sábado, 21 de maio de 2022

pecados intocáveis - Ira (parte II)

 Pecados intocáveis – Jerry Bridges

Ressentimento é ira guardada no peito. Ela brota no coração da pessoa que foi maltratada e acha que não pode fazer nada a respeito da situação. Um funcionário é injustiçado pelo chefe, mas não ousa enfrentá-lo, e internaliza a ira em forma de ressentimento. Uma esposa talvez reaja da mesma forma em relação ao marido controlador. Pode ser mais difícil lidar com o ressentimento do que com a ira clara e evidente porque, em muitos casos, a pessoa continua lambendo as feridas e relembrando a injustiça q sofreu.

 

Amargura é ressentimento que se transformou em animosidade contínua. Enquanto o ressentimento pode se dissipar com o tempo, a amargura continua a crescer e apodrecer, aumentando o grau de indisposição. Por deixarmos de lidar com a ira inicial, a amargura é quase sempre uma reação de longo prazo a um erro real ou imaginário.

 

Inimizade e hostilidade são palavras praticamente sinônimas e denotam um nível mais elevado de má vontade ou animosidade do que o produzido pela amargura. Enquanto a amargura pode, de certo modo, ser acompanhada de comportamento civilizado, geralmente a inimizade ou a hostilidade se mostra abertamente. Quase sempre a pessoa faz isso denegrindo ou “descendo a lenha” no objeto de sua hostilidade. Além disso, embora a amargura possa ser abrigada no coração, a inimizade ou a hostilidade geralmente espalha seu veneno de modo a atingir outras pessoas.

 

Ódio (furor contra alguém) é mencionado várias vezes na Bíblia (v. Gn 27.41; 50.15; Lv 19.18; Sl 55.3; Mc 6.19). Entendemos melhor a dimensão da má vontade e da inimizade inferida na palavra ódio quando lemos os dois textos de Gênesis na NVI, que usa o termo rancor. Em todos os versículos acima citados, a palavra é associada à vingança contra o objeto do ódio. Por exemplo, Esaú passou a odiar Jacó e planejou matá-lo (Gn 27.41). Os irmãos de José tiveram medo que o caçula os odiasse e quisesse se vingar do mal que havia sofrido nas mãos deles (Gn 50.15). Lemos no Novo Testamento que Herodes odiava João Batista e queria matá-lo (Mc 6.19).

 

É provável que nenhum de nós associe rancor com planos de assassinato. Muitas vezes, contudo, pensamos em nos vingar de alguém que detestamos. Não ousamos colocar nossos planos em ação, mas sentimos uma alegria perversa em executá-los em nossa mente. Isso acontece até entre os cristãos. Tanto é verdade que paulo achou necessário escrever a exortação de Romanos 12.19-21:

 

Amados, não vos vingueis a vós mesmos, mas dai lugar à ira de Deus, pois está escrito: A vingança é minha; eu retribuirei, diz o Senhor. Pelo contrário, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, se fizeres isso, amontoarás brasas sobre a cabeça dele. Não te deixes vencer pelo mal, mas vence o mal com o bem.”

 

[…] Meu objetivo é que entendamos que a ira guardada no peito, além de ser pecado, é espiritualmente perigosa. Se examinarmos bem essas ervas daninhas, notaremos a intensificação da má vontade e do conflito. A ira nunca é estática. Se não for cortada pela raiz, transforma-se em amargura, hostilidade e vingança. É por isso que Paulo advertiu: “Não se ponha o sol sobre vossa ira.”


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