Oferecendo a outra face?
Há três maneiras de se entender o mandamento de oferecer a outra face. Uma é a interpretação pacifista:
ele significa o que se está dizendo literalmente - o dever da não-resistência em relação a todos os seres humanos
em qualquer circunstância. Outra é a interpretação reducionista: o mandamento não quer dizer exatamente o
que está dizendo; trata-se, antes, de alguma forma oriental exagerada de dizer que você deveria suportar muita
coisa e dar-se por satisfeito. Tanto você quanto eu concordamos em rejeitar essa visão. O conflito se dá,
portanto, entre a interpretação pacifista e uma terceira que proporei agora. Acredito que o texto queira dizer
exatamente o que diz, mas com uma margem compreensível a favor daqueles casos claramente excepcionais,
que todo mundo naturalmente considera exceções, sem que fosse necessário alguém dizê-lo. [...] Isto é, na
medida em que os únicos fatores relevantes no caso fossem uma injúria praticada contra mim por algum vizinho
e um desejo de retaliação da minha parte, então creio que o cristianismo ordena mortificação absoluta desse
desejo. Não se deve dar um só pingo de atenção àquela vozinha que possa dizer dentro de nós: "Ele fez
isso ou aquilo comigo, então devo retribuir na mesma moeda".
C S Lewis - Peso de Glória
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