quarta-feira, 28 de março de 2012

Não são bem nossas ações...




Como os raios de uma roda

   Não são bem as nossas ações que preocupam Deus. O que lhe importa mais é que nos tornemos criaturas de um certo tipo ou qualidade - precisamente aquele tipo de criatura que ele pretendeu que nós fôssemos. Ele pretendeu que fôssemos criaturas que se relacionassem com Ele de uma determinada maneira. Não acrescento a isso "que se relacionassem umas com as outras de determinada forma", porque isso já está implícito; se você estiver bem com Ele, provavelmente estará bem com todas as criaturas com quem você se relaciona, da mesma forma que os raios de uma roda de bicicleta,quando encaixados da maneira correta entre o cubo e o aro, estão todos na posição certa uns em relação aos outros. Enquanto uma pessoa imaginar Deus como um examinador, incumbido da tarefa de aplicar um teste, ou em contrapartida de uma espécie de barganha - enquanto ela pensar na sua relação com Deus em termos de lucro e reivindicação de lucro -, estará longe de ter a relação certa com ele. Essa pessoa não terá entendido quem ela é nem quem é Deus. E jamais conseguirá ter a relação certa, enquanto não descobrir que somos falidos.
   Quando eu me refiro a essa "descoberta", quero dizer uma verdadeira descoberta; não algo mecânico. É claro que qualquer criança, desde que tenha recebido alguma educação religiosa, logo aprenderá que não temos nada a oferecer a Deus que já não seja dele e que mesmo isso não somos capazes de oferecer sem guardamos algo para nós. Mas a verdadeira descoberta de que estou falando é a de se chegar à conclusão de que essa é a mais pura verdade, por meio de uma experiência pessoal.




C S Lewis - Cristianismo Puro e Simples



segunda-feira, 26 de março de 2012

Que o Senhor te responda...






Salmo 20




Que o Senhor te responda no tempo da angustia;


o nome do deus de Jacó te proteja!


Do santuário te envie auxílio e de Sião te dê apoio.


Lembre-se de todas as tuas ofertas e aceite os teus holocaustos.


Conceda-te o desejo do teu coração e leve a efeito todos os teus planos.


Saudaremos a tua vitória com gritos de alegria


e ergueremos as nossas bandeiras em nome do nosso Deus.


Que o Senhor atenda todos os teus pedidos!


Agora sei que o Senhor dará vitória ao seu ungido;


dos seus santos céus lhe responde


com o poder salvador da sua mão direita.


Alguns confiam em carros e outros em cavalos,


mas nós confiamos no nome do Senhor, o nosso Deus.


Eles vacilam e caem,


mas nós nos erguemos e estamos firmes.


Senhor, concede vitória ao rei!


Responde-nos quando clamamos!

sexta-feira, 23 de março de 2012

...e se renova






Como a Brisa

PG

Abro o coração e a janela
Vejo o sol de um novo dia
Sei que hoje estas aqui
Tu és como um vento que não avisa
Quando sopra traz a vida
Vem e sopra sobre mim
E meu coração volta a viver
E se renova
Se estás aqui
E meu coração chama por ti
Porque te espero
Volto a sorrir

Espirito de Deus, toma a minha vida
Como a chuva que tardou
E ao deserto vida deu
Descendo sobre mim como a brisa
Que derrame sobre mim
Teu poder venha fluir


quarta-feira, 21 de março de 2012

...avançar em nome dele

Não permita que a sua mente seja bloqueada!



   Deus nos transmitiu as ordens de marcha. Devemos seguir para o campo de batalha de nossa mente e recuperar todo o "poder mental" que Satanás roubou de nós. Temos de apropriar-nos de toda a vida que Cristo derramou abertamente em nosso coração e vencer os poderes das trevas em nossos pensamentos, alcançando a mente restaurada de Cristo, pelo poder do sangue de Jesus em nós.

   Quando nascemos de novo, Jesus "se entregou por nós a fim de nos remir de toda maldade e purificar para si mesmo um povo particularmente seu, dedicado a prática de boas obras" (Tt 2.14). Jesus pagou um grande resgate para que sejamos totalmente livres, totalmente redimidos.

   Como filhos de Deus nascidos de novo, temos a capacidade de receber ou rejeitar os pensamentos que chegam a nossa mente. Isso significa que estamos em vantagem sobre os pensamentos que tentam invadir a nossa mente e escravizar-nos. A vitória já foi conquistada por Jesus Cristo. Agora tudo que precisamos fazer é avançar em nome dele e apossar-nos da vitória.

   Lembre-se dos israelitas. Embora Deus já tivesse reservado a Terra Prometida para o seu povo, eles não podiam simplesmente entrar, descansar e regozijar-se. Durante quarenta anos, Deus treinou o seu povo para a guerra e capacitou-os para as batalha que teriam de enfrentar. Entretanto os israelitas ainda tinham de aprender por experiência própria que existe uma grande diferença entre ter a posse legal da terra e possuí-la.

   Depois que eles finalmente cruzaram o Jordão para entrar em Canaã, tiveram ainda muito trabalho, porque encontraram a terra infestada de inimigos.

   O mesmo acontece com nossa mente. Jesus Cristo já pagou o preço para redimi-la, mas quando nascemos de novo, ela já estava infestada com certos padrões de pensamento, hábitos, certas atitudes e ideais mundanos, implantados anos antes pelo Inimigo. Agora Deus quer que limpemos e ocupemos cada centímetro dessa "terra"com o seu Espírito. É isso que chamamos "mente renovada"(v. 23).

   Em nossa caminhada com o Senhor, cada fortaleza em nossa mente representa uma parte de nossa vida com Ele que ainda não adentramos (ou da qual ainda não tomamos posse). Os inimigos instalados nessas fortalezas precisam ser destruídos. Não seremos consagrados a Deus o suficiente para realizar a sua obra enquanto não eliminarmos todos os vestígios do Inimigo. Enquanto houver fortalezas de medo, estaremos a serviço delas. Somos escravos daqueles a quem servimos (Rm 6.16).

   Enquanto as fortalezas da nossa natureza antiga (que são hostis a Deus) não forem destruídas, o Espírito Santo sofrerá restrições no trabalho de restaurar a nossa mente e devolvê-la ao controle de Cristo. O Senhor jamais irá força-lo a abrir mão de uma área de sua mente que você não esteja disposto a entregar. Ele nunca irá violar o seu livre-arbítrio. Isso significa que você terá de tomar muitas decisões em sua caminhada para a restauração da mente.



Fonte: bíblia de estudo - editora central gospel

segunda-feira, 19 de março de 2012

...resultado inevitável



A Voz do Verbo
A. W. Tozer


"A Bíblia é o resultado inevitável da contínua manifestação de Deus".



No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus (Jo 1:1.)

Qualquer homem de inteligência média, ainda que não instruído das verdades do cristianismo, chegando a ler esse texto, certamente concluirá que João tencionava ensinar que falar faz parte da natureza de Deus, ou seja, Ele deseja comunicar seus pensamentos aos outros seres inteligentes. E teria plena razão. A palavra (verbo) é o meio através do qual os pensamentos são expressos — pelo que também a aplicação do termo “Verbo” ao Filho eterno de Deus leva-nos a crer que a auto-expressão faz parte inerente da divindade, e que Deus está sempre procurando falar de Si mesmo às Suas cria­turas. E a Bíblia inteira apóia essa idéia. Deus continua falando. Não somente falou, mas continua falando. Por força de Sua própria natu­reza, Ele se comunica continuamente. Enche o mundo com Sua voz.

Uma das grandes realidades que temos de levar em conta, e com a qual nos vemos a braços, é a voz de Deus neste mundo. A hipótese mais simples sobre a formação do universo, e a mais certa, é essa: “Ele falou, e tudo se fez.” A razão de ser da lei natural não é outra senão a voz de Deus, imanente em Sua criação. E essa palavra de Deus, que trouxe à existência todos os mundos criados, não pode ter sido a Bíblia, porquanto esta não fora escrita nem impressa ainda, mas é a expressão da vontade de Deus, manifesta na estrutura de todas as coisas. Essa palavra que vem de Deus é o sopro divino que enche o mundo de potencialidade vital. A voz de Deus é a mais poderosa força que há na natureza, e, na realidade, a única força que atua na natureza, onde reside toda a energia pelo simples fato de que a palavra de poder foi proferida.

A Bíblia é a Palavra escrita de Deus; e, por haver sido escrita, está confinada e limitada pelas necessidades da tinta, do papel e do couro. A voz de Deus, entretanto, é viva e livre como o próprio Deus. “As palavras que eu vos tenho dito, são espírito e são vida.” (Jo 6:36.) A vida está encerrada nas palavras proferidas por Deus. A Palavra de Deus, na Bíblia, só tem poder porque corresponde perfeitamente à palavra de Deus no universo. É a voz presente no mundo que dá à Palavra escrita todo o seu poder. De outro modo, estaria para sempre adormecida, aprisionada entre as páginas de um livro.

Temos uma visão muito pequena e primitiva das coisas, quando pensamos em Deus, no ato da criação, a entrar em contato físico com essas coisas, a modelar, adaptar, e fabricar, como se fosse um carpinteiro. A Bíblia ensina uma coisa totalmente diversa: “Os céus por sua palavra se fizeram, e pelo sopro de sua boca o exército deles. . . Pois ele falou, e tudo se fez; ele ordenou, e tudo passou a a existir” (Sl 33:6, 3). “Pela fé entendemos que foi o universo for­mado pela palavra de Deus, de maneira que o visível veio a existir das cousas que não aparecem.” (Hb 11:3.) Uma vez mais, convém que nos lembremos de que Deus se refere aqui, não à Sua Palavra escrita, à Bíblia, mas antes, à voz da Sua palavra. Isto se refere à voz que enche antes o mundo, aquela voz que antecede a Bíblia em séculos e séculos; aquela voz que não silenciou mais desde o início da criação, mas que continua a soar, e alcança todos os recan­tos desse imenso universo.

A Palavra de Deus é viva e poderosa. No princípio Ele falou ao nada, e o nada se tornou em alguma coisa. O caos a ouviu e se fez ordem, as trevas a ouviram, e se transformaram em luz. “E disse Deus. . . e assim se fez.” Essas sentenças gêmeas, como se fossem causa e efeito, ocorrem em todo o relato da criação, no livro de Gênesis. O disse explica o assim se fez. O assim se fez é o disse, poso em forma de presente contínuo.

Deus está aqui, e está sempre falando. Essas verdades são o pano de fundo de todas as demais verdades bíblicas; sem elas estas últimas não poderiam ser revelações de forma alguma. Deus não escreveu um livro para enviá-lo através de mensageiros e ser lido à distância, por mentes desassistidas. Ele “falou” um livro e vive em Suas palavras proferidas, constantemente afirmando as Suas palavras e outorgando-lhes o poder que elas têm, pelo que também persistem através de todos os séculos. Deus soprou sobre o barro, e este se transformou em homem; Ele sopra sobre os homens, e estes se tornam barro. “Porque tu és pó e ao pó tornarás” (Gn 3:19) foi a palavra proferida quando da queda, mediante a qual decretou a morte física de todo homem, e não foi necessário dizer mais nenhu­ma palavra. O triste curso da humanidade, em toda a face da terra, desde o nascimento até à sepultura, é prova de que Sua palavra original foi o bastante.

sexta-feira, 16 de março de 2012

...um sentido mais amplo


O que é caridade?




"CARIDADE"   não significa hoje nada mais do que "dar esmolas" - isto é, dar aos pobres. A caridade tinha um sentido mais amplo originalmente. (Você pode fazer ideia de como a palavra adquiriu seu sentido moderno. Se a pessoa é "caridosa", dar aos pobres é uma das coisas que mais se espera que ela faça, e com isso as pessoas acabam falando dela como se isso fosse tudo. Da mesma forma, a "rima"é o que mais se espera numa poesia, e assim as pessoas acabam reduzindo o que entendem por "poesia" à rima e nada mais.) Caridade significa "amor no sentido cristão". Porém o amor no sentido cristão não significa uma emoção. Não se trata de um estado de sentimentos, e sim de vontade; esse estado de vontade que nós temos naturalmente sobre nós mesmos e que precisamos aprender a ter em relação aos outros.

C S Lewis - Cristianismo Puro e Simples


quarta-feira, 14 de março de 2012

... o provável é que Ele não seja gentil

O Ministério da Noite




Se Deus se dispõe a fazer de você um cristão incomum,o provável é que ele não seja tão gentil como geralmente o descrevem os mestres populares.
O escultor não usa um estojo de manicuro para transformar o mármore informe e rude num espécime de beleza. A serra, o martelo e o cinzel são instrumentos cruéis, mas sem eles a tosca pedra continuará sendo sempre informe e destituída de beleza.



Para fazer em você a suprema obra de sua Graça, Ele vai tirar do seu coração tudo que você mais ama. Tudo aquilo em que você confia ir-se-a de você. Cinzas amontoadas jazerão onde os seus tesouros mais preciosos costumavam estar.

Isso não é ensinar o poder santificador da pobreza. Se ser pobre tornasse os homens mais santos, todo vadio estendido num banco de jardim seria santo. Mas Deus conhece o segredo para retirar as coisas dos nossos corações, continuando elas a ficar para nós. O que Ele faz é limitar-nos o seu usufruto. Ele permite que as tenhamos, mas nos torna psicologicamente incapazes de deixar que os nossos corações sejam atraídos por elas. Deste modo, são úteis sem ser nocivas.

Isso tudo Deus realizará à custa dos prazeres comuns que até o presente davam sustentação à sua vida e a mantinham animada. Agora, sob o cuidadoso tratamento ministrado pelo Espírito Santo, a sua vida pode tornar-se árida, sem gosto e, em certa medida, um fardo para você.

Enquanto estiver nesse estado, você sobreviverá por uma espécie de cego desejo de viver; não encontrará nada do encanto interior que antes desfrutava. Nesse período, o sorriso de Deus ter-se-á retirado, ou, pelo menos, estará oculto aos seus olhos. Então você aprenderá o que é a fé; verá o caminho difícil, mas o único caminho aberto diante de si; verá que a verdadeira fé está na vontade, que a indescritível alegria de que fala o apóstolo não é propriamente a fé, mas um fruto da fé que amadurece lentamente;  e aprenderá que as alegrias espirituais do presente podem vir e ir-se como se dá, sem que isso altere o seu nível espiritual ou sem que afete de nenhum modo a sua posição como verdadeiro filho do Pai Celeste. E você aprenderá também, provavelmente para seu espanto, que é possível viver com a consciência tranquila diante de Deus e dos homens e ainda não sentir nada da "paz e alegria" de que tanto ouviu falarem cristãos imaturos.

Por quanto tempo você continuará nessa noite da alma, dependerá de vários fatores, alguns dos quais você poderá identificar mais tarde, enquanto que outros permanecerão com Deus, completamente ocultos para você. As palavras, "Teu é o dia, tua também a noite" (Sl. 74:16), agora serão interpretadas para você pelo melhor de todos os mestres, o Espírito Santo; e você saberá por experiência pessoal que coisa abençoada é o ministério da noite.

Mas há limite para a capacidade humana de viver sem alegria. Até Cristo só pôde suportar a cruz "em troca da alegria que lhe estava proposta" (Heb. 12:2). O aço mais forte se parte se for mantido muito tempo sob tensão. Deus sabe exatamente quanto tempo poderemos suportar a noite; assim, Ele dá alívio à alma, primeiro pelos gratos vislumbres da estrela da manhã e, depois, mediante a luz mais completa que prenuncia a manhã.

Devagar, você descobrirá o amor de Deus em seu sofrimento. O seu coração começará a aprovar a coisa toda. Você aprenderá consigo mesmo o que nenhuma escola do mundo poderia ensinar-lhe-á ação curativa da fé desassistida do prazer. Você perceberá e compreenderá o ministério da noite - o seu poder de purificar, liberar, humilhar, destruir o medo da morte e, o que é mais importante para você no momento, o seu poder de destruir o medo da vida. E aprenderá que às vezes a dor pode fazer o que até a alegria não pode, como tornar manifesta a vaidade das futilidades da terra, e encher o seu coração de anseio pela paz do céu.

O que escrevo aqui, de maneira nenhuma é original. Cada geração de cristãos inquiridores descobre de novo isso, e é quase um clichê da vida mais profunda. Todavia, é preciso dizê-lo a esta geração de crentes, e dizê-lo muitas vezes e com ênfase, pois o tipo de cristianismo ora em voga não inclui nada tão sério e difícil como isto. Ao que parece, a busca do cristão moderno é de paz mental e alegria espiritual, com apreciável grau de prosperidade material introduzida como prova do favor divino.

Contudo, alguns aprenderão isso, ainda que seja relativamente pequeno o número deles, e eles constituirão o sólido núcleo de santos praticantes tão seriamente necessários nesta hora grave, para que o cristianismo do Novo Testamento sobreviva até à próxima geração.





A. W. Tozer em
Este Cristão Incrível, Mundo Cristão, 2000



segunda-feira, 12 de março de 2012

Ser Membro e Ser Cristão


A Diferença Entre Ser Um Membro e Ser Um Cristão
Watchman Nee

"O cristão denota ser uma pessoa individual, enquanto que ser um membro traz a visão do Corpo" 



O Novo Testamento nos mostra que existe uma diferença entre ser um membro e ser um cristão. Ser um cristão denota ser uma pessoa individual, enquanto que ser um membro faz referência a uma entidade Corporativa. Alguém é cristão para si mesmo, porém alguém é membro para benefício do Corpo. Na Bíblia há muitas expressões que têm significados opostos tais como: pureza e imundície, o santo e o comum, a vitória e a derrota, o Espírito e a carne, Cristo e Satanás, o reino e o mundo, a glória e a vergonha, todos estes são termos opostos; de igual forma, o Corpo está em oposição com o indivíduo, assim como o Pai está em oposição ao mundo, o Espírito em oposição à carne e o Senhor em oposição ao diabo. Da mesma forma o Corpo é o oposto do individualismo. Uma vez que nós vemos o Corpo de Cristo somos libertos do individualismo e já não vivemos para si, senão para o Corpo!

Ao ser liberto do individualismo espontaneamente estamos no Corpo.

O Corpo de Cristo não é uma doutrina, mas um ambiente, não é um ensinamento, mas uma vida. Muitos cristãos procuram ensinar a verdade acerca do Corpo, porém, poucos conhecem a vida do Corpo. O Corpo de Cristo é uma experiência que se tem numa esfera totalmente diferente. É possível que alguém conheça todo o livro de Romanos e ainda assim não ser justificado, de maneira semelhante. Um homem pode conhecer com muito detalhe o livro de Efésios sem haver visto o Corpo de Cristo. Não necessitamos de conhecimento, mas de revelação para compreender a realidade do Corpo de Cristo e para entrar na esfera do Corpo. Somente uma revelação da parte de Deus nos pode introduzir na esfera do Corpo e só então o Corpo de Cristo chega a ser nossa experiência. 

Em Atos 2 parece que Pedro estivesse pregando o Evangelho sozinho e que 3000 pessoas foram salvas por intermédio dele, porém devemos lembrar que os outros onze apóstolos estavam de pé junto com ele; o Corpo de Cristo estava pregando o Evangelho, esta não era a pregação de um só indivíduo. Se tivermos a visão do Corpo, veremos que o individualismo não nos conduzirá a nenhum lado.

Watchman Nee


Extraído do livro: O Mistério de Cristo


sexta-feira, 9 de março de 2012

o que ligardes na terra...


O Poder da Harmonia na Oração
Watchman Nee

Extraído e adaptado do livro “O Ministério de Oração da Igreja”, de Watchman Nee (Editora Vida, edição esgotada)

“Em verdade vos digo que tudo o que ligardes na terra terá sido ligado nos céus, e tudo o que desligardes na terra terá sido desligado nos céus” (Mt 18.18).



As palavras de Jesus concedem grande poder à igreja. De acordo com esse texto, a ação na Terra precede a ação no Céu.

Não que o Céu liga primeiro, mas sim a Terra; não que o Céu desliga primeiro, mas que a Terra desliga primeiro. A ação do Céu é governada pela ação da Terra. Tudo o que contradiz a Deus precisa ser atado, e tudo o que concorda com Deus precisa ser desatado. Seja o que for que deva ser atado ou desatado, o atar ou desatar começa na Terra. A ação na Terra precede a ação do Céu, pois a Terra governa o Céu.  

Como pode ser isso? Primeiro, são afirmações muito fortes que parecem colocar a Terra acima do Céu. A igreja hoje (assim como o foi em outras épocas da sua história ) está cheia de pessoas que gostariam muito de exercer esse poder, de mover Deus, de mudar as circunstâncias, de ter domínio sobre as coisas. Sabemos que, na grande maioria dos casos, o resultado não é o esperado, e o homem e a igreja na Terra continuam não governando coisa alguma.

O contexto da passagem acima é muito claro: Jesus estava falando à Igreja (veja Mt 18.17). Ele estava entregando as chaves do Reino para a Igreja. Assim como Jesus possuía essas chaves e ligava e desligava as coisas na Terra durante seu ministério aqui, ele estava comissionando seus discípulos e seguidores, sua Igreja, a fazer o mesmo (confere Lc 22.29; Jo 14.12 etc.).

Em outras palavras, Deus se autolimitou para agir por meio da Igreja. Não temos base bíblica para fazer declarações extremas, como, por exemplo, que Deus não pode fazer nada a não ser pela Igreja, mas podemos afirmar que esse é o seu princípio de ação. Desde a criação, seu grande plano é agir em cooperação com um instrumento frágil e impotente, que é o homem, para frustrar e vencer seu arquiinimigo, Satanás.


A Vontade de Deus

Deus recusa-se a simplesmente usar sua vontade superior para vencer Satanás, ou mesmo o homem. Ele está trabalhando de acordo com um plano meticuloso para trazer a vontade do homem à harmonia com a sua. A harmonia da vontade do homem com a vontade de Deus será de fato o maior trunfo e a maior glória para Deus. 

Dessa forma, podemos concluir que o ministério ou vocação da Igreja não é meramente pregar o Evangelho, mas trazer à Terra a vontade que está nos céus. E como a Igreja faz isso? Através do ministério da oração, que não é uma atividade meramente devocional ou opcional, mas uma obra relacionada com a função central da Igreja. 

Como se define, então, o ministério da oração? É Deus dizendo à Igreja o que ele deseja fazer, de modo que a Igreja na Terra possa orar, expressando a vontade dele. Tal oração não é pedir que Deus faça o que nós queremos, mas pedir-lhe que faça o que ele deseja fazer. A Igreja precisa declarar na Terra que ela deseja a vontade de Deus. Se ela falhar nisso, será de muito pouco valor para Deus. O mais alto propósito da Igreja é permitir que a vontade de Deus seja feita na Terra. 


Harmonia

Agora, para que isso seja feito, há uma condição no versículo seguinte. “Em verdade também vos digo que, se dois dentre vós, sobre a terra, concordarem a respeito de qualquer coisa que, porventura, pedirem, ser-lhes-á concedida por meu Pai, que está nos céus” (Mt 18.19). 

A condição é harmonia. Se dois dentre vós... Jesus está falando sobre a Igreja. Não é oração individual. Dois é o número mínimo para que seja representada a Igreja. E eles precisam concordar, ou seja, precisam estar em harmonia, em plena unidade, como uma sinfonia executada por instrumentos musicais. Essa harmonia não é uma concordância momentânea a respeito de um determinado pedido. É a harmonia do Espírito Santo. 

Nós não ligamos nem desligamos as coisas na Terra de forma que sejam ligadas ou desligadas no Céu, simplesmente porque duas ou mais pessoas decidiram que deveria ser assim. Devemos estar cônscios de que não há possibilidade de harmonia na carne. Para estar em harmonia, é preciso que as duas pessoas estejam sob o domínio do Espírito Santo. Isso quer dizer que sou levado por Deus a um ponto em que nego todos os meus desejos e quero somente o que o Senhor quer; uma outra pessoa, da mesma forma, é levada pelo Espírito Santo ao ponto de negar todos os seus desejos e querer somente a vontade do Senhor. Eu e ela, ela e eu, ambos somos levados a um ponto em que há harmonia tal como a que existe na música. Então, tudo o que pedirmos, Deus o fará no Céu por nós. 

Tenha em mente que a oração não é a primeira coisa a ser feita. A oração é um passo que segue os outros passos da harmonia. O mais importante é descobrir quais são esses passos, como entrar em sintonia com Deus e com nossos irmãos, através de verdadeira comunhão vertical e horizontal, antes de tentarmos usar as chaves. É por isso que, num grupo de oração, é importante não só orar, mas também conversar e buscar sintonia uns com os outros na presença de Deus. Do contrário, estaremos orando juntos, mas com a mesma ineficácia como se estivéssemos orando sozinhos. 

Se nossa vida natural é trabalhada pelo Senhor e somos levados a reconhecer a realidade do Corpo de Cristo, então estaremos em harmonia e nossas orações também estarão em harmonia. Uma vez que o que vemos é harmonioso, estamos qualificados para ser porta-vozes da vontade de Deus. Descobriremos a vontade de Deus, usaremos as chaves do reino para ligar e desligar, e o Céu atenderá a Terra. 

O ministério principal da Igreja, então, é sua função de corpo, fundamentado na unidade. Quando pelo menos dois indivíduos estão em harmonia, eles não têm senão um só alvo, que é dizer a Deus: “Queremos que tua vontade seja feita na Terra, assim como é feita no Céu”. Quando a Igreja permanece em tal base e ora de acordo com ela, a vontade de Deus será feita. Se assim não for, é vã a nossa vida de Igreja. O grau da operação de Deus é determinado pelo grau de oração na Igreja. A manifestação do poder de Deus não excederá à oração da Igreja. É Deus quem primeiro deseja fazer certa coisa, mas a Igreja precisa preparar o caminho com oração de modo que ele possa ter uma estrada. Se a oração for sempre centralizada no eu, em problemas pessoais e em pequenos ganhos ou perdas, onde estará o meio pelo qual o eterno propósito de Deus se manifestará? 


A Presença de Jesus 

A dimensão do poder da Terra sobre o Céu é revelada no versículo 20: “Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles”. Por que há tanto poder na Terra? Por que o orar em harmonia tem efeito tão tremendo? O que confere a duas ou três pessoas, orando em harmonia, tanto poder? É porque a presença do próprio Jesus está ali. É este o verdadeiro motivo da unanimidade. Quando nos reunimos, não devemos vir como espectadores nem porque estamos buscando algo para nós mesmos. Somos chamados para nos reunirmos em nome do Senhor, por amor ao nome dele, para buscar glória para ele. 

Nesse caso, haverá harmonia e o próprio Jesus estará dirigindo tudo. Por isso, tudo que for ligado na Terra será ligado no Céu, e tudo que for desligado na Terra será desligado no Céu. O Senhor estará operando juntamente com sua Igreja. Se o Senhor está presente, a Igreja pode ligar e desligar. Mas se o Senhor não está no meio dela, nada poderá fazer. Tampouco esse poder é dado a indivíduos; somente a Igreja recebeu tal autoridade. Deixemos de limitar a ação do Senhor na Terra – busquemos cumprir o nosso chamado principal como sua Igreja! 


Fonte - Revista Impacto/outubro - 2005