O Poder da Harmonia na Oração
Watchman Nee
Extraído
e adaptado do livro “O Ministério de Oração da Igreja”, de
Watchman Nee (Editora Vida, edição esgotada)
“Em verdade
vos digo que tudo o que ligardes na terra terá sido ligado nos céus, e tudo o
que desligardes na terra terá sido desligado nos céus” (Mt 18.18).
As palavras de Jesus concedem
grande poder à igreja. De acordo com esse texto, a ação na Terra precede a ação
no Céu.
Não que o Céu liga primeiro, mas sim a Terra; não que o Céu desliga primeiro,
mas que a Terra desliga primeiro. A ação do Céu é governada pela ação da Terra.
Tudo o que contradiz a Deus precisa ser atado, e tudo o que concorda com Deus
precisa ser desatado. Seja o que for que deva ser atado ou desatado, o atar ou
desatar começa na Terra. A ação na Terra precede a ação do Céu, pois a Terra
governa o Céu.
Como pode ser isso? Primeiro, são
afirmações muito fortes que parecem colocar a Terra acima do Céu. A igreja hoje
(assim como o foi em outras épocas da sua história ) está cheia de pessoas que
gostariam muito de exercer esse poder, de mover Deus, de mudar as
circunstâncias, de ter domínio sobre as coisas. Sabemos que, na grande maioria
dos casos, o resultado não é o esperado, e o homem e a igreja na Terra
continuam não governando coisa alguma.
O contexto da passagem acima é
muito claro: Jesus estava falando à Igreja (veja Mt 18.17). Ele estava
entregando as chaves do Reino para a Igreja. Assim como Jesus possuía essas
chaves e ligava e desligava as coisas na Terra durante seu ministério aqui, ele
estava comissionando seus discípulos e seguidores, sua Igreja, a fazer o mesmo
(confere Lc 22.29; Jo 14.12 etc.).
Em outras palavras, Deus se autolimitou para agir por meio da Igreja. Não temos base bíblica para fazer declarações extremas, como, por exemplo, que Deus não pode fazer nada a não ser pela Igreja, mas podemos afirmar que esse é o seu princípio de ação. Desde a criação, seu grande plano é agir em cooperação com um instrumento frágil e impotente, que é o homem, para frustrar e vencer seu arquiinimigo, Satanás.
A Vontade de Deus
Em outras palavras, Deus se autolimitou para agir por meio da Igreja. Não temos base bíblica para fazer declarações extremas, como, por exemplo, que Deus não pode fazer nada a não ser pela Igreja, mas podemos afirmar que esse é o seu princípio de ação. Desde a criação, seu grande plano é agir em cooperação com um instrumento frágil e impotente, que é o homem, para frustrar e vencer seu arquiinimigo, Satanás.
A Vontade de Deus
Deus recusa-se a simplesmente usar
sua vontade superior para vencer Satanás, ou mesmo o homem. Ele está
trabalhando de acordo com um plano meticuloso para trazer a vontade do homem à
harmonia com a sua. A harmonia da vontade do homem com a vontade de Deus será
de fato o maior trunfo e a maior glória para Deus.
Dessa forma, podemos concluir que o
ministério ou vocação da Igreja não é meramente pregar o Evangelho, mas trazer
à Terra a vontade que está nos céus. E como a Igreja faz isso? Através do
ministério da oração, que não é uma atividade meramente devocional ou opcional,
mas uma obra relacionada com a função central da Igreja.
Como se define, então, o ministério
da oração? É Deus dizendo à Igreja o que ele deseja fazer, de modo que a Igreja
na Terra possa orar, expressando a vontade dele. Tal oração não é pedir que
Deus faça o que nós queremos, mas pedir-lhe que faça o que ele deseja
fazer. A Igreja precisa declarar na Terra que ela deseja a vontade de Deus. Se
ela falhar nisso, será de muito pouco valor para Deus. O mais alto propósito da
Igreja é permitir que a vontade de Deus seja feita na Terra.
Harmonia
Agora, para que isso seja feito, há
uma condição no versículo seguinte. “Em verdade também vos digo que, se dois dentre
vós, sobre a terra, concordarem a respeito de qualquer coisa que, porventura,
pedirem, ser-lhes-á concedida por meu Pai, que está nos céus” (Mt
18.19).
A condição é harmonia. Se dois
dentre vós... Jesus está falando sobre a Igreja. Não é oração
individual. Dois é o número mínimo para que seja representada a Igreja. E eles
precisam concordar, ou seja, precisam estar em harmonia, em plena
unidade, como uma sinfonia executada por instrumentos musicais. Essa harmonia
não é uma concordância momentânea a respeito de um determinado pedido. É a
harmonia do Espírito Santo.
Nós não ligamos nem desligamos as
coisas na Terra de forma que sejam ligadas ou desligadas no Céu, simplesmente
porque duas ou mais pessoas decidiram que deveria ser assim. Devemos estar
cônscios de que não há possibilidade de harmonia na carne. Para estar em
harmonia, é preciso que as duas pessoas estejam sob o domínio do Espírito
Santo. Isso quer dizer que sou levado por Deus a um ponto em que nego todos os
meus desejos e quero somente o que o Senhor quer; uma outra pessoa, da mesma
forma, é levada pelo Espírito Santo ao ponto de negar todos os seus desejos e
querer somente a vontade do Senhor. Eu e ela, ela e eu, ambos somos levados a
um ponto em que há harmonia tal como a que existe na música. Então, tudo o que
pedirmos, Deus o fará no Céu por nós.
Tenha em mente que a oração não é a
primeira coisa a ser feita. A oração é um passo que segue os outros passos da
harmonia. O mais importante é descobrir quais são esses passos, como entrar em
sintonia com Deus e com nossos irmãos, através de verdadeira comunhão vertical
e horizontal, antes de tentarmos usar as chaves. É por isso que, num grupo de
oração, é importante não só orar, mas também conversar e buscar sintonia uns
com os outros na presença de Deus. Do contrário, estaremos orando juntos, mas
com a mesma ineficácia como se estivéssemos orando sozinhos.
Se nossa vida natural é trabalhada
pelo Senhor e somos levados a reconhecer a realidade do Corpo de Cristo, então
estaremos em harmonia e nossas orações também estarão em harmonia. Uma vez que
o que vemos é harmonioso, estamos qualificados para ser porta-vozes da vontade
de Deus. Descobriremos a vontade de Deus, usaremos as chaves do reino para
ligar e desligar, e o Céu atenderá a Terra.
O ministério principal da Igreja,
então, é sua função de corpo, fundamentado na unidade. Quando pelo menos dois
indivíduos estão em harmonia, eles não têm senão um só alvo, que é dizer a
Deus: “Queremos que tua vontade seja feita na Terra, assim como é feita no
Céu”. Quando a Igreja permanece em tal base e ora de acordo com ela, a vontade
de Deus será feita. Se assim não for, é vã a nossa vida de Igreja. O grau da
operação de Deus é determinado pelo grau de oração na Igreja. A manifestação do
poder de Deus não excederá à oração da Igreja. É Deus quem primeiro deseja
fazer certa coisa, mas a Igreja precisa preparar o caminho com oração de modo
que ele possa ter uma estrada. Se a oração for sempre centralizada no eu, em
problemas pessoais e em pequenos ganhos ou perdas, onde estará o meio pelo qual
o eterno propósito de Deus se manifestará?
A Presença de Jesus
A dimensão do poder da Terra sobre
o Céu é revelada no versículo 20: “Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em
meu nome, ali estou no meio deles”. Por que há tanto poder na
Terra? Por que o orar em harmonia tem efeito tão tremendo? O que confere a duas
ou três pessoas, orando em harmonia, tanto poder? É porque a presença do
próprio Jesus está ali. É este o verdadeiro motivo da unanimidade. Quando nos
reunimos, não devemos vir como espectadores nem porque estamos buscando algo
para nós mesmos. Somos chamados para nos reunirmos em nome do Senhor, por amor
ao nome dele, para buscar glória para ele.
Nesse caso, haverá harmonia e o
próprio Jesus estará dirigindo tudo. Por isso, tudo que for ligado na Terra
será ligado no Céu, e tudo que for desligado na Terra será desligado no Céu. O
Senhor estará operando juntamente com sua Igreja. Se o Senhor está presente, a
Igreja pode ligar e desligar. Mas se o Senhor não está no meio dela, nada
poderá fazer. Tampouco esse poder é dado a indivíduos; somente a Igreja recebeu
tal autoridade. Deixemos de limitar a ação do Senhor na Terra – busquemos
cumprir o nosso chamado principal como sua Igreja!
Fonte - Revista
Impacto/outubro - 2005
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