Pecados intocáveis – Jerry Bridges
Ressentimento
é ira guardada no peito. Ela brota no coração da pessoa que foi maltratada e
acha que não pode fazer nada a respeito da situação. Um funcionário é
injustiçado pelo chefe, mas não ousa enfrentá-lo, e internaliza a ira em forma
de ressentimento. Uma esposa talvez reaja da mesma forma em relação ao marido
controlador. Pode ser mais difícil lidar com o ressentimento do que com a ira
clara e evidente porque, em muitos casos, a pessoa continua lambendo as feridas
e relembrando a injustiça q sofreu.
Amargura
é ressentimento que se transformou em animosidade contínua. Enquanto o
ressentimento pode se dissipar com o tempo, a amargura continua a crescer e
apodrecer, aumentando o grau de indisposição. Por deixarmos de lidar com a ira
inicial, a amargura é quase sempre uma reação de longo prazo a um erro real ou
imaginário.
Inimizade
e hostilidade são palavras praticamente sinônimas e denotam um nível mais
elevado de má vontade ou animosidade do que o produzido pela amargura. Enquanto
a amargura pode, de certo modo, ser acompanhada de comportamento civilizado,
geralmente a inimizade ou a hostilidade se mostra abertamente. Quase sempre a
pessoa faz isso denegrindo ou “descendo a lenha” no objeto de sua hostilidade.
Além disso, embora a amargura possa ser abrigada no coração, a inimizade ou a
hostilidade geralmente espalha seu veneno de modo a atingir outras pessoas.
Ódio
(furor contra alguém) é mencionado várias vezes na Bíblia (v. Gn 27.41; 50.15;
Lv 19.18; Sl 55.3; Mc 6.19). Entendemos melhor a dimensão da má vontade e da
inimizade inferida na palavra ódio quando lemos os dois textos de
Gênesis na NVI, que usa o termo rancor. Em todos os versículos acima
citados, a palavra é associada à vingança contra o objeto do ódio. Por exemplo,
Esaú passou a odiar Jacó e planejou matá-lo (Gn 27.41). Os irmãos de
José tiveram medo que o caçula os odiasse e quisesse se vingar do mal
que havia sofrido nas mãos deles (Gn 50.15). Lemos no Novo Testamento que
Herodes odiava João Batista e queria matá-lo (Mc 6.19).
É
provável que nenhum de nós associe rancor com planos de assassinato. Muitas
vezes, contudo, pensamos em nos vingar de alguém que detestamos. Não ousamos
colocar nossos planos em ação, mas sentimos uma alegria perversa em executá-los
em nossa mente. Isso acontece até entre os cristãos. Tanto é verdade que paulo
achou necessário escrever a exortação de Romanos 12.19-21:
“Amados,
não vos vingueis a vós mesmos, mas dai lugar à ira de Deus, pois está escrito:
A vingança é minha; eu retribuirei, diz o Senhor. Pelo contrário, se o teu
inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, se
fizeres isso, amontoarás brasas sobre a cabeça dele. Não te deixes vencer pelo
mal, mas vence o mal com o bem.”
[…]
Meu objetivo é que entendamos que a ira guardada no peito, além de ser pecado,
é espiritualmente perigosa. Se examinarmos bem essas ervas daninhas, notaremos
a intensificação da má vontade e do conflito. A ira nunca é estática. Se não
for cortada pela raiz, transforma-se em amargura, hostilidade e vingança. É por
isso que Paulo advertiu: “Não se ponha o sol sobre vossa ira.”
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