Muitos
abraçam o evangelho pensando apenas naquilo que podem lucrar com sua decisão.
Infelizmente, a negligência da igreja começa a partir da nossa própria pregação
e ensino, em nossa apresentação do cristianismo, que tem se tornado, cada vez
mais focada nos benefícios que as pessoas podem ter – em detrimento do preço
que elas terão de pagar.
Preço?
Você falou em preço a ser pago na vida cristã?
Eu
não, quem falou foi Jesus! Ele é quem disse que temos que calcular o custo
antes de começar a carreira cristã.
O
conflito que esse conceito gera se deriva de uma visão incompleta dos
princípios bíblicos. Ultimamente tenho ouvido muita gente afirmar que “quem
entende a graça sabe que não há lugar para esforço na vida cristã”. O problema
dos que fazem tal afirmação é que estão apenas com parte da verdade, não estão
enxergando o quadro todo.
Quando
chegamos a Cristo, recebemos uma salvação que é pela fé, e não por obras (Ef
2.8-9). Não há mérito algum em nós e nada que possamos fazer que nos qualifique
a receber a salvação como se ela fosse algum tipo de recompensa. Isso é mais do
que óbvio, e ninguém questiona essa verdade. Porém, uma coisa é dizer que
nossos esforços não nos fazem merecedores – o que é fato – e outra é dizer que
eles não são necessários e que não podem, em hipótese alguma, interagir com a
graça. O próprio Cristo afirmou: ESFORCEM-SE para entrar pela porta
estreita, porque eu lhes digo que muitos tentarão entrar e não conseguirão
(Lc 13.24, NVI – grifo do autor). Se não há necessidade de esforço, por que
Jesus exigiria isso de nós?
A
graça não é uma obra unilateral da parte de Deus. O acesso à graça é por meio
da fé (Rm). Se eu não crer, não acesso os depósitos da graça. Portanto, a graça
não apenas age em nossa vida; ela reage ao nosso comportamento de fé. E essa fé
não se expressa somente por meio de palavras (Rm 10.9, 10), mas também por meio
de obras (Tg 2.17, 18).
As
recomendações bíblicas sobre diligência, dedicação e esforço são abundantes no
Novo Testamento. Embora elas não nos façam merecedores de Deus ou de seu reino,
não significa em absoluto, que Deus e seu reino não mereçam nossa diligência,
esforço e dedicação. Observe a instrução do apóstolo Pedro: Por isso mesmo,
vós, reunindo TODA A VOSSA DILIGÊNCIA […]. Por isso, irmãos, procurai, COM
DILIGÊNCIA CADA VEZ MAIOR, confirmar a
vossa vocação e eleição; portanto, procedendo assim, não tropeçareis em tempo
algum (1Pe 1.10 – grifo do autor).
- Luciano Subirá - Até que nada mais importe. p. 37 -
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