segunda-feira, 23 de abril de 2012

Oferecendo a outra face




Oferecendo a outra face?


Há três maneiras de se entender o mandamento de oferecer a outra face. Uma é a interpretação pacifista: 

ele significa o que se está dizendo literalmente - o dever da não-resistência em relação a todos os seres humanos 

em qualquer circunstância. Outra é a interpretação reducionista: o mandamento não quer dizer exatamente o 

que está dizendo; trata-se, antes, de alguma forma oriental exagerada de dizer que você deveria suportar muita 

coisa e dar-se por satisfeito. Tanto você quanto eu concordamos em rejeitar essa visão. O conflito se dá, 

portanto, entre a interpretação pacifista e uma terceira que proporei agora. Acredito que o texto queira dizer 

exatamente o que diz, mas com uma margem compreensível a favor daqueles casos claramente excepcionais, 

que todo mundo naturalmente considera exceções, sem que fosse necessário alguém dizê-lo. [...] Isto é, na 

medida em que os únicos fatores relevantes no caso fossem uma injúria praticada contra mim por algum vizinho 

e um desejo de retaliação da minha parte, então creio que o cristianismo ordena mortificação absoluta desse 

desejo. Não se deve dar um só pingo de atenção àquela vozinha que possa dizer dentro de nós: "Ele fez 

isso ou aquilo comigo, então devo retribuir na mesma moeda".


C S Lewis - Peso de Glória

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