quarta-feira, 28 de março de 2012

Não são bem nossas ações...




Como os raios de uma roda

   Não são bem as nossas ações que preocupam Deus. O que lhe importa mais é que nos tornemos criaturas de um certo tipo ou qualidade - precisamente aquele tipo de criatura que ele pretendeu que nós fôssemos. Ele pretendeu que fôssemos criaturas que se relacionassem com Ele de uma determinada maneira. Não acrescento a isso "que se relacionassem umas com as outras de determinada forma", porque isso já está implícito; se você estiver bem com Ele, provavelmente estará bem com todas as criaturas com quem você se relaciona, da mesma forma que os raios de uma roda de bicicleta,quando encaixados da maneira correta entre o cubo e o aro, estão todos na posição certa uns em relação aos outros. Enquanto uma pessoa imaginar Deus como um examinador, incumbido da tarefa de aplicar um teste, ou em contrapartida de uma espécie de barganha - enquanto ela pensar na sua relação com Deus em termos de lucro e reivindicação de lucro -, estará longe de ter a relação certa com ele. Essa pessoa não terá entendido quem ela é nem quem é Deus. E jamais conseguirá ter a relação certa, enquanto não descobrir que somos falidos.
   Quando eu me refiro a essa "descoberta", quero dizer uma verdadeira descoberta; não algo mecânico. É claro que qualquer criança, desde que tenha recebido alguma educação religiosa, logo aprenderá que não temos nada a oferecer a Deus que já não seja dele e que mesmo isso não somos capazes de oferecer sem guardamos algo para nós. Mas a verdadeira descoberta de que estou falando é a de se chegar à conclusão de que essa é a mais pura verdade, por meio de uma experiência pessoal.




C S Lewis - Cristianismo Puro e Simples



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