Contra o desânimo
23 de Março de 2012 - Autor: Marcelo Gomes
A palavra “ânimo” é uma variação do termo latino anima, que pode ser traduzido por “alma”. Diz respeito à
essência vital do ser humano, sua energia, sua força, sua disposição
fundamental. Corresponde aos substantivos nephesh, hebraico, que pode ser traduzido por “alma” ou
“vida”, e psyché, grego, que
pode ser “alma”, “mente” ou, em alguns casos, o “comportamento natural” do ser
humano. Em todos os casos, mantém-se ligada à expressão da vitalidade humana em
toda a sua intensidade e vigor.
O desânimo é a morte do ânimo. Representa a perda da vitalidade, da energia, da
naturalidade. Encarcera o pensamento e desmotiva-o, fazendo-o concentrar-se
apenas nas impossibilidades e frustrações. É tristeza profunda, nem sempre
resultante de uma situação pontual, específica. Às vezes, vem com o
envelhecimento mal recebido, uma coleção de fracassos ou, ainda, uma decepção
afetiva. Pode surgir como um desagrado existencial, um vazio na “alma”, uma
perda de sentido. Quando persiste, conduz a um desejo de morrer no corpo, já
que os sonhos e a motivação também estão mortos.
Para o desânimo não há remédios. Os melhores só
poderão combater suas implicações químicas, orgânicas, mas nunca as fontes
emocionais e psicológicas. O desânimo não pode ser vencido por uma expectativa
de circunstâncias melhores, pois nunca haverá garantias. Ao primeiro sinal de
derrota, virá com força ainda maior. Também não é o caso de agir com
indiferença frente aos problemas, pois a indiferença só amplia o poder da
morte.
Contra o desânimo, somente um novo sopro, uma nova
carga de energia, uma revitalização. Jesus disse aos seus discípulos: “Tende
bom ânimo; eu venci o mundo”. Não disse: “vai passar” ou “não fiquem assim”.
Superou toda tentação de soluções paliativas e desafiou: “vejam, eu venci!”.
Não entregou seus discípulos à própria sorte ou recursos pessoais, mas
assegurou-lhes uma vitória já conquistada e que é compartilhada graciosamente.
A morte perdeu sua força. A vida triunfou. O que parecia irreversível foi
transformado. O ânimo renovou-se em bom ânimo.
Há muitos crentes desanimados, hoje em dia. Sofrem
porque se sentem obrigados a superar suas tragédias emocionais por seus
próprios méritos. Ouvem, com frequência, que tudo vai passar, que não podem
ficar assim, mas já não conseguem acreditar. Pois bem: não se trata de passar
ou de fingir que não dói; trata-se de lembrarem que, em Cristo, mesmo
desanimados, são mais que vencedores! Não são e não serão rejeitados por seu desânimo. Estão seguros no amor incondicional de Deus. Por fim, levantam-se e seguem em frente,
pois alcançam coragem para lutar na certeza de que derrota alguma poderá
nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus, nosso Senhor.
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