sábado, 28 de maio de 2022

pecados intocáveis - Ira - (parte III)

 Pecados intocáveis – Jerry Bridges


Como lidar com a ira: temos de levar em conta a soberania de Deus em todas as circunstâncias. Deus não instiga ninguém a pecar contra nós, mas permite que isso aconteça, e a permissão tem sempre um objetivo – geralmente é para que fiquemos mais parecidos com Cristo. Quando os irmãos de José pecaram de modo tão grave contra ele e o venderam à escravidão, o rapaz não ficou amargurado, e até lhes explicou: “Não fostes vós que me enviaste para cá, mas sim Deus” (Gn 45.8). Segundo a Bíblia, durante o tempo em que foi escravo na casa de Potifar e ficou na cadeia por um crime que não havia cometido, José nunca se mostrou amargurado. Na verdade, a Bíblia afirma que ele realizou muito bem suas obrigações (certamente esta não é a atitude de alguém amargurado) e que era tão respeitado por Potifar e o carcereiro que os dois lhe delegaram tarefas de grande responsabilidade.

 

Descobri que crer na soberania de Deus é minha primeira defesa contra a tentação de permitir que a ira domine meus pensamentos e emoções. Se quero mesmo lidar com a tentação, preciso lembrar-me de que as atitudes de outra pessoa (ou pessoas) que despertaram minha ira estão sob o controle absoluto de Deus. Embora as atitudes sejam erradas em si, Deus irá usá-las em meu benefício, como José disse aos seus irmãos: “Certamente planejastes o mal contra mim. Porém Deus o transformou em bem” (Gn 50.20).

 

Como já observei, o bem talvez seja a oportunidade de ficarmos mais parecido com cristo. Mas pode ser que Deus tenha outros objetivos em mente, como o de nos preparar para tarefas maiores. Talvez nunca saibamos porque Deus permitiu uma situação que fez despertar nossa ira. Importa saber que, por mais difícil que seja a circunstância, e por mais forte que seja a tentação de explodir de ira, Deus tem o nosso bem em vista. Refletir seriamente nesta grande verdade – a soberania de Deus – é meu primeiro passo para desarmar a ira.


sábado, 21 de maio de 2022

pecados intocáveis - Ira (parte II)

 Pecados intocáveis – Jerry Bridges

Ressentimento é ira guardada no peito. Ela brota no coração da pessoa que foi maltratada e acha que não pode fazer nada a respeito da situação. Um funcionário é injustiçado pelo chefe, mas não ousa enfrentá-lo, e internaliza a ira em forma de ressentimento. Uma esposa talvez reaja da mesma forma em relação ao marido controlador. Pode ser mais difícil lidar com o ressentimento do que com a ira clara e evidente porque, em muitos casos, a pessoa continua lambendo as feridas e relembrando a injustiça q sofreu.

 

Amargura é ressentimento que se transformou em animosidade contínua. Enquanto o ressentimento pode se dissipar com o tempo, a amargura continua a crescer e apodrecer, aumentando o grau de indisposição. Por deixarmos de lidar com a ira inicial, a amargura é quase sempre uma reação de longo prazo a um erro real ou imaginário.

 

Inimizade e hostilidade são palavras praticamente sinônimas e denotam um nível mais elevado de má vontade ou animosidade do que o produzido pela amargura. Enquanto a amargura pode, de certo modo, ser acompanhada de comportamento civilizado, geralmente a inimizade ou a hostilidade se mostra abertamente. Quase sempre a pessoa faz isso denegrindo ou “descendo a lenha” no objeto de sua hostilidade. Além disso, embora a amargura possa ser abrigada no coração, a inimizade ou a hostilidade geralmente espalha seu veneno de modo a atingir outras pessoas.

 

Ódio (furor contra alguém) é mencionado várias vezes na Bíblia (v. Gn 27.41; 50.15; Lv 19.18; Sl 55.3; Mc 6.19). Entendemos melhor a dimensão da má vontade e da inimizade inferida na palavra ódio quando lemos os dois textos de Gênesis na NVI, que usa o termo rancor. Em todos os versículos acima citados, a palavra é associada à vingança contra o objeto do ódio. Por exemplo, Esaú passou a odiar Jacó e planejou matá-lo (Gn 27.41). Os irmãos de José tiveram medo que o caçula os odiasse e quisesse se vingar do mal que havia sofrido nas mãos deles (Gn 50.15). Lemos no Novo Testamento que Herodes odiava João Batista e queria matá-lo (Mc 6.19).

 

É provável que nenhum de nós associe rancor com planos de assassinato. Muitas vezes, contudo, pensamos em nos vingar de alguém que detestamos. Não ousamos colocar nossos planos em ação, mas sentimos uma alegria perversa em executá-los em nossa mente. Isso acontece até entre os cristãos. Tanto é verdade que paulo achou necessário escrever a exortação de Romanos 12.19-21:

 

Amados, não vos vingueis a vós mesmos, mas dai lugar à ira de Deus, pois está escrito: A vingança é minha; eu retribuirei, diz o Senhor. Pelo contrário, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, se fizeres isso, amontoarás brasas sobre a cabeça dele. Não te deixes vencer pelo mal, mas vence o mal com o bem.”

 

[…] Meu objetivo é que entendamos que a ira guardada no peito, além de ser pecado, é espiritualmente perigosa. Se examinarmos bem essas ervas daninhas, notaremos a intensificação da má vontade e do conflito. A ira nunca é estática. Se não for cortada pela raiz, transforma-se em amargura, hostilidade e vingança. É por isso que Paulo advertiu: “Não se ponha o sol sobre vossa ira.”


sábado, 14 de maio de 2022

pecados intocáveis - ira (parte I)

 

Pecados intocáveis – Jerry Bridges

 

[…], precisamos analisar mais profundamente a ira e os seus resultados turbulentos. É normal pensarmos na ira tendo em vista alguns episódios. Ficamos com ira, e depois nos acalmamos. Às vezes pedimos desculpas à pessoa com quem nos enfurecemos, e outras vezes deixamos “passar batido”. Mas, de algum modo, a outra pessoa, com ou sem pedido de desculpas, supera a postura defensiva – seja ela uma contestação furiosa ou um ressentimento guardado na alma – e a vida continua. O relacionamento foi arranhado, mas não desfeito. Não é um jeito fantástico de viver com alguém, contudo é tolerável. Essa parece ser a maneira de muitos cristãos enxergarem o pecado da ira. Aceitam-na como parte da vida.

 

No entanto, a Bíblia não é toda complacente com a ira. Pelo contrário, manda que seja eliminada de nossa vida (v. Ef 4.31; Cl 3.8). Se você examinar esses versículos, descobrirá que, em cada um deles, a ira está associada a pecados horríveis como amargura, reclamação, calúnia, maldade e conversa obscena. Também está incluída na lista de pecados repugnantes de 2 Coríntios 12.20. É óbvio que a ira não anda bem acompanhada e normalmente se associa ao que consideraríamos pecados sérios, podendo até mesmo nos fazer cair em alguns deles.

 

Mas como entender o versículo que diz: “Irai-vos e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira” (Ef 4.26 [ARC])? Paulo não está dando permissão para sentirmos ira, e muito menos nos mandando ficar com ira, como o modo imperativo do verbo pode sugerir. Sabendo que sentimos ira, Paulo está nos ensinando a lidar com ela. Basicamente está dizendo: “Não se agarre à ira. Livre-se dela  o mais rápido possível”. Este é o motivo do esclarecimento: “Não se ponha o sol sobre a vossa ira”.

 

Temos uma expressão idiomática que aconselha: “Corte o mal pela raiz”. É isso o que Paulo nos manda fazer. Lide com sua ira imediatamente, mas, acima de tudo, não vá dormir cheio de ira. Na melhor das hipóteses, ira é pecado (com rara exceção da ira legítima); na pior das hipóteses, ela dá origem a pecados mais sérios.



Responsáveis,


 

sábado, 7 de maio de 2022

Sexo

 

 1) A intimidade sexual é limitada ao matrimônio.

Somente nesta condição ela é aceita e abençoada por Deus (ver Gn 2.24; Ct 2.7;

4.12). Mediante o casamento, marido e mulher tornam-se uma só carne, segundo a

vontade de Deus. Os prazeres físicos e emocionais normais, decorrentes do

relacionamento conjugal fiel, são ordenados por Deus e por Ele honrados.


2) Adultério, fornicação, homossexualismo e outros

O adultério, a fornicação, o homossexualismo, os desejos impuros e as paixões

degradantes são pecados graves aos olhos de Deus por serem transgressões da lei

do amor (Êx 20.14) e profanação do relacionamento conjugal. Tais pecados são

severamente condenados nas Escrituras (Pv 5.3) e colocam o culpado fora do reino

de Deus (Rm 1.24-32; 1Co 6.9,10; Gl 5.19-21).


3) Imoralidade e impureza sexual

A imoralidade e a impureza sexual não somente incluem o ato sexual ilícito, mas

também qualquer prática sexual com outra pessoa que não seja seu cônjuge.

Há quem ensine, em nossos dias, que qualquer intimidade sexual entre jovens e

adultos solteiros, tendo eles mútuo “compromisso”, é aceitável, uma vez que não haja

ato sexual completo.

Tal ensino peca contra a santidade de Deus e o padrão bíblico da pureza. Deus proíbe,

explicitamente, “descobrir a nudez” ou “ver a nudez” de qualquer pessoa a não ser

entre marido e mulher legalmente casados (Lv 18.6-30; 20.11, 17, 19-21; ver 18.6).

50

4) O domínio dos desejos

O crente deve ter autocontrole e abster-se de toda e qualquer prática sexual antes do

casamento. Justificar intimidade premarital em nome de Cristo, simplesmente com

base num “compromisso” real ou imaginário, é transigir abertamente com os padrões

santos de Deus. É igualar-se aos modos impuros do mundo e querer deste modo

justificar a imoralidade.

Depois do casamento, a vida íntima deve limitar-se ao cônjuge. A Bíblia cita a

temperança como um aspecto do fruto do Espírito, no crente, isto é., a conduta positiva

e pura, contrastando com tudo que representa prazer sexual imoral como libidinagem,

fornicação, adultério e impureza. Nossa dedicação à vontade de Deus, pela fé, abre o

caminho para recebermos a bênção do domínio próprio: “temperança” (Gl 5.22-24).

 

5) Termos bíblicos descritivos da imoralidade e que revelam a extensão desse

mal.

Fornicação: (gr. porneia). Descreve uma ampla variedade de práticas sexuais, pré

ou extramaritais. Tudo que significa intimidade e carícia fora do casamento é

claramente transgressão dos padrões morais de Deus para seu povo (Lv 18.6-30;

20.11,12, 17, 19-21; 1Co 6.18; 1Ts 4.3).

A lascívia: (gr. aselgeia) denota a ausência de princípios morais, principalmente o

relaxamento pelo domínio próprio que leva à conduta virtuosa (1Tm 2.9). Isso inclui a

inclinação à tolerância quanto a paixões pecaminosas ou ao seu estímulo, e deste

modo a pessoa torna-se partícipe de uma conduta antibíblica (Gl 5.19; Ef 4.19; 1Pe

2.2,18).

Enganar: (gr. pleonekteo), isto é, aproveitar-se de uma pessoa, ou explorá-la (1Ts

4.6), significa privá-la da pureza moral que Deus pretendeu para essa pessoa, para a

satisfação de desejos egoístas. Despertar noutra pessoa estímulos sexuais que não

possam ser correta e legitimamente satisfeitos, significa explorá-la ou aproveitar-se

dela (1Ts 4.6; Ef 4.19).

A lascívia: ou cobiça carnal (gr. epithumia) é um desejo carnal imoral que a pessoa

daria vazão se tivesse oportunidade (Ef 4.22; 1Pe 4.3; 2 Pe 2.18; Mt 5.28).



sábado, 30 de abril de 2022

Propensões e impulsos

 

PROPENÇÕES E IMPULSOS

   Quando discutimos a estrutura perceptiva, observamos que as sensações eram sempre “carregadas” de certas sensações positivas ou negativas ou “matizadas” por elas. Moléculas de açúcar estimulam as papilas gustativas, que passam a enviar impulsos para o “centro de paladar” no cérebro. Ali, o “gosto” surge: é apercepção consciente do estimulo. Mas essa percepção de gosto envolve ao mesmo tempo uma avaliação sensitiva, pois a maioria das pessoas avalia essa doçura como “gostosa”, enquanto outros sabores são percebidos como de gosto “ruim”. Essa avaliação sensitiva tem um uso pratico muito importante: por exemplo, quando percebemos o cheiro de algo queimando, ouvimos gritos e correria, vemos sangue ou sentimos dor, ou mesmo quando comemos algo cujo gosto estranhamos, ficamos imediatamente alarmados. Esses são estímulos que, para nós, provoca uma sensação negativa.

   Dessa maneira, em todos esses casos, o nosso senso de alarma é uma reação aprendida. É um reflexo condicional com base em uma reação sensitiva a estímulos. No entanto, podemos colocar o problema de outra forma: todas as nossas sensações são aprendidas ou também existem emoções completamente inatas. Existe, por exemplo, um grande número de experiências e discussões sobre a existência de um instinto, “instinto maternal”. É plausível que aquilo que é chamado de “instinto maternal” também seja algo baseado em um comportamento aprendido, o que significa que as mães só podem dar “amor” se também o tiverem recebido quando criança. Em nosso mundo ocidental “civilizado”, centenas de milhares de crianças foram abusadas pelas mães a cada ano. Parece que muitas dessas mães foram carentes de uma relação amorosa na infância e talvez tenham sido abusadas também. Dessa forma, mesmo o amor, em grande medida, é algo que tem q ser aprendido.

   As disposições não pertencem à estrutura sensível, mas à estrutura espiritiva. E, ao mesmo tempo, devem estar sob orientação de uma vida espiritiva. O cristão, em particular deveria ser capaz de entender que é responsável por tudo o que acontece em sua vida sentimental. E, assim, ser-lhe-ia proveitoso ser mais vigilante contra todos os tipos de emoções negativas e irracionais, as quais poderiam ser também chamadas de “preconceitos”: por exemplo, contra negros contra muçulmanos, contra homens de cabelo comprido. Alguns cristãos ficam satisfeitos em atribuis tais sensações a um tipo de “intuição espiritual”; por exemplo, afirmando serem capazes de “sentir “ que determinados artistas não são bons. A verdade da questão é que essa suposta “intuição” fundamenta-se de fato em emoções negativas aprendidas e completamente sem fundamento. E, dessa forma, nossa vida espiritual também tem o seu lado ético, como já vimos. Sob a orientação de um coração voltado para Deus e seus mandamentos, aprendemos que também somos capazes de julgar nossas emoções criticamente e, se necessário, condená-las. Da mesma forma, sob a orientação do coração, também aprendemos a julgar criticamente nossas emoções positivas – se forem boas – e promovê-las.

   Quanto aos impulsos ou “tendências”, se quisermos, o que foi dito sobre as afeições também se aplica a eles. À medida que se inserem na estrutura sensível, deveriam estar sob a orientação da estrutura espiritiva. Tanto os homens quanto os animais têm, de fato, uma noção de estrutura e, portanto, também possuem necessidades ou impulsos (desejos, anseios, inclinações), que os “guiam” e antecedem um juízo sóbrio. Mas a diferença reside no fato de que, no caso dos seres humanos, esses “impulsos” estão, por assim dizer, “incorporados” em nossas deliberações e decisões espiritivas. Essa é a razão por que o homem também é responsável por aquilo que faz com os próprios impulsos. Os impulsos mais importantes são a fome, a sede e o desejo sexual. É muito difícil determinar exatamente quantos impulsos existem e se podemos falar de impulsos separadamente em vez de variantes de um mesmo impulso. Não há necessidade de nos alongarmos com essas questões por enquanto.

   No entanto, por mais que nossos impulsos pareçam de tipo animal, a forma como lidamos com eles, como mencionado, é espiritiva e, portanto, completamente humana –ou, de qualquer maneira, deveria ser espiritiva. Possuímos, naturalmente, um forte desejo de ratificar nossos impulsos, mas também pode ser muito prazeroso aumentarmos esses impulsos. E dessa forma (espiritualmente!) Buscarmos diversas maneiras para aumentar o nosso apetite, mesmo o comportamento sexual não visa a satisfação imediata do desejo sexual pois isso faria com que agíssemos exatamente como animais. Em vez disso, o homem procura, antes de mais nada, aumentar os estímulos sexuais (estimulação sexual). Ele não procura em primeiro lugar, a gratificação. Por causa de sua estrutura espiritiva, o homem tem a capacidade de aumentar e refinar o prazer de gratificação reforçando esses estímulos internos antes de satisfaze-los. E, por essa razão, sabemos algo muito marcante, ou seja, a sexualidade no homem não é apenas –ou principalmente- uma função biológica, e sim algo planejado por Deus para ser a expressão do amor conjugal entre o marido e a esposa. É por isso que é possível, por exemplo, para um marido abster-se de relações sexuais com a esposa se ela estiver invalida ou doente, enquanto ele se dedica a cuidar dela. Ou, para darmos outro exemplo, abster-se completamente do sexo e permanecer solteiro para se tornar um missionário. No homem, portanto, os impulsos estão em um plano infinitamente mais elevado do que no caso dos animais, porque esses impulsos estão incorporados à vida espiritiva do homem. E o que é especialmente importante de se notar é que os impulsos dos humanos estão sob a orientação do coração, que serve a Deus ou a um ídolo.


Coração e Alma - uma perspectiva cristã da psicologia. 

Willem Ouweneel



sábado, 23 de abril de 2022

Desenvolver

 Muitos crentes pensam que lutam contra a tentação quando oram por livramento e esperam que o desejo desapareça. Isto é muito passivo. Sim, Deus opera em nós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade! Mas o resultado é: “Desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor” (Fp 2.12-13). Arrancar os olhos talvez seja uma metáfora, mas expressa uma atitude violenta. O cérebro é um “músculo” que devemos exercitar em busca de pureza, e o cérebro do crente é fortalecido com o poder do Espírito de Cristo. Isto significa que não devemos dar mais do que cinco segundos a uma imagem ou um impulso sexual, antes de lançarmos um contra-ataque violento em nossa mente. Isso mesmo! Cinco segundos. Nos dois primeiros segundos, dizemos: “Não! Saia de minha mente”. Nos dois próximos segundos, clamamos: “Ó Deus, em nome de Jesus, ajuda-me. Livra-me agora. Eu sou teu”. Este é um bom começo. Mas a verdadeira batalha está apenas começando. É uma batalha da mente. A verdadeira necessidade é lançar fora da mente a imagem e o impulso. De que maneira? Traga à sua mente uma contra-imagem que exalta a Cristo e cativa a alma. Lute. Empurre. Ataque. Não diminua o empenho. Tem de ser uma imagem tão poderosa, que as outras não sobreviverão diante dela. Existem pensamentos e imagens que destroem concupiscências. Por exemplo, nos primeiros cinco segundos da tentação, você já exigiu de sua mente que ela se fixasse, com firmeza, na forma de Jesus Cristo crucificado? Imagine isto: você acabou de ver uma moça com uma blusa transparente queo motivou a fantasiar. Você tem cinco segundos.“Não! Saia de minha mente. Ó Deus, ajuda-me!” Agora, exija de sua mente que ela fixe sua contemplação na cruz de Cristo — isto pode ser feito por intermédio do Espírito Santo. Use todo o seu poder de imaginação para ver o lado ferido de nosso Senhor. Trinta e nove chicotadas deixaram pouca carne intacta. O corpo do Senhor se move para cima e para baixo, por causa de sua respiração, sobre a trave vertical da cruz. Cada respiração introduz lascas na carne lacerada. O Senhor ofega. Em alguns momentos, Ele geme, sob a dor insuportável. Ele tenta se mover na madeira, mas os cravos O impedem, travando os seus pulsos e atingindo os terminais dos nervos. Ele geme com grande agonia e procura mexer os pés, para trazer algum alívio a seus pulsos. Contudo,os ossos e nervos de seus pés traspassados se comprimem um contra o outro, com agonia, de modo que Ele geme novamente. Não há qualquer alívio. A garganta dEle está seca por gemer e sentir sede. Ele perde a respiração e pensa que está sufocado. E, de repente, seu corpo suspira por ar, e todas as feridas doem. Em intensa aflição, Ele se esquece da coroa de espinhos de seis centímetros e, em desespero, inclina para trás a cabeça, batendo um dos espinhos perpendiculares contra a trave da cruz, fazendo-o penetrarem sua cabeça. Sua voz ecoa um tom agudo de dor, e soluços irrompem de seu corpo, traspassado e dolorido, enquanto cada gemido traz mais e mais dores. Agora, não estou mais pensando naquela blusa. Estou no Calvário. Estas duas imagens são incompatíveis. Se você usar o vigor de seu cérebro para buscar e se fixar em — com todo o poder de seu pensamento — imagens de Cristo crucificado, com a mesma energia criativa que usa nas fantasias sexuais, você aniquilará essas fantasias. Mas você tem de começar nos primeiros cinco segundos e não desistir. Portanto, a minha pergunta é: você luta, em vez de apenas orar, esperar e tentar evitar? É imagem contra imagem. É um conflito mental, impiedoso e contínuo. Não basta apenas orar e esperar. Una-se a mim neste conflito sangrento, a fim de mantermos o corpo e a mente puros para o Senhor, para minha esposa e para a igreja. Jesus sofreu além do que podemos imaginar, a fim de “purificar, para si mesmo, um povo exclusivamente seu” (Tt 2.14). Todo clamor e suspiro de Jesus tinha o objetivo de matar a minha concupiscência — “Carregando, ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados, para que nós, mortos aos pecados, vivamos para a justiça” (1 Pe 2.24).

John Piper