mantido muito tempo sob tensão. Deus sabe exatamente quanto tempo poderemos suportar a noite; assim, Ele dá alívio à alma, primeiro pelos gratos vislumbres da estrela da manhã e, depois, mediante a luz mais completa que prenuncia a manhã.

Devagar, você descobrirá o amor de Deus em seu sofrimento. O seu coração começará a aprovar a coisa toda. Você aprenderá consigo mesmo o que nenhuma escola do mundo poderia ensinar-lhe-á ação curativa da fé desassistida do prazer. Você perceberá e compreenderá o ministério da noite - o seu poder de purificar, liberar, humilhar, destruir o medo da morte e, o que é mais importante para você no momento, o seu poder de destruir o medo da vida. E aprenderá que às vezes a dor pode fazer o que até a alegria não pode, como tornar manifesta a vaidade das futilidades da terra, e encher o seu coração de anseio pela paz do céu.

O que escrevo aqui, de maneira nenhuma é original. Cada geração de cristãos inquiridores descobre de novo isso, e é quase um clichê da vida mais profunda. Todavia, é preciso dizê-lo a esta geração de crentes, e dizê-lo muitas vezes e com ênfase, pois o tipo de cristianismo ora em voga não inclui nada tão sério e difícil como isto. Ao que parece, a busca do cristão moderno é de paz mental e alegria espiritual, com apreciável grau de prosperidade material introduzida como prova do favor divino.

Contudo, alguns aprenderão isso, ainda que seja relativamente pequeno o número deles, e eles constituirão o sólido núcleo de santos praticantes tão seriamente necessários nesta hora grave, para que o cristianismo do Novo Testamento sobreviva até à próxima geração.





A. W. Tozer em
Este Cristão Incrível, Mundo Cristão, 2000



segunda-feira, 12 de março de 2012

Ser Membro e Ser Cristão


A Diferença Entre Ser Um Membro e Ser Um Cristão
Watchman Nee

"O cristão denota ser uma pessoa individual, enquanto que ser um membro traz a visão do Corpo" 



O Novo Testamento nos mostra que existe uma diferença entre ser um membro e ser um cristão. Ser um cristão denota ser uma pessoa individual, enquanto que ser um membro faz referência a uma entidade Corporativa. Alguém é cristão para si mesmo, porém alguém é membro para benefício do Corpo. Na Bíblia há muitas expressões que têm significados opostos tais como: pureza e imundície, o santo e o comum, a vitória e a derrota, o Espírito e a carne, Cristo e Satanás, o reino e o mundo, a glória e a vergonha, todos estes são termos opostos; de igual forma, o Corpo está em oposição com o indivíduo, assim como o Pai está em oposição ao mundo, o Espírito em oposição à carne e o Senhor em oposição ao diabo. Da mesma forma o Corpo é o oposto do individualismo. Uma vez que nós vemos o Corpo de Cristo somos libertos do individualismo e já não vivemos para si, senão para o Corpo!

Ao ser liberto do individualismo espontaneamente estamos no Corpo.

O Corpo de Cristo não é uma doutrina, mas um ambiente, não é um ensinamento, mas uma vida. Muitos cristãos procuram ensinar a verdade acerca do Corpo, porém, poucos conhecem a vida do Corpo. O Corpo de Cristo é uma experiência que se tem numa esfera totalmente diferente. É possível que alguém conheça todo o livro de Romanos e ainda assim não ser justificado, de maneira semelhante. Um homem pode conhecer com muito detalhe o livro de Efésios sem haver visto o Corpo de Cristo. Não necessitamos de conhecimento, mas de revelação para compreender a realidade do Corpo de Cristo e para entrar na esfera do Corpo. Somente uma revelação da parte de Deus nos pode introduzir na esfera do Corpo e só então o Corpo de Cristo chega a ser nossa experiência. 

Em Atos 2 parece que Pedro estivesse pregando o Evangelho sozinho e que 3000 pessoas foram salvas por intermédio dele, porém devemos lembrar que os outros onze apóstolos estavam de pé junto com ele; o Corpo de Cristo estava pregando o Evangelho, esta não era a pregação de um só indivíduo. Se tivermos a visão do Corpo, veremos que o individualismo não nos conduzirá a nenhum lado.

Watchman Nee


Extraído do livro: O Mistério de Cristo


sexta-feira, 9 de março de 2012

o que ligardes na terra...


O Poder da Harmonia na Oração
Watchman Nee

Extraído e adaptado do livro “O Ministério de Oração da Igreja”, de Watchman Nee (Editora Vida, edição esgotada)

“Em verdade vos digo que tudo o que ligardes na terra terá sido ligado nos céus, e tudo o que desligardes na terra terá sido desligado nos céus” (Mt 18.18).



As palavras de Jesus concedem grande poder à igreja. De acordo com esse texto, a ação na Terra precede a ação no Céu.

Não que o Céu liga primeiro, mas sim a Terra; não que o Céu desliga primeiro, mas que a Terra desliga primeiro. A ação do Céu é governada pela ação da Terra. Tudo o que contradiz a Deus precisa ser atado, e tudo o que concorda com Deus precisa ser desatado. Seja o que for que deva ser atado ou desatado, o atar ou desatar começa na Terra. A ação na Terra precede a ação do Céu, pois a Terra governa o Céu.  

Como pode ser isso? Primeiro, são afirmações muito fortes que parecem colocar a Terra acima do Céu. A igreja hoje (assim como o foi em outras épocas da sua história ) está cheia de pessoas que gostariam muito de exercer esse poder, de mover Deus, de mudar as circunstâncias, de ter domínio sobre as coisas. Sabemos que, na grande maioria dos casos, o resultado não é o esperado, e o homem e a igreja na Terra continuam não governando coisa alguma.

O contexto da passagem acima é muito claro: Jesus estava falando à Igreja (veja Mt 18.17). Ele estava entregando as chaves do Reino para a Igreja. Assim como Jesus possuía essas chaves e ligava e desligava as coisas na Terra durante seu ministério aqui, ele estava comissionando seus discípulos e seguidores, sua Igreja, a fazer o mesmo (confere Lc 22.29; Jo 14.12 etc.).

Em outras palavras, Deus se autolimitou para agir por meio da Igreja. Não temos base bíblica para fazer declarações extremas, como, por exemplo, que Deus não pode fazer nada a não ser pela Igreja, mas podemos afirmar que esse é o seu princípio de ação. Desde a criação, seu grande plano é agir em cooperação com um instrumento frágil e impotente, que é o homem, para frustrar e vencer seu arquiinimigo, Satanás.


A Vontade de Deus

Deus recusa-se a simplesmente usar sua vontade superior para vencer Satanás, ou mesmo o homem. Ele está trabalhando de acordo com um plano meticuloso para trazer a vontade do homem à harmonia com a sua. A harmonia da vontade do homem com a vontade de Deus será de fato o maior trunfo e a maior glória para Deus. 

Dessa forma, podemos concluir que o ministério ou vocação da Igreja não é meramente pregar o Evangelho, mas trazer à Terra a vontade que está nos céus. E como a Igreja faz isso? Através do ministério da oração, que não é uma atividade meramente devocional ou opcional, mas uma obra relacionada com a função central da Igreja. 

Como se define, então, o ministério da oração? É Deus dizendo à Igreja o que ele deseja fazer, de modo que a Igreja na Terra possa orar, expressando a vontade dele. Tal oração não é pedir que Deus faça o que nós queremos, mas pedir-lhe que faça o que ele deseja fazer. A Igreja precisa declarar na Terra que ela deseja a vontade de Deus. Se ela falhar nisso, será de muito pouco valor para Deus. O mais alto propósito da Igreja é permitir que a vontade de Deus seja feita na Terra. 


Harmonia

Agora, para que isso seja feito, há uma condição no versículo seguinte. “Em verdade também vos digo que, se dois dentre vós, sobre a terra, concordarem a respeito de qualquer coisa que, porventura, pedirem, ser-lhes-á concedida por meu Pai, que está nos céus” (Mt 18.19). 

A condição é harmonia. Se dois dentre vós... Jesus está falando sobre a Igreja. Não é oração individual. Dois é o número mínimo para que seja representada a Igreja. E eles precisam concordar, ou seja, precisam estar em harmonia, em plena unidade, como uma sinfonia executada por instrumentos musicais. Essa harmonia não é uma concordância momentânea a respeito de um determinado pedido. É a harmonia do Espírito Santo. 

Nós não ligamos nem desligamos as coisas na Terra de forma que sejam ligadas ou desligadas no Céu, simplesmente porque duas ou mais pessoas decidiram que deveria ser assim. Devemos estar cônscios de que não há possibilidade de harmonia na carne. Para estar em harmonia, é preciso que as duas pessoas estejam sob o domínio do Espírito Santo. Isso quer dizer que sou levado por Deus a um ponto em que nego todos os meus desejos e quero somente o que o Senhor quer; uma outra pessoa, da mesma forma, é levada pelo Espírito Santo ao ponto de negar todos os seus desejos e querer somente a vontade do Senhor. Eu e ela, ela e eu, ambos somos levados a um ponto em que há harmonia tal como a que existe na música. Então, tudo o que pedirmos, Deus o fará no Céu por nós. 

Tenha em mente que a oração não é a primeira coisa a ser feita. A oração é um passo que segue os outros passos da harmonia. O mais importante é descobrir quais são esses passos, como entrar em sintonia com Deus e com nossos irmãos, através de verdadeira comunhão vertical e horizontal, antes de tentarmos usar as chaves. É por isso que, num grupo de oração, é importante não só orar, mas também conversar e buscar sintonia uns com os outros na presença de Deus. Do contrário, estaremos orando juntos, mas com a mesma ineficácia como se estivéssemos orando sozinhos. 

Se nossa vida natural é trabalhada pelo Senhor e somos levados a reconhecer a realidade do Corpo de Cristo, então estaremos em harmonia e nossas orações também estarão em harmonia. Uma vez que o que vemos é harmonioso, estamos qualificados para ser porta-vozes da vontade de Deus. Descobriremos a vontade de Deus, usaremos as chaves do reino para ligar e desligar, e o Céu atenderá a Terra. 

O ministério principal da Igreja, então, é sua função de corpo, fundamentado na unidade. Quando pelo menos dois indivíduos estão em harmonia, eles não têm senão um só alvo, que é dizer a Deus: “Queremos que tua vontade seja feita na Terra, assim como é feita no Céu”. Quando a Igreja permanece em tal base e ora de acordo com ela, a vontade de Deus será feita. Se assim não for, é vã a nossa vida de Igreja. O grau da operação de Deus é determinado pelo grau de oração na Igreja. A manifestação do poder de Deus não excederá à oração da Igreja. É Deus quem primeiro deseja fazer certa coisa, mas a Igreja precisa preparar o caminho com oração de modo que ele possa ter uma estrada. Se a oração for sempre centralizada no eu, em problemas pessoais e em pequenos ganhos ou perdas, onde estará o meio pelo qual o eterno propósito de Deus se manifestará? 


A Presença de Jesus 

A dimensão do poder da Terra sobre o Céu é revelada no versículo 20: “Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles”. Por que há tanto poder na Terra? Por que o orar em harmonia tem efeito tão tremendo? O que confere a duas ou três pessoas, orando em harmonia, tanto poder? É porque a presença do próprio Jesus está ali. É este o verdadeiro motivo da unanimidade. Quando nos reunimos, não devemos vir como espectadores nem porque estamos buscando algo para nós mesmos. Somos chamados para nos reunirmos em nome do Senhor, por amor ao nome dele, para buscar glória para ele. 

Nesse caso, haverá harmonia e o próprio Jesus estará dirigindo tudo. Por isso, tudo que for ligado na Terra será ligado no Céu, e tudo que for desligado na Terra será desligado no Céu. O Senhor estará operando juntamente com sua Igreja. Se o Senhor está presente, a Igreja pode ligar e desligar. Mas se o Senhor não está no meio dela, nada poderá fazer. Tampouco esse poder é dado a indivíduos; somente a Igreja recebeu tal autoridade. Deixemos de limitar a ação do Senhor na Terra – busquemos cumprir o nosso chamado principal como sua Igreja! 


Fonte - Revista Impacto/outubro - 2005 

quarta-feira, 7 de março de 2012




Depois da Guerra

Oficina G3

Vejo ruínas de uma guerra,
Mas uma guerra por nossas mãos,
E As armas foram as palavras,
A vaidade, a motivação.


Feridas que sangraram a alma,
A fé de muitos, se perdeu.
Um dia irmãos, hoje inimigos,
Matou-se o amor que um dia nos fez um;


Quem vencerá, uma guerra entre irmãos, uma guerra perdida?
Quem perderá, um povo escolhido, um povo ferido?


Quebradas foram as alianças,
Palavras que trouxeram a divisão,
Pregadas, cantadas, faladas
Por muitos que diziam ser irmãos.


Feridas que sangraram a alma,
A fé de muitos se perdeu,
Na cruz o exemplo nos foi dados,
Onde ficou o amor ,que nos fez um?!


Quem vencerá, uma guerra entre irmãos, uma guerra perdida,
Quem perderá, um povo escolhido, um povo ferido...


Quem vencerá, uma guerra entre irmãos, uma guerra perdida,
Quem perderá, um povo escolhido, um povo ferido...

Um povo escolhido... (2x)

segunda-feira, 5 de março de 2012

jornada espiritual...


Minha jornada espiritual
Watchman Nee


Um testemunho do irmão Nee.



Em sua primeira carta aos Coríntios, o apóstolo Paulo escreveu: “Eu, irmãos, quando fui ter convosco, anunciando-vos o testemunho de Deus, não o fiz com ostentação de linguagem, ou de sabedoria. Porque decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo, e este crucificado”. Este mesmo espírito sombreou a vida de Watchman Nee. Desde seus primeiros anos como cristão ele abraçou a cruz de Cristo e proclamou o Cristo da cruz. Nunca moveu para fora esse fundamento através de todos os seus muitos anos de fiel ministério.

Apesar de ainda jovem no Senhor, a ele muito foi dado porque ele muito amou. Seu primeiro amor para com o Senhor era puro e caloroso, e sua apreensão da verdade, firme e sólida.

Não tendo ainda passado dois anos após sua conversão, Watchman Nee escreveu esse testemunho, o qual foi publicado na revista Spiritual Light, em dezembro de 1921.

Uma vez habitei “nas tendas da perversidade” (Sl 84:10), andei “segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe da potestade do ar, e do espírito que agora atua nos filhos da desobediência” (Ef 2:2), eu vivi “segundo as inclinações da [minha] carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e [era] por natureza [filho] da ira, como também os demais” (Ef 2:3).

Então ouvi “a Jesus, o Filho de Deus, como grande sumo sacerdote que penetrou os céus” (Hb 4:14) que está construindo uma morada para mim, pois “na casa de meu Pai”, Ele disse, “há muitas moradas” (Jo 14:2).

Uma vez eu estive completamente desesperado, exatamente “como escrito: Não há justo, nem sequer um, não há quem busque a Deus; todos se extraviaram, e à uma se fizeram inúteis; não há quem faça o bem, não há nem um sequer. A garganta deles é sepulcro aberto; com a língua urdem engano, veneno de víbora está nos seus lábios, a boca eles a têm cheia de maldição e de amargura; são os seus pés velozes para derramar sangue, nos seus caminhos há destruição e miséria, desconhecem o caminho da paz. Não há temor de Deus diante de seus olhos. Ora, sabemos que tudo o que a lei diz para os que vivem na lei o diz, para que se cale toda a boca, e todo o mundo seja culpável perante Deus” (Rm 3:10-19). Fiz, então, uma investigação: “Jesus lhes perguntou: Credes que eu posso fazer isso? Responderam-lhe: sim, Senhor” (Mt 9:28).

Agora eu ando como tendo sido depurado do “velho fermento, para que [fosse] nova massa, como [sou] de fato sem fermento. Pois também Cristo, [meu] Cordeiro pascal, foi imolado” (I Co 5:7). Eu “[recebi] o dom do Espírito Santo” (At 2:38) que habita dentro de mim.

Hoje eu percorro “o caminho, e a verdade, e a vida” (Jo 14:6). Agora vejo a Deus, pois “Quem me vê a mim”, disse Jesus, “vê o Pai” (Jo 14:19).

Finalmente encontrei a casa que havia a tanto procurado – “da parte de Deus um edifício, casa não feita por mãos, eterna, nos céus” (I Co 5:1). Esta casa tem somente uma porta, pois vejo que “se alguém entrar por mim”, declarou Jesus, “será salvo” (Jo 10:9). Agora eu compreendo a verdade da declaração de Jesus: “batei e abrir-se-vos-á” (Mt 7:7).

A casa em que hoje eu vivo, possui um quarto de música – “Gloriai-vos no seu santo nome; alegre-se o coração dos que buscam o Senhor. Buscai o Senhor e o seu poder; buscai perpetuamente a sua presença” (Sl 105:3-4). Possui um aposento para conversação – onde eu devo orar “sem cessar” (I Ts 5:17). Tem, da mesma forma, um quarto de leitura – para examinar “as Escrituras todos os dias para ver se as cousas eram de fato assim” (At 17:11). Tem um salão para preleções – “Fiz-me tudo para com todos, com o fim de, por todos os modos, salvar alguns” (I Co 9:22). Meu quarto, para finalizar, é “o peito de Jesus” (Jo 13:25). Minha atual residência é onde “estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vivem em mim; e esse viver que agora tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim” (Gl 2:20-21). Meu endereço é os “lugares celestiais” (Ef 2:6). Sempre que você me visitar no espírito de “feliz o homem que me dá ouvidos [isto é, ouve a Sabedoria, que é Cristo], velando dia a dia às minhas portas, esperando às ombreiras da minha entrada” (Pv 8:34), você encontrará não apenas a mim, mas também os santos meus companheiro. Dê ouvidos ao que o servo diz: Vinde, porque tudo já está preparado” (Lc 14:17).

Então “nós, os vivos, os que ficarmos, seremos arrebatados juntamente com eles, entre nuvens, para o encontro do Senhor nos ares, e assim, estaremos para sempre com o Senhor” (I Ts 4:17). Depois de serem cumpridas estas palavras, eu terei meu lar onde “vi também tronos, e nestes sentaram-se… Vi ainda a alma dos decapitados por causa do testemunho de Jesus, bem como por causa da palavra de Deus, tantos quantos não adoraram a besta, nem tão pouco a sua imagem, e nem receberam a marca na fronte e na mão; e viveram e reinaram com Cristo durante mil anos. Os restantes dos mortos não reviveram até que se completassem os mil anos. Esta é a primeira ressurreição. Bem aventurado e santo é aquele que tem parte na primeira ressurreição; sobre esses a segunda morte não tem autoridade: pelo contrário, serão sacerdotes de Deus e de Cristo e reinarão com ele os mil anos” (Ap 20:4-6). E o cântico que entoarei será “… um novo cântico, dizendo: Digno és de tomar o livro e de abrir-lhes os selos, porque foste morto e com o teu sangue compraste para Deus os que procedem de toda tribo, língua, povo e nação” (Ap 5:9).

Não muito depois, juntamente com meus amados mudarei para “um novo céu e uma nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra passaram e o mar já não existe” (Ap 21:1). Pois “segundo a sua promessa, esperamos novos céus e nova terra, nos quais habita justiça” (II Pe 3:13).

“E assim,” nessa ocasião, a palavra – “se alguém está em Cristo, é nova criatura: as cousas velhas já passaram; eis que se fizeram novas” – será plenamente realizada, e de forma gloriosa experimentarei a verdade desta palavra: “Alegrai-vos sempre no Senhor; outra vez digo alegrai-vos” (Fl 4:4).

Da mesma forma os santos do passado fizeram sua jornada espiritual. No entanto, estas linhas também representam o que eu mesmo tenho experimentado e ardentemente espero. Na verdade, ao escrever esta última parte, eu me encontrava com lágrimas de regozijo. Suponho, porém, que você, que é salvo, possui o mesmo sentimento em relação à volta do Senhor Jesus. Aqueles que são lavados pelo sangue de Jesus são, naturalmente, otimistas para com a vida. Mas, onde você, que não possui a segurança de estar salvo, passará a morte eterna? Por favor, considere este assunto.

Extraído da revista À Maturidade, número 28 – Outono de 1996